A FESTA DA JUMENTOCRACIA

A FESTA DA JUMENTOCRACIA

Carlos Roberto Martins de Souza

Ufa! Um ano sem otários nas ruas, um ano sem “talkey”, “porra", “caralho". E pensar que os patriotários promoveram, em quatro anos de governo do Boçal Nero, o maior evento cultural político de todo o país, algo nunca visto no período pós ditadura, uma “festa de arrombar” palácios e gabinetes, o “Grand Prix Jeguístico”, que na concepção original, era para ser para sempre. Os organizadores queriam se perpetuar como donos dos direitos autorais da referida comemoração. Neste período eles construíram um gigantesco “JUMENTÓDROMO", com capacidade para milhões de jumentos, e com uma estrutura inovadora, invejável, mas ineficiente. O cabeça do projeto, não tinha cabeça, era um animal acéfalo que se guiava por outros seres estranhos. Com o tema “Sua Parte Parte de Você”, o festival marcaria o retorno do Brasil ao passado negro, velhos criadores de jumentos, banidos do mercado por comportamento inadequado, planejavam uma volta triunfal. Mas o resultado foi dramático, pois não tinham alvará da Secretaria de Meio Ambiente, e os animais não eram vacinados, era uma atividade clandestina, cercada de irregularidades. O final antecipado da festa foi no dia 8 de janeiro de 2023, nos jardins do Três Poderes em Brasília. Antes, porém, na frente de um quartel, foi montado um local adequado, que se identificava com os frequentadores. Para os amantes do churrasco tem o “BAR DO CUPIM", para os bolsonaristas tinha o “BAR DO CAPIM", onde se servia os mais variados pratos derivados do produto. Era um confessionário psicológico para frustrados. Lá, além de saborear capim nas suas mais variadas formas, os frequentadores ainda participavam de palestras sobre comportamento animal e psicologia do jegue. Também eram oferecidos gratuitamente, serviços de reparo de ferraduras, podólogos, pintura de cascos, corte de crina, cruzamento de espécies, massagens e “Spa” com sauna e relaxamento. Com programação extensa e uma variedade de eventos, no dia marcado, a tropa saiu para o desfile. Iriam participar da “JECANA", uma disputa para ver quem era o jegue mais jegue do grupo, também tinha a luxuosa “Jegue Fashion”, um desfile de jegues a caráter, nele um corpo de jurados formado por “Pastores”, escolheria o representante da classe religiosa. Além destas diversões, tinha o “Troféu Cangalha de Ouro”, um prêmio oferecido ao melhor de montaria, e só políticos aliados ao patrocinador do evento podiam montar. Para os apaixonados, aqueles jumentos com pedigree, tinha a "Expo Jegue", nela os presentes poderiam conhecer toda a linhagem de asnos da pecuária bolsonarista. O ponto culminante do evento foi a “Corrida de Jumentos”, cerca de quatro mil animais participaram do mega evento, todos fantasiados de verde amarelo, enrolados em bandeiras, na testa carregavam uma bandana com a frase clássica “O Jumento é Nosso Irmão”. Alguns, com vergonha, pois foram levados à força, escondiam o rosto, mesmo sendo avessos à máscara. Para animar a festa, tinha o “Jegue Elétrico”, um caminhão de transporte de animais, adaptado para eventos, de onde o “Trio Jegues do Planalto” formado pelos astros Magno Malte, Eduardo Chifrão e Dá Mares Alves comandaria o desfile. A manchinha que animava o rebanho era “Toca o Pau no Jegue", cantada por toda a multidão. Depois de tudo, o “Culto do Jegue" seria celebrado pelo famoso adestrador de jumentos, o Rei do Gado, Silas Mala Cheia, na praça da Catedral, em agradecimento pelo sucesso do evento. Tava tudo ensaiado, era para ser um acontecimento histórico, um marco na vida do rebanho. Durante quatro anos eles foram alimentados com as rações “Bozo", fabricadas à base de composto de Óleo de Ódio, combinado com Fake News, o que causou sérios danos aos animais. A “Orquestra de Jumentos”, comandada, à distância, pelo maestro Jair Carabinevsky, um músico chegado numa carabina, mantinha o compasso do desfile. O arremate seria com a coroada “Cavalgada do Jumentos”, em homenagem à Senhora Ditadura, e aos rebeldes militares. Iniciando o “Grand Prix Jeguístico”, a tropa saiu do controle, eles queriam mostrar que jumento bom é aquele que dá coice até para frente, partiram em fúria sobre tudo e sobre todos, quebraram cercas, invadiram ambientes, destruíram tudo que viam pela frente, era o estouro da manada. E ai passaram o “Atestado de jumentalidade”, fizeram tudo, literalmente tudo errado. Eram burros demais, alguns empacaram, só sabiam zurrar. Outros pareciam adestrados de tão repetidos os seus atos, eles vibravam e mostravam os dentes, pareciam vindo da África, eles davam coices na sombra deles, outros mordiam pedaços de pano, dependendo do tamanho da raiva que o eles carregam dentro de si. Jamais, na história do Brasil, se viu tanto jegue junto fazendo tanta merda e causando pânico, e mais grave, a população e o povo assistia, atônitos, a maior explosão de manada já registrada. As cenas foram chocantes, mostradas ao vivo para o mundo, causaram espanto em todo o planeta. Centenas deles não terminaram a prova e precisaram ser recolhidos para o confinamento num curral do em Brasília, outros tantos, mesmo escapado das autoridades, estão sendo caçados pelo Xerife Xandão, o Rei dos Rodeios Eleitorais. Passados alguns meses, os donos das fazendas políticas criaram a “Frente Nacional de Defesa dos Jumentos”, um grupo político que estava por trás de tudo, eles estão trabalhando, com afinco, para ver se tiram os jumentos do confinamento. E as autoridades já dizem: “Se nós soubéssemos que o coice ia ser tão forte, tínhamos jogado o capim mais longe”. Aos poucos, com Polícia Federal vasculhando os pastos, jumentos com ou sem pedigree estão sendo encontrados, eles vão pagar caro por tentarem transformar o Brasil num latifúndio do agronegócio de Jair Jumento Broxonaro. No Brasil de hoje, o sujeito navega nas naus da Internet, onde as mentiras se sedimentam, onde a idiotice têm andado junto com o oportunismo, pautando a agenda política do País. Afinal, pode-se combater o problema, mas só eliminando a humanidade para demovê-lo de todo, como na história do suicida que se mata, não porque quer morrer, mas porque deseja erradicar algo de si que o incomoda.

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 22/01/2024
Reeditado em 23/01/2024
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