NADA CALARÁ UMA VOZ QUE CLAMA NO DESERTO E RESISTE PELA DEMOCRACIA POPULAR
Nada justifica a permissão da entrada da PM/RJ, no campus central da UERJ, no dia 20 de setembro de 2024.
Nada apagará o erro político crasso da reitora Gulnar e seu staff.
Nada diminuirá o quanto foi incapaz de conter o que parece um fogo cruzado entre bolsonarismo e um "fogo amigo" ressentido.
Gulnar foi inábil no lidar com discentes anarquistas ou o que sejam os minoritários reacionários que ocuparam o campus e encilharam a reitoria.
Gulnar foi inerte ao não denunciar seus opositores, no cerne acadêmico, no meio político, dentro de seu próprio partido e, sobretudo, imperita no enfrentamento a extrema-direita bolsonarista, aliás nesse último aspecto quase toda a Centro-Esquerda se mostra incapaz de enfrentar e derrotar o fascismo.
Camaradas, também conheço a Gulnar, trabalhei com ela no Ministério da Saúde, e isso por si só não quer dizer nada.
Nada justifica o aparato repressivo do Estado dentro de uma Universidade.
Claro, que haverão de ser responsabilizados, todos e todas, do desgovernador bolsonarista, Cláudio Castro, passando pelo ex-reitor, Lodi, líder dos reacionários, até a inepta reitora Gulnar.
Fazer política com veemência ideológica dentro da Esquerda virou destempero?
Glauber agiu em defesa da UERJ, não dos amotinados, nem da reitoria, mas de um campus acadêmico violado pela repressão estatal.
Glauber Braga foi preso arbitrariamente, se houve destempero foi da tropa de choque da Polícia Militar, que deveria no máximo ter ficado no perímetro exterior da UERJ, jamais ter ultrapassado seus portões.
Não digo isso por simpatia política ao PSOL, sou filiado e liderança do Partido dos Trabalhadores, mas por questão de justiça e solidariedade a um combativo líder de um partido de esquerda co-irmão, e mesmo que tenhamos diferenças e divergências, nesse caso UERJ e na luta pela preservação de seu mandato popular na câmara dos deputados federais, estou com o Glauber.
Mas, antes de concluir, quem são os alunos universitários "antisistema"?
Será que são mesmo anarquistas ("graças a deus")?
O mote da amotinação é a manutenção da Bolsa Emergencial Pandemia Covid19, que acabada a emergência epidemiológica os bolsistas estão sendo instigados à luta para mantê-la, na ocupação e no grito, justificados pelo próprio sistema que dizem combater.
Por que querem preservar a "grana" extra nas contas bancárias e/ou nos bolsos?
O capitalismo tem as respostas: pagar seus custeios.
Simples assim: aluguéis, dívidas diversas, e até seus 'happy hours', afinal também são 'filhos do chope', abençoados pelo deus do capital.
Ora, camaradas, o mercado se amotinou na Faria Lima, e destemperado, quer tudo, e para isso ocupou o Banco Central do Brasil e está tacando fogo no Brasil, que aristocracia e elite burguesa "destemperada" é essa, né não?
Trabalhadores organizados, quando ainda tínhamos sindicatos combativos, ocupavam empresas, faziam graves, pedindo aumento e preservação dos empregos, que destempero!
Os alunos da UERJ, certamente pouco politizados, sem liderança discente, sem um DCE ativo, sem presença constante da UNE, que abdicou do direito e prerrogativa de politizar os universitários brasileiros, focaram a resistência pelo dinheiro e tiveram a liderança obtusa de um ex-reitor para isso, jogo oportunista sobre a tutela do utilitarismo, uma fotografia do Brasil atual.
Interessante, amigas e amigos, que ninguém fala e/ou luta por uma UERJ, e toda a Educação Brasileira, emancipadora, politizadora, que avance sob a luz de Paulo Freire, por exemplo, o nosso patrono educador que tanto comemoramos e fazemos referências retóricas, mas ao contrário, se defende bolsas e mais bolsas, "pés-de-meias", bandejões, na crença que educação se faz pela boca e pelo bolso, sem qualquer crítica de que temos que nos alimentar e pagar nossas contas.
Fato é, que a crise UERJ é muito maior do que a espraiada pelos seus campus e campis, posto que é reflexo da Grande Crise na Educação Brasileira, onde temos um ministro de Estado da Educação, que só propõe acessórios, superficialidades, agora quer proibir smartphones, sem ir a fundo no debate e na formulação de uma efetiva política pública para a Educação do Brasil, que se necessário terá que ir para outra Reforma no Ensino Brasileiro.
Fico por aqui, pois creio que já nos entendemos, que nós górdios precisamos desatar, que sistema temos que combater, o quê precisamos mudar, sem polícia, na política, sem truculência, nos debates, e quiçá alcancemos o desenvolvimento sustentável do Brasil Democrático-Popular, que provavelmente precisará de uma revolução popular brasileira para que possamos implementá-lo.
Marco Paulo Valeriano de Brito
Enfermeiro-Sanitarista
Professor e Pesquisador, Gestor Público e Servidor Público Federal Aposentado do Ministério da Saúde do Brasil
Articulista, cronista, prosador e poeta
Coordenador do Coletivo Brasil Democrático-Popular