Realidade brasileira
"Chamam de violento o rio que tudo arrasta, mas não chamam de violentas as margens que o suprimem". Aludindo a esta frase, podemos citar os políticos e o povo. Assim como o rio, os políticos, tal qual num arrastão, fazem uma devassa na vida do povo diminuindo seu poder de compra, limitando suas condições sociais, promovendo a perda da busca pela sobrevivência e, por fim, subtraindo direitos trabalhistas constitucionalmente conquistados, a fim de tapar os buracos por eles provocados nos seus enriquecimentos ilícitos. O povo, margem que é, permanece inerte, assistindo a tudo, como se nada pudesse fazer. Mal sabe ele a força que tem. O rio, quando encontra resistência, aumenta seu volume e sai pelas tangentes, inundando as margens e encontrando caminhos vários, seguindo vorazmente em frente, sabe-se lá para onde. Na política não é diferente. As ratazanas do governo, afanam o que podem e, quando encurraladas, sorrateiramente, como um liso sabonete, escoam-se por entre os dedos da "cega" justiça e, num passe de mágica, desaparecem. O povo a tudo assiste, sem força. Mas a história está mudando. Calcificando seu diáfano esqueleto, a população, ignorando as pedras do caminho, sai às ruas e descobre que tem poder de decisão, que pode lutar por seus direitos e fazer a diferença. Assim como o rio que viaja vorazmente, desde a nascente, rumo ao mar, o povo, agora consciente da força que tem em suas mãos, enfrentando e superando emboscadas e artimanhas para tirá-lo do caminho, também segue seu destino rumo a um futuro promissor. Uma grande jornada começa com o primeiro passo! O bilhete está nas mãos, resta à Nação fazer uma boa viagem.
Ranon de Amorim Machado