A DIFERENÇA entre ESQUERDA e DIREITA
O jurista e filósofo italiano Norberto Bobbio tem um livrinho chamado ‘Esquerda e Direita’, no qual ele estabelece a diferença entre ambos.
Para ele, a diferença entre os dois grupos não é apenas ideológica, mas de visão de mundo e como cada grupo enxerga a justiça social.
Bobbio argumenta que a esquerda historicamente esteve associada a ideias de igualdade, progresso social e preocupação com os desfavorecidos, enquanto a direita tende a valorizar a tradição, a autoridade e a ordem estabelecida.
A esquerda acredita na estruturação de um Estado para, com sua intervenção, equilibrar a desigualdade social.
Já os direitistas apregoam que a livre iniciativa, sem muita regulação do Estado, proporcionaria uma sociedade mais opulenta, ainda que provocasse desigualdade social.
O que podemos notar é que hoje há uma extrema-direita anti-globalista, indo contra uma fase crucial do avanço do capitalismo. Portanto, é uma contradição.
Outra contradição da extrema-direita é que eles falam em valorização do Nacionalismo, mas hoje há claramente uma "Internacional" da extrema-direita pelo mundo, como Giorgia Meloni na Itália, Marine Le Pen na França, Netanyahu em Israel, o partido CHEGA em Portugal de Ventura, Erdogan na Turquia, Viktor Orbán na Hungria, Trump nos Estados Unidos, Milei na Argentina e Bolsonaro no Brasil.
Como se observa, a ascensão da extrema-direita autoritária ocupou o espaço que antes era do comunismo, que hoje em dia já não existe mais em lugar algum. Mas o perigo da extrema-direita nunca foi tão real.
Como se vê, a extrema-direita é um movimento internacional muito influenciado pelo teórico Steve Bannon, cujo braço no Brasil era o porno-filósofo Olavo de Carvalho.
Apesar de as explicações do professor Norberto serem conclusivas sobre direita e esquerda, eu prefiro o exemplo poético do professor e filósofo Gilles Deleuze.
Ele tem uma opinião muito bonita sobre o que é ser de esquerda. Ele usa a imagem de um círculo em gradiente, e no último círculo do gradiente está a consciência de que não é possível alimentar-se opulentamente sem ter em vista que há pessoas passando fome no mundo, que não é possível construir uma casa sem ter em mente o impacto no meio ambiente, que não posso usufruir do meu convênio de saúde sem saber que há pessoas com a saúde debilitada que dependem de ajuda para conseguir saúde. Conforme o gradiente vai chegando no centro, há o egoísmo, a competição exacerbada, a busca incansável por bens materiais sem levar em conta o próximo. Então, o filósofo conclui que quanto mais perto do centro você está, mais de direita você é. Sob essa ótica, então, me considero de esquerda.