DADO ÀS CRIANÇAS, NEGADO AOS SÁBIOS
DADO ÀS CRIANÇAS, NEGADO AOS SÁBIOS
Via de regra, dentro de cada um de nós, vez por outra, um vazio nos invade a alma, quando nossa razão não é suficiente para nos dar as respostas que desejamos. Isso se traduz pelo distanciamento de uma relação que se faz necessária com o Criador. Não sendo suficiente, nossa razão, por nossa própria natureza é suscitado uma resposta espiritual, e então dela nos recorremos. Ó, Senhor! Isso ocorre com qualquer pessoa em determinados momentos da vida. Pois não somos auto suficientes, mas auto dependentes. Portanto, vulnerável, por não ser onipotente - carecemos de Deus. Diferentemente de uma criança que, mesmo depois de uma correção do pai ou da mãe, ainda em lágrima, se resolve, sendo capaz de sorrir. “Foi dado às crianças, negado aos sábios”. Foi Jesus que disse isto! Em outra ocasião, Jesus outra vez adverte aos adultos: “Deixai vir a mim as criancinhas, porque das tais é o reino dos céus.” Ainda, em outra ocasião, Jesus volta a advertir: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.” Por fim, em uma oração de louvor, diz Jesus: “Eu te louvo, ó Pai, pois ocultastes estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque te aprouve.” (Mt.11.25-26) Que conclusões tirar desta relação de uma criança com o pai; que conclusões tirar da relação de um adulto com Deus? A criança na sua adversidade, quando apanha do pai, chora, fica triste, se arrepende, e logo se volta de bem com o pai. No entanto, não é o que acontece com uma pessoa adulta, cheia de razão, que se apoia na sua auto suficiência. Em vindo as advertência imposta pela vida, se rebela, se isola, sente a sua miséria, e quando não se rende, reconhecendo a sua pequenez, não se humilha perante Deus, se permite adentrar no vazio da sua ignorância - num beco sem saída. A criança, recebe a advertência, mas não desiste do pai. Aquele que se julga auto suficiente, à luz de sua razão não atendida na sua fossa, cava seu próprio abismo. Quando não cedemos, caímos no vazio, e em muitas vezes em um estado de morte. Há um pelo indescritível da alma. Não se trata de um fenômeno que vai além do desconhecido, a alma anseia pelo poder de sua própria natureza em Deus. Luigi M. Rulla, na sua antropologia da vida cristã, bem definiu este sentimento - “todo ser humano é vocacionado a buscar a Deus”. Assim, quando não, imbuído de uma resposta sobrenatural, grita, chora e canta, corre, salta e pula, se adentra a uma densa floresta cheia de espinhos, tentando encontrar um clarão. Num repente, se dá com as flores, com os besourinhos foleados a ouro, se prostra ao chão, se rende ante as formiguinhas cortantes, que se comunicam entre si, distribuindo as cargas maiores que seus próprios corpos. O caminhante vagabundo, tão logo encontra as respostas para sua existência, e a vida lhe é devolvida pelo simples contemplar da criação. Descobrindo que a vida está em Deus o Criador, desde os pequeninos bichinhos, as árvores, flores e frutos. Na natureza Deus se revela aquele que o busca na sua fraqueza. Desta forma, uma criança tem sempre um coração puro, sendo capaz de entender seus limites e até onde pode ir sozinha. No entanto, os que se apoiam na sua sabedoria e conhecimento, uma vez não encontrando resposta na sua razão, acabam caindo no seu abismo.