"Brasil em brasas"
Semana passada, boa parte do interior paulista esteve coberto por uma grande nuvem de fumaça. A princípio, a mesma era proveniente de vários focos do solo bandeirante, bem como de outros focos dos importantes biomas nacionais: Amazônia e Pantanal.
Lembramos que o nome da nossa nação é originário da árvore Pau Brasil, cuja característica marcante é o caule avermelhado como brasa. A primeira commodity de nossa história enquanto país, encontra-se em extinção, pois foi explorada o quanto pode pelo nosso povo, que por sua vez, não é brasiliense nem brasiliano, mas sim, brasileiro!
É o único gentílico cujo término da palavra termina em "eiro", caracterizando uma profissão, neste caso específico, os "brasileiros" que eram os extrativistas do Pau Brasil.
Mas voltando à temática principal deste texto, o Brasil volta a estar em chamas, e neste quesito, batendo novos recordes. Particularmente, eu tinha uma suspeita quanto ao fenômeno, que parece ir, aos poucos, se confirmando: As mesmas possuem um quê de rebelião, com intuito de desmoralizar o atual governo federal, que por sua vez, se mostra incompetente, de fato, em frear o avanço do fogo que engole nossas florestas e biomas.
A ação parece mesmo ser coordenada, uma espécie de "dia do fogo", suspeita esta que parece deixando de se tornar especulação a partir de duas prisões feitas no noroeste de São Paulo, ambas motivadas por incêndios criminais. O governador do estado agiu certo, de forma inicialmente rigorosa, coisa que o governo federal, aliás, já deveria ter feito.
É fato que Tarcísio não é Bolsonaro, nem mesmo assemelha-se aquele ex-Ministro do meio ambiente que queria "deixar passar a boiada" da questão ambiental em meio a catástrofe pandêmica da COVID 19. Ele é mais inteligente e esperto que a dupla de "brasileiros" citadas acima.
Também é fato que o atual governo federal, apesar de letárgico e incompetente em relação à resolução ou mitigação da questão, é bem diferente do anterior. Lula não estimulou as queimadas, nunca questionou as estatísticas das mesmas, tão pouco demitiu o responsável pelo INPE diante da exposição dos números. É reconhecido internacionalmente pelo discurso pró ambientalista, bem como sua ministra da pasta, Marina Silva.
O problema é que discurso por si só, não resolve. É preciso ações concretas, e elas envolvem investigação e prisões, sejam lá de quem for. É bem provável que os rebeldes ambientais tenham a mesma motivação daqueles que depredaram Brasília naquele fatídico 8 de janeiro. E sinceramente, estão sendo conivente demais com estes criminosos inconformados.
Em relação às prisões efetivas, Tarcísio parece ter largado na frente, e espero que elas não sejam apenas focos isolados e caracterizem de fato, uma possível iniciativa efetiva em relação a questão, se tornando tão abrangentes quanto as fatídicas queimadas criminosas.
O tempo está seco por conta das poucas chuvas? É claro que sim. Mas podem estar certos de que tem gente preocupada em fazer com que o Brasil continue, cada vez mais, em brasas. Preciso dar nome aos bois? Acho que não! Afinal, a boiada sente falta daqueles que lhes queriam deixar com passagem livre. O confinamento se faz necessário, exatamente para que nossos biomas não virem um grande churrasco de fauna e flora...
* O Eldoradense