Do que adianta?
Alguns tentam justificar o injustificável. Outros ainda tentam lutar. Do que adianta?
As pessoas teimam em entender o Brasil atual pelo pensamento pequeno-burguês, em que a lei a ordem ainda são valores consideráveis. Não percebem que isso já foi surrupiado dessas bandas há muito tempo.
Não há mais estado de direito, democracia, livre-mercado, livre-iniciativa. Isso nunca existiu de fato neste país, que sequer se conseguiu se inserir na onda liberal do Século XVIII. Isso aqui sempre foi um arremedo de modernidade. Mas, agora, a ilusão de que tais ideais poderiam ser buscados não existe mais. O que há é puro suco do socialismo ditatorial, não apenas sob o aspecto institucional, mas também socialmente arraigado.
A situação que vivemos atualmente não veio da noite para o dia. Foi resultado de lenta transformação social e cultural, incutindo nas pessoas a mentalidade socialista. Ninguém mais se importa com direitos e garantias de índole liberal. O que importa agora é o planejamento vindo de cima, o peso do Estado gerindo tudo, por meio de indivíduos e acordos dos mais nefastos. Um povo literalmente adestrado e pusilânime, vendo tudo com aquela indignação bovina de quem não consegue mais se libertar, por vezes até mesmo concordando com essas coisas, embora façam mal aos próprios cidadãos, acabem com a sua privacidade, destruam a economia. Tudo sob os auspícios da "justiça social" e da "democracia".
Por isso os maiores abusos são cometidos e tidos como normais. Um sujeito comete as maiores barbaridades, crimes e o escambau: recebe tratamento privilegiado, pode virar até presidente da república. Fulano descumpre as leis e a constituição cotidianamente: pode virar até juiz da suprema corte. Ciclano defende a censura abertamente em rede nacional, entende que prisões de jornalistas e de congressistas, por opiniões, são justificadas em certos casos: pode ganhar uma vaguinha no maior conglomerado de comunicação do país.
Obrigue o inimigo a se portar nos seus termos, mas não se submeta a eles. É precisamente a tônica do estado ditatorial socialista e da sociedade socialista. Democracia? Nós temos, mas somente para alguns. Direitos? Sim, mas para eles não. Tudo é relativizado em prol do bem maior.
Vejo hoje alguns colegas advogados bradando contra o banimento da rede social "X", suscitando argumentos jurídicos. Tentam explicar que, se a punição é à rede social "X", seria ilegal e inconstitucional proibir o cidadão de usar VPN para a acessar, sobretudo sem uma ordem individualmente expedida a cada um.
O raciocínio é juridicamente perfeito. Isso, aliás, é básico em regras processuais e sob a garantia da intranscendência. Mas uma vez mais indago: de que adianta? Quem vai questionar essa ilegalidade? Quem vai reconhecer?
Impressiona como se insiste em achar ser possível combater uma ditadura com a lei. Não é, a lei já não vale mais nada, é preciso acordar para isso urgentemente.
O Brasil é hoje um grande estado de coisas inconstitucional, está tudo fora da lei, da Constituição e mesmo do mais elementar bom senso. Só que enfatizar isso se traduz apenas em registro para o futuro, a fim de que as vindouras gerações entendam o que ocorreu nesta época, tal como nos serviram os diários de judeus da década de 1930.