PABLO MARÇAL, O ENGENHEIRO DO CAOS
No livro Engenheiros do Caos, o cientista político italiano Giuliano da Empoli traça o perfil de políticos de extrema-direita da atualidade. São outsiders que, de algum modo, se projetam no protagonismo político, e o perfil deles é dos mais esdrúxulos possíveis. Da Empoli cita o caso de um judeu homossexual, o que lhe fornece legitimidade para criticar os direitos LGBTQIA+ e ser antissemita. Outro exemplo é o de um ursinho Waldo, um personagem fictício que ganhou projeção por diversos ataques a minorias.
É nesse contexto de Engenheiros do Caos que Pablo Marçal desponta como um dos favoritos para ganhar a prefeitura de São Paulo. Pablo Marçal é um coach de internet com métodos pouco ortodoxos. E na disputa pela prefeitura, ele não poderia ser mais baixo, como quando acusou Tabata de ter estudado fora e deixado à míngua seu pai alcoólatra, além de insinuar que Boulos seria cocainômano, sem apresentar nenhuma prova.
E pululam as acusações contra Marçal, de que ele seria o político ligado ao crime organizado, ao PCC. Ele também teve a prisão decretada por crimes cibernéticos de uma organização criminosa, mas não cumpriu a pena. Além disso, um parceiro de seu partido teria trocado um carro de luxo por quilos de cocaína para a venda. E essa é a reputação desse elemento.
Eu já disse uma vez que a cidade de São Paulo é o sepulcro da política, e somente aqui existem as condições para surgir um candidato tão boçal como Pablo Marçal. É muito triste ver São Paulo à beira de ser governada por alguém como esse cidadão. Certamente, após concorrer à prefeitura, o principal objetivo de Marçal será a presidência da República, substituindo o inelegível Bolsonaro. Receosos de que o súbito sucesso de Marçal possa ofuscar Bolsonaro como principal figura da extrema-direita, os bolsonaristas já estão com os dois pés atrás com Marçal. Na minha modesta opinião, Marçal é mais inconsequente e, portanto, mais perigoso do que Bolsonaro. Sua postura aloprada encontra espaço de adesão em um grande público que abraça esse discurso de extrema-direita. Provenientes das redes sociais, eles representam o esgoto do debate público. Sem voz, buscam em um representante alguém que possa falar por eles. E é nesse contexto que surge Pablo Marçal, o engenheiro do caos.
Torçamos para que Marçal seja derrotado na disputa pela prefeitura de São Paulo e tenha seus planos de destruir a cidade e, futuramente, o país, frustados.