PÚLPITO NÃO É PALANQUE!
(*) Julio Arthur Marques Nepomuceno
Manifesto a minha indignação em relação aos candidatos que vêm usando o nome de Deus em vão.
Explico: são aqueles que usam seus títulos eclesiásticos ou simplesmente a condição religiosa para ganhar eleitores: "apóstolos", pastores, missionários, bispos, padres, etc, etc...
Entendo que há uma diferença muito clara entre o poder temporal (político) e o poder espiritual (exercido por Deus). Jesus declarou isso de forma clara e inequívoca diante de Pilatos: "Disse Jesus: "O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui". "Então, você é rei!", disse Pilatos. Jesus respondeu: "Tu dizes que sou rei. De fato, por esta razão nasci e para isto vim ao mundo: para testemunhar da verdade. Todos os que são da verdade me ouvem" Evangelho + S. João, 18:36-37.
Por sinal, a grande maioria dos candidatos que já usaram a condição eclesiástica para se eleger participaram dos escândalos de corrupção, de falcatruas, propinas e quejandos, que teriam feito corar um frade de pedra.
Não sou contra a candidatura de religiosos, mas sim do uso de sua condição eclesiástica e do nome de Deus que não deve, não pode ser difamado. Que exerçam a cidadania, mas não misturem alhos com bugalhos. Quer ser candidato, vá para as ruas pregar suas ideias, e não transforme igrejas em chiqueirinhos, em currais eleitorais.
Quem vai em uma igreja, deseja conectar-se com Deus, através de orações, meditações e músicas.
Em relação ao cristianismo, afirmo: sempre que a Igreja aumenta a sua influência no poder político, ela perde em espiritualidade. Já aconteceu em 313, quando Constantino assinou o Edito de Tolerância favorecendo os cristãos. A cristandade deveria ter aprendido com isso, mas continua reincidindo no erro.
Além disso, a Igreja deve PROPOR, e não IMPOR: ou seja, se deseja que seus fiéis tenham determinada conduta, que a ensine aos seus seguidores.
A igreja - qualquer que seja - não deve impor uma conduta através da lei, valendo para toda a sociedade. Afinal, vivemos em um país laico com uma população formada por pessoas pessoas de várias confissões religiosas, cristãs e não cristãs, além de ateus e agnósticos. Respeitemo-los todos! Afinal, todos precisam ser respeitados, independentemente de raça, sexo, cor ou qualquer outra condicionante.
Proponho que não votem nos candidatos que usam sua religião ou sua condição eclesiástica como estratégia de campanha.
Vamos rejeitar essa gente!
Púlpito não é palanque!
Tenho dito!
(*) Julio Arthur Marques Nepomuceno sou eu.