TEMPUS VERITATIS - cap 2
Como havia dito que já posso cunhar o termo "decifradores de mistérios da desigualdade" em relação aos pensadores, que assim como eu, tentam entender o enigma da falta de alteridade, e faço isso, me colocando à luz da Filosofia e da História.
"Nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão par ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva , o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em qualquer outro lugar".
Acima está um discurso descrito na obra de Michel Foucault: A microfísica do poder, lá, o filósofo analisa "a verdade," a partir da PRÁTICA CIENTÍFICA. E já que falamos de verdade, lembramos da objetividade de uma área além da física: a metafísica, que foi utilizada na práxis de Karl Marx, especialmente quando ele se preocupou com o conceito de "valor" ao escrever "O capital".
"O homem é um animal que valora", disse Nietzsche, outro filósofo.
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará, importante pensamento de Jesus Cristo.
A verdade, na verdade, é produzida através de rituais. Há instrumentos apreendendo a verdade em sua geografia do conhecimento nestes tempos contemporâneos.
Esquirol ou Freud? A natureza, ou a cela? qual a melhor verdade, qual a melhor representação a ser utilizada, ou subutilizada no caso particular da dita "loucura"?
Há relações de poder-saber "das verdades absolutas" em várias instâncias. No campo da medicina, por exemplo, elas ficam nítidas. Doente e paciente mantém um relação de servo/vassalo, e isso na psiquiatria ocorre notoriamente. Já tive a oportunidade de assistir a tal teatro, que na verdade ocorre dentro do palco da dependência. Triste representação do saber-poder que aprisiona.
Verdades produzidas pelo poder, e médicos imaginando serem deuses, em sua produção de verdades tresloucadas, advindas de humanos. Submissão, corpos dóceis em um balaio de cidadãos sem direitos.
O que é loucura, ou não loucura?
O que é verdade, e não verdade?
Talvez Erasmo de Roterdã, ou Aristóteles possam nos responder...antes ou depois de linhas vermelhas, ou descoloridas...