O golpe militar e Jair Bolsonaro
Míriam Leitão foi cirúrgica ao dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro protagonizou uma série de atitudes que minaram os pilares democráticos do Brasil e reavivaram os horrores da ditadura militar. Em seus discursos e ações, Bolsonaro não apenas defendeu abertamente o regime autoritário, mas também exortou os quartéis a celebrarem um período marcado por violações dos direitos humanos e pela supressão das liberdades civis. Para além disso, é fato que Jair Bolsonaro incentivou fervorosamente seus seguidores a demandarem nas ruas a implementação de medidas antidemocráticas, chegando ao ponto de evocar o fantasma do infame Ato Institucional nº 5 (AI-5), símbolo máximo da repressão durante os anos de chumbo. Sua retórica inflamada e sua postura beligerante não apenas polarizaram a sociedade, mas também alimentaram um clima de intolerância e retrocesso político. Não contente em exaltar um passado sombrio, Bolsonaro foi ainda além ao homenagear publicamente torturadores, desrespeitando a memória das vítimas e glorificando os algozes. Sua gestão, marcada pela erosão das instituições democráticas, atraiu para seus desígnios políticos lideranças militares, que deveriam zelar pela democracia e pelo Estado de Direito. Nesse contexto, não é surpreendente que o atentado ocorrido em 8 de janeiro tenha sido percebido como um desdobramento desse clima de hostilidade política e radicalismo. O objetivo claro era impedir que o presidente Lula assumisse o cargo, num ato de desespero para manter-se no poder e perpetuar uma agenda antidemocrática. Ironicamente, Lula, um símbolo da luta pela democracia e pelos direitos dos mais desfavorecidos, tornou-se alvo desse ataque à liberdade e à justiça. Sua trajetória pessoal e política, marcada por lutas contra a opressão e pela promoção da igualdade, contrasta com os valores autoritários e excludentes representados por Bolsonaro. Diante desse cenário, é crucial que Lula e todos aqueles comprometidos com a defesa da democracia e dos direitos humanos se levantem contra o esquecimento e a complacência. É preciso reafirmar, com veemência, os princípios fundamentais que regem uma sociedade democrática, repudiando qualquer forma de autoritarismo e violência política. O Brasil não pode permitir que os erros do passado se repitam, nem que a chama da esperança e da justiça se apague diante das ameaças à sua democracia.