“Perdão pode aliviar quem o dá; mas pode pesar para quem o recebe.”

 

Perdão não é Deus quem deve dar,
Pois Ele não é o titular desse juízo.
Quem deve ter o poder de  perdoar,
É a pessoa que suportou o prejuízo.                             
Deus não provê perdão a ninguém,
Pois contra Ele nenhum mal é feito.
Ele é imune a todo mal e todo bem,
E para Ele nem existe esse conceito.
 
Mais não fosse, porque iria nos dar,
Poder de escolher o certo ou errado
Se isso não vai pesar no julgamento?
E quem não passaria a vida a gozar,
Se o mal que ele fez fosse perdoado
Sem prover nenhum ressarcimento?

 

O soneto acima transcrito sugere que a competência para prover o perdão não é de Deus, mas sim da pessoa que sofreu a ofensa ou suportou o prezuízo. E está certo. Deus não tem nada a ver com as nossas mazelas, as nossas brigas e guerras. É a própria Bíblia que autoriza esse pensamento. Afinal ela diz que depois de fazer o casal humano Deus descansou. Porque, a partir daí, tudo que acontecesse com a Criação seria de responsabilidade do próprio homem, como resultado das suas próprias escolhas.

O Papa é humano e pór isso ele perdou a agressão que o aloprado presidente da Argentina lhe fez durante a campanha. Milei fez bem em pedir perdão pela idiotice que cometeu. Não porque tivesse medo de uma condenação papal como acontecia com os reis de antigamente, cujo maior temor era a de uma excomunhão. Isso, para eles representava uma verdadeira pena capital, não porque acredissem que o Papa tinha as chaves do céu, mas porque ele era o principal personagem da cena política mundial e a sua reprovação significava uma verdadeira exclusão do excomungado.  Hoje o Papa não pode tanto, mas ainda continua sendo uma liderança cuja opinião pesa muito no conceito mundial, pois ainda é o líder espiritual de mais de meio bilhão de pessoas.

Nesse mister, Milei está sendo mais inteligente do que Bolsonaro foi. Está descobrindo mais cedo do que se esperava que bravatas de palanque nada servem quando chega a hora de governar de verdade. Ninguém governa sozinho e aliados não se cooptam com agressão. 

O seu pacotaço não passou no Congresso e ele vai ter que negociar. Por isso já está tentando fazer as pazes com os peronistas, principais alvos dos seus ataques na campanha. Ao Papa, a quem tachou de imbecil, representante do demo, comunista e outras "cositas mas", ele pediu perdão e arrego.

O Papa é pop e perdoou. Isso é bom porque o povo argentino deve ter se sentido muito mal em ver a sua principal figura internacional sendo agredida assim pelo seu presidente. 

Essa é uma boa lição para políticos metidos a valentões que gostam de fazer bravatas. Não cuspa para cima que na cara cai.