Damares Alves, exploração sexual de crianças na Ilha de Marajó, Aymeê Rocha. E os yanomamis. E os fazoeles.

Há um pouco mais de um ano, ainda sob o governo Bolsonaro, a então ministra, hoje senadora, Damares Alves falou, enérgica, veemente, emocionada, de casos de abusos sexuais de crianças na Ilha de Marajó. Bastou suas palavras ganharem corpo, que elevaram-se vozes indignadas a lhe difamarem de tudo quanto é nome, de espalhadora de mentiras; e até pediram-lhe a cassação do mandato de senadora antes mesmo de ela o assumir. Voltou-se contra ela gente poderosa, artistas, e outras gentes, comuns, direi, que lhe dispararam na cara deboches, chacotas e xingamentos, a transparecerem desprezo pelos evangélicos, preconceitos pelos cristãos.

E hoje, após uma canção, Evangelho dos Fariseus, de Aymeê Rocha, ganhar mundo, volta o assunto à baila.

A exploração sexual de crianças é questão da qual muito se fala, e ninguém há no mundo que, em sã consciência, declara ser inexistente o crime contra crianças. Pergunta-se, no entanto, porque se toma de antemão como inverídica a denúncia de crimes contra crianças na Ilha de Marajó?! Por que se diz que foram dadas levianamente notícias a respeito?! Por que se diz que não se pode tratar do assunto, assim, abertamente, em público, sem que o caso não esteja nos interiores dos tribunais?! Damares falou dos crimes contra as crianças, e voltaram-se contra ela. Achincalharam-la. Vilipendiaram-la. Cabe perguntar quantas pessoas poderosas abusam sexualmente de crianças, quantas estão envolvidas até o pescoço com tráfico sexual de crianças. Muitas, é provável. A reação às palavras da hoje senadora Damares Alves - e também ao filme Sound of Freedom (Som da Liberdade) - prova que há muita gente a querer conservar o assunto embaixo do tapete. Chama-me a atenção o silêncio dos fazoeles a respeito. E a dos isentões também, não posso me esquecer deles. Fazoeles e isentões, irmãos siameses.

E os yanomamis estão a morrer no governo do tal Éle. O amor pelos yanomamis, declarado pelos fazoeles, vê-se, era apenas retórica política que servia para difamar o odiado Bolsonaro, e não sincero, autêntico - fosse diferente, os fazoeles estariam, hoje, esbravejando, contra o atual governo, com igual energia que os impeliram a cuspirem contra o governo anterior. E digo mais: fossem os fazoeles coerentes com os valores que dizem defender, estariam, hoje, a condenar o descaso do governo com as crianças do Marajó, e com os yanomamis, e com a floresta amazônica, e com o cerrado, e com os atingidos pelas enchentes no Sul, e com as famílias dos policiais que criminosos assassinaram, e com os países amigos, e com os ajudantes gerais, e com...

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 24/02/2024
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