Nacionalismo Cristão

INTRODUÇÃO

Entre as ideias sobre poder e política, acredita-se que a teologia do domínio e o nacionalismo religioso, em especial o cristão, são muito pouco discutidas. Por exemplo, somente fui apresentado, já octogenário, ao assistir um vídeo sobre teologia do domínio.

O vídeo além de trazer algumas informações sobre fatos nacionais, instiga à pesquisa para melhor entendimento sobre o tema e sobre os fatos. Entendimento que, certamente, aumentará a qualidade em escolhas futuras.

Para tentar facilitar a um entendimento satisfatório, julgou-se eficaz a organização do material pesquisado em seis artigos: este, “Nacionalismo Cristão”; Nacionalismo Cristão Norte Americano I; Nacionalismo Cristão Norte Americano II; Nacionalismo Cristão Norte Americano III; Nacionalismo Cristão Brasileiro I; e Nacionalismo Cristão Brasileiro II.

Para tal, organizou-se “Nacionalismo Cristão” assim: Introdução; Conceitos Relevantes; Teologia da Prosperidade; Teologia do Domínio; Nacionalismo Cristão; e Considerações Finais

CONCEITOS RELEVANTES

Confissão

Para a teoria da Prosperidade tem um dos significados de como é utilizado nas escrituras: é ter fé em alguma coisa, como confessar que Jesus é o Cristo.

O outro sentido, também empregado nas escrituras: é admitir a própria culpa, como na confissão de pecados.

Ecumenismo

É um movimento entre diversas correntes cristãs na busca do diálogo e cooperação comum, buscando superar as divergências históricas e culturais, a partir de uma reconciliação cristã que aceite a diversidade entre as igrejas.

Estado

É estrutura política e organizacional com poder soberano para governar um povo dentro de um território formada pelos seguintes elementos: poder político soberano; povo, organizado em sociedade; território; e ordenamento jurídico impositivo, leis.

Estado é que trata da gestão da vida em sociedade, por meio das funções: políticas (direitos, deveres e relações); executivas (políticas e serviços públicos); jurisdicionarias (litígios); fiscalizadoras (cumprimento da ordem jurídica e regulação estatal); e de defesa da ordem e integridade territorial. Funções organizadas e distribuídas por instituições permanentes, os chamados três poderes – legislativo, executivo e judiciário.

Estado-nação

Estrutura unificadora de a instituição política (Estado) com a unidade cultural (Nação). Forma de organização política dos governos somados às organizações sociais ao seu redor.

É o modelo mais comum e tem diferenças e sua formação na maioria das vezes tem origem por iniciativa da sociedade em movimentos de independência e ou separatistas.

O Brasil é exemplo de um Estado-nação multinacional. Várias nações unidas num único Estado: povos originários, etnias diversas: asiáticas, africanas, europeias e uma etnia resultante de grande e continuo processo de miscigenação (etnia brasileira?)

Evangelização ou Evangelismo

Ensino dos Evangelhos e conformidade com seus ensinamentos. Ou evangelização é contar as boas notícias sobre Jesus para outras pessoas. Consiste na pregação do Evangelho cristão, ou seja, da mensagem de salvação trazida por Jesus de Nazaré, segundo a fé cristã.

Fé (cristã)

Confiança absoluta no cristianismo – é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos disse e revelou por meio de Jesus de Nazaré e que a santa Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria verdade.

Gênesis

Significa origem, nascimento, criação, princípio. Livro Gênesis é o primeiro livro tanto da Bíblia Hebraica como da Bíblia cristã. Descreve a criação da Terra e da vida nela, a queda de Adão e Eva e a introdução do pecado no mundo, a origem da casa de Israel e o estabelecimento dos convênios feitos por um misericordioso Pai Celestial a fim de salvar os seus filhos.

Nação

Grupamentos humanos, cujos membros, fixados ou não em um território, têm sentimento de pertencimento, estão unidos, vinculados por convicção de um querer viver coletivo e compartilhando, muitas vezes, conjunto mais ou menos definido de culturas, práticas sociais, idiomas, entre outros.

Nacionalismo

É uma ideia e um movimento que: defende a nação congruente com o Estado; e que promove os objetivos interesses nacionais. Ocorre que, como existe várias ideias e pensamentos sobre nação e como existe vários tipos de estados-nação, então tem-se várias formas de nacionalismo: nacionalismo étnico, nacionalismo religioso, nacionalismo cívico, nacionalismo integracionista ...

Pode-se citar como características:

Nação como única fonte legítima de poder político

Autodeterminação, governar a si mesmo sem interferências externas;

Subordinação de todos os problemas de política interna e externa ao desenvolvimento e à dominação hegemônica da nação;

Preferência pelo que é próprio da nação;

Exaltação de um povo/nação e das suas características, valores e símbolos;

Construção e manutenção duma única identidade nacional;

Preservação de tradições e costumes; e

Tendência ao isolamento econômico e cultural.

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

Origem

A Teologia da Prosperidade, Confissão Positiva, ou Movimento da Fé teve origem nos Estados Unidos, no ano de 1930. Seu fundador foi o pregador Essek William Kenyon, que exerceu a função de pastor em várias igrejas tradicionais e pentecostais, desligando-se posteriormente. Foi influenciado pelos ensinos de seitas metafísicas como Ciência da Mente, Ciência Cristã e Novo Pensamento, que originou o Movimento da Fé.

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Sua principal doutrinação: Deus criou o mundo pela palavra da fé e todo cristão deve proferir palavras da fé para ter aquilo que deseja.

Foi o pastor Kenneth Hagin que popularizou essa doutrina, cuja expansão teve forte relação com o tele evangelismo e é, na atualidade, um dos maiores movimentos no mundo evangélico. Ele, também, criou conjunto de regras para os cristãos alcançarem seus direitos em saúde e prosperidade financeira.

Conceito

A expressão “confissão positiva”, outra denominação da Teologia da Prosperidade, pode ser legitimamente interpretada de várias maneiras. O mais significativo de tudo é que se refere literalmente a trazer à existência, o que declaramos com nossa boca, uma vez que a fé é uma confissão.

A Teologia da Prosperidade é conjunto de doutrinas e ritos, que desencadearam no pentecostalismo mudanças abruptas de comportamento e no relacionamento destes religiosos com a sociedade, dissolvendo suas tradicionais características sectarista (de seguidor apegado, intransigente) e ascética (do seguidor com estilo de vida austero e refreador dos prazeres mundanos).

Ensina que qualquer sofrimento do cristão indica falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além da prosperidade material. “Evangelho da prosperidade”, para o qual Deus quer que os fiéis estejam fisicamente saudáveis, materialmente ricos e pessoalmente felizes.

A teologia da prosperidade prega que o fiel, a depender do grau da sua fé, pode alterar realidades por meio da palavra. Mas, apresenta outra fonte para alterar realidades, o poder do pensamento.

A fé em Jesus de Nazaré envolve a busca pela riqueza, boas condições de saúde e felicidade;

A visão de mundo do fiel deve ser “vida abundante”, prosperidade, riqueza, saúde...

Pressupõe que a realidade material pode ser alterada por meio de palavras, ou pensamentos, se realizados com fé.

Toda falta de fé, necessariamente, provoca sofrimento, miséria, doença e infelicidade;

Os cristãos, por serem de natureza divina, não precisam dos serviços disponibilizados pela medicina.

O pagamento do dízimo configura uma condição indispensável, para a obtenção de uma vida em abundância e para estabelecer profunda aproximação com Deus.

TEOLOGIA DO DOMÍNIO

Origem

Pode-se afirmar que esse pensar tem origem numa das linhas de interpretação, dos textos bíblicos.

A Bíblia fala de dois povos: Israel e Igreja.

Israel, escolhido pela graça e soberania de Deus no Antigo Testamento, recebeu promessas terrenas, de fartura, riqueza, domínio dos povos, inclusive para o futuro.

Igreja, conjunto dos que creem em Jesus Cristo, constituída tanto por judeus como por gentios (pagãos), ambos convertidos a Cristo, que não receberam qualquer promessa terrena, mas todas celestiais.

No princípio da história, os cristãos interpretaram como sendo a “Igreja” a beneficiária da promessa divina de “domínio do mundo”.

A base bíblica fundamental, alicerce desta teologia, baseia-se na parte do capítulo primeiro do Gênesis, que se refere diretamente ao domínio.

Deus disse: façamos o homem à nossa imagem e semelhança para que domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos e todos os animais selvagens e todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus os criou, macho e fêmea, os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei e subjugai a terra, sobre as aves do céu e sobre tudo que vive se move sobre a terra (Gênesis 1,26-29)

Certamente, existiram durante toda a história ocidental série de movimentos que poder-se-ia caracterizar como “nacionalismo cristão”, como o integralismo católico.

Mas, na atualidade e de forma atuante, a Teologia do Domínio, ressurge nos Estados Unidos, nas décadas de 60 e 70 e nos ensinamentos do teólogo calvinista R. J. Rushdoony, “reconstrucionismo cristão”.

Conceito

A teologia do domínio, também conhecida como reconstrucionismo cristão e, ou teonomia. refere-se a uma linha de interpretação da Bíblia e pensamento teológico sobre o papel da igreja na sociedade. Afirma que o cristianismo bíblico governará todas as áreas da sociedade, pessoais e corporativas.

Um dos seus aspectos mais distintos é que a interpretação bíblica resultou numa espécie de mandato para a administração cristã em assuntos civis, tanto quanto em outros assuntos humanos

Teologia do domínio expressão utilizada por proeminentes autores evangélicos, para denominar um agrupamento de variados movimentos teológicos, que apelavam diretamente à passagem específica no Gênesis.

Movimentos voltados à criação de uma teocracia, onde todos os aspectos da sociedade seriam regidos pela "Lei de Deus" e, ou de acordo com as leis no Antigo Testamento, que governavam os israelitas.

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A Teologia do Domínio, por sua vez, pressupõe que, com o impulso para controlar o mundo, Deus e o diabo se encontram em conflito permanente, nos planos espiritual e terreno. Sendo assim, a tarefa do cristão seria não somente a obediência e pregação dos mandamentos bíblicos, mas também a guerra incansável contra demônios que se manifestam no mundo terreno nas mais diversas atividades humanas.

Características

Inspira a implantação do reino de Deus na terra;

Delega aos cristãos uma santa responsabilidade de recuperar a terra para Jesus Cristo; e

Legitima todo tipo denominação.

NACIONALISMO CRISTÃO

Significado

Esse fenômeno não é novo, mas é crescente.

Trata-se de uma forma de nacionalismo religioso, que se concentra na promoção e na proteção da religião cristã evangélica em uma determinada nação. Isso pode incluir a implementação de leis e de políticas baseadas no evangelismo, a promoção de programas educacionais e culturais e a defesa de práticas e costumes evangélicos, em substituição aos valores democráticos e liberais.

Origem

Na aliança do Antigo Testamento entre Deus e seu povo escolhido, o de Israel. “Nação escolhida”, expressão bíblica que se refere ao povo de Israel, que, conforme a tradição judaica e cristã, foi escolhido por Deus, para ser um povo especial, receber a graça de Deus e ser exemplo para outras nações.

Tem, em grande medida, raízes:

na conversão que Constantino (313) impôs ao Império Romano, que, de pagão, passou a ser cristão. Não foi só Roma que se cristianizou, o cristianismo também se romanizou.

Características

identifica a nação com a vontade e ação de Deus no mundo;

crê que a nação tem um destino único, dado por Deus;

afirma que a nação é definida pelo cristianismo;

confunde identidade nacional e cristã;

identifica o serviço da nação a serviço de Deus";

condena o ecumenismo tradicional; e

promove o conflito entre a diversidade de correntes cristãs.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os protestantes são mais inclinados que os católicos ao nacionalismo cristão. Talvez, devido ao caráter supranacional da Igreja de Roma.

Entretanto, são os cristãos ortodoxos que tendem mais a identificar a fé com os diversos nacionalismos étnicos da Europa. Tendência claramente percebida aos nomes de suas igrejas: Ortodoxa Grega, Ortodoxa Russa, Ortodoxa Sérvia ...

O entendimento que todo tipo de nacionalismo religioso se volta a implantação de teocracias, nas quais todos os aspectos da sociedade são regidos pelas leis de Deus, conduz a se estar de acordo com que as leis dos homens estejam submetidas às leis de Deus. Entretanto, não a essas leis de Deus, de alguma forma recebida, interpretada e transmitida pelos fundadores das religiões e retransmitida, alteradas e adaptadas aos homens. Mas, hierarquicamente submetidas a essas leis maiores, mais gerais, aliás que muitos entendem, como o mais objetivo testemunho da existência de Deus.

Que seriam essas leis maiores? as leis, com as quais todas as outras, ou pelo menos a maioria de um determinado conjunto delas, teriam pontos de convergência. Semelhante a uma das matérias, ou cadeiras, quando se estuda matemática ao bacharelado ou licenciatura, onde suas regras (leis) regulam todas as operações já estudadas nos níveis escolares anteriores: Adição, Subtração; Multiplicação; Divisão; Potenciação; Radiciação; Arranjo, Combinação, Fatoração; Reunião; Intersecção e Diferença de Conjuntos.

Outra ilustração para o que seria lei maior (espécie de constituição universal), seria sobre a geometria das formas, a reconhecida como série de Fibonacci, ou “divina proporção”. Esta série, comprovada pelas medições na maior diversidade de coisas dos diferentes reinos da natureza, chegou à conclusão: coisas diferentes são ligadas por uma proporção comum, igual de suas formas.

O tema terá seu desenvolvimento continuado no próximo artigo, “nacionalismo Cristão Norte Americano I”

FONTES:

Sites: correiodoestado.com.br; cruciforme.com.br; fabapar.com.br; gotquestions.org; ihu.unisinos.br; isidewith.com; jota.info; metodista.org.br; monografias.brasilescola.uol.com.br; paulopes.com.br; periodicos.fgv.br; pt.wikipedia.org; respondi.com.br; revistapucsp.br; umc.org; e unicamp.br.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 17/09/2024
Reeditado em 19/09/2024
Código do texto: T8153442
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