"Sobre o ato pró Bolsonaro na Paulista"
Ontem, na Avenida Paulista, principal logradouro econômico deste país, Jair Bolsonaro reuniu mais uma vez seus adeptos, como faz, aliás, desde que tomou posse da Presidência da República, em 2018. De lá para cá, já são 6 anos, quatro deles exercendo o executivo e outros dois consolidando o seu nome como principal oposicionista a Lula, que o venceu no pleito de 2022 por uma margem apertadíssima de diferença. Apesar de reconhecidamente popular, é fato que Bolsonaro conseguiu a façanha de ser o único presidente que não teve êxito em duplicar o mandato após a emenda da reeleição, o que também o torna um mito - Até a Dilma triunfou, neste quesito!
Estimativas controversas indicam que estiveram no evento de 180 mil a 700 mil pessoas, e quaisquer números são significativos, longe de serem desprezíveis. O Raio X das imagens mostra que o público fiel ao ex presidente parece não ter diluído, ou, se aconteceu, regrediu pouca coisa.
A manifestação teve um tom obviamente mais moderado: Depois daquele vandalismo inadmissível ocorrido em 08/01/23, Bolsonaro suplicou aos seus eleitores que não espalhassem o evento para o restante do país, bem como não carregassem faixas e cartazes que desmoralizassem as instituições democráticas brasileiras. Na verdade, o inelegível Bolsonaro pareceu estrategicamente mais contido, no intuito óbvio de evitar a prisão sob acusação de Golpe de Estado.
O organizador do evento, o midiático pastor Silas Malafaia adotou um tom mais incisivo, como quem pedisse prisão futura.
Olha: quem tanto pede, é atendido! Independente se a liderança é religiosa ou política, basta correr às margens das leis do Estado Democrático de direito para se tornar a bola da vez no bilhar do STF.
Foi um evento claríssimo para tentar evitar prisão: Choro de Michelle e até mesmo o pedido de "anistia" para os golpistas de 08/01, o que é contraditório, desmentindo totalmente aquela teoria absurda de que a quebradeira tivesse sido promovida por "infiltrados".
A curiosidade mais excêntrica ficou em torno do grande número de bandeiras de Israel, motivadas pela frase desastrosa de Lula e clamando por um patético pedido de impeachment do atual presidente.
Bolsonaro está inelegível e dificilmente esta condição será revertida até 2026. Se estiver livre até lá, pode encampar um nome para substitui-lo enquanto principal opositor, algo que gire em torno de Romeu Zema ou Tarcísio de Freitas, ou até mesmo, numa hipótese não desprezada, Michelle.
Os números são robustos? É inegável que sim, mas se relembrarmos que Bolsonaro perdeu o pleito de 2022 mesmo diante de tantas mobilizações, perdem parcialmente o poder decisivo . Inclusive, na cidade onde ocorreu o evento ontem, Lula venceu o ex-presidente nos dois turnos. A única certeza é que a polarização segue mais viva do que nunca...
* O Eldoradense