OS MEANDROS DO GOLPE

OS MEANDROS DO GOLPE

Carlos Roberto Martins de Souza

O ministério de Jesus causava um grande alvoroço, sua maneira de “governar” o povo que o seguia, deixava as autoridades e seus adversários perplexos, havia um movimento que não aceitava a sua liderança, pois suas formas de administrar conflitos batia de frente com a elite do Império Romano. Na ultima ceia, onde todos estavam juntos, Jesus acusou, com veemência, com a mesma gravidade, e na mesma frase, dois de seus discípulos. Ambos cometeriam crimes graves previstos por Jesus, ele avisou que o código de conduta seria violado e todos precisavam saber. Judas Iscariotes caiu em si, ele condenou a si mesmo. Pedro também caiu em si, depois de negar por três vezes tudo aquilo que acreditava. Ele conseguiu, com humildade, superar seu erro, sua falta de caráter. Já Judas não teve o mesmo destino, pois, envergonhado com sua atitude, se enforcou. A combinação da ganância com a presunção fez de Judas Iscariotes, o Influencer dos avarentos. Um dizia não conhecer Jesus, com quem caminhou por longas jornada, o outro, fingiu ser amigo para ganhar a confiança do grupo. Depois de trair Jesus, abalado com toda a repercussão do caso, vendo o estrago que causou, com o líder, Cristo, sendo tratado como escória da humanidade, Judas Iscariotes, arrependido, gravou um vídeo dizendo que “foi mal interpretado”, pedindo desculpa a quem se sentiu ofendido e afirmando: ”Quem me conhece sabe que tenho bom coração, que não cometeria um ato desta natureza". Disse que teve até os pés lavados pelo amigo. O sentimento fingido de culpa precisava ser exposto, pois a concorrência o acusava. Segundo ele, havia uma perseguição por parte dos discípulos, e que tudo seria esclarecido. Disse que é amigo de Jesus de longa data, que era o homem de confiança, que não vendeu, apenas trocou o amigo pelas moedas, pois estava apertado com as contas. Disse ainda que tudo não passa de intrigas da oposição. Que a seu tempo, tudo seria esclarecido e que teria o nome limpo. Pego com trinta moedas de ouro, ele tentava se passar por santo. Judas “amava” Jesus, mas via na política a única forma para triunfar. O Sinédrio queria o Reino do Céu, Roma queria o Reino da Terra. Ele se associou ao governo com a promessa de um alto cargo na corte, naquele momento Jesus era coisa secundária, sem futuro. Sem levar em conta a repercussão de seu traiçoeiro gesto, fingindo ser um “crente” de confiança, Judas faz da sua fé uma moeda de troca com a politica. O estrago foi feito, a cruz foi o fim de todo um “golpe de estado” tramado por gente que parecia ter compromisso com a verdade e com os princípios religiosos, éticos, morais e cristãos. Parecia! Hoje, um ano depois da baderna de 8 de janeiro, há os que se enquadram no descrito acima, muitos inclusive, evangélicos de carteira assinada. São os Judas do século XXI vendendo a igreja, o evangelho, o cristianismo e a honra ao estado e a um pseu-lider “CRISTÃO. O que se sabe, e os fatos não negam, é que os “aliados” de Cristo resolveram trazer de volta as cenas da traição de Judas, e aos milhares, vestindo o uniforme do Império, decidiram trair Jesus, fazendo dele moeda de troca no mundo político. Para isto, mentiram e mantem descaradamente, usam das ciladas mais vis para tentar emplacar um cidadão sujo, covarde, nojento, sem escrúpulos e mentiroso, como o melhor homem do mundo. O convívio com pessoas que mentem é difícil e desinteressante, é frustrante, pois o mentiroso não tem por hábito, conviver de forma civilizada com a verdade. Não escondo a aversão que tenho a essas pessoas, que não titubeiam em dizer, por exemplo, que vão à praia todo ano, mas que nunca saíram do bairro onde moram. Mentir é rotina na vida delas. Tenho muito cuidado com as coisas, pois quem se junta aos abutres, carniça come, e fede! A combinação da ganância com a presunção, fez de Judas Iscariotes, o Influencer dos avarentos. Hoje, crentes presunçosos tentam, de todas as formas, influenciar as pessoas, tentam manipular a verdade, tentam subornar a fé dos menos esclarecidos, tudo com o objetivo de entregar Jesus aos carniceiros, aos aproveitadores, aos políticos disfarçados de cristãos. Os novos negociadores do Cristo não se enforcam depois de vendê-lo, pelo contrário, comemoram com churrasco e com muita festa. O 8 de janeiro expôs os Judas modernos na vitrine da criminalidade, pior, fizeram exposições itinerantes, eles eram vistos com facilidade dentro dos templos, nos cultos, nas rodinhas de irmãos de fé, todos exercitando a traição na concepção da palavra. Judas, lá no passado, usou o ganho financeiro de olho na política, os Judas modernos, tentaram usar o ganho político de olho no dinheiro. Ou ter milhões em dívidas perdoadas por votar em determinado candidato não é uma troca? Judas era, na verdade, ambicioso, mas seu discurso, diga-se de passagem, interesseiro e oportunista, certa vez foi politicamente correto, social, em favor dos pobres, ele repreendeu o uso de um nobre produto quando a irmã de Lázaro derramou perfume precioso sobre os pés de Jesus. Era tudo fachada, tudo fantasia. A teologia de Judas Iscariotes é perfeitamente compatível com essa prática moderna, adotada pela igreja evangélica hoje, de ficar ao lado dos "vencedores" deste mundo, em vez de ficar com o crucificado. Vencido pela ambição e pelo desejo político de ver a região da Palestina livre da dominação romana, Judas aceitou trinta moedas de prata para mostrar aos soldados de Herodes quem era o ‘salvador. Tudo como hoje, exatamente na mesma proporção. Os meandros do golpe de 8 de janeiro trouxeram à luz os porões da igreja evangélica e suas trapaças políticas. Pois bem, o que talvez os apóstolos da modernidade não lembram, é que por ter amado o dinheiro mais do que a Cristo, o homem da bolsa teve um fim trágico. Pense nisto!

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 27/01/2024
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