Policial assassinado, saidinha e magistrados.
Os brasileiros soubemos, os brasileiros que não nos dobramos à alienação vigente e ao conformismo proverbial do ser brasileiro e não nos limitamos a nos informar (informar?!) pelos canais convencionais de informação (que, se informa, informa irrelevâncias quaisquer com o propósito de não permitir que ninguém jamais se informe - em outras palavras, enche de minhocas e carambolas a cabeça de todos os desavisados que a ela recorrem para, acreditam, se informarem -, e quanto menos informados se fica mais informado acredita que se está), os brasileiros, prossigo, soubemos de Jéssica Canedo, que, após vir a saber de uma publicação de uma página de fofocas (Choquei, uma das agregadas da Mynd8, agência digital que administra inúmeras páginas de internet e que tem no seu time figurinhas carimbadas que o povo, em anos recentes, aprendeu a desprezar), publicação mexeriqueira, que a dá como um affair de um não sei quem famoso, e, após informá-la de que com ele nenhuma relação possuía, e por ela ser desprezada, a sofrer de depressão, mata-se (caso, este, dramático e trágico, que trouxe à tona um esquema de influenciadores digitais de pôr de cabelos em pé todos que dele tomamos conhecimento - e nos estarrecemos, indignados com o desrespeito dos responsáveis pela Choquei, e boquiabertos ficamos ao vislumbrarmos as dimensões da Mynd8, das suas conexões com o governo brasileiro, com empresas e com artistas e do poder que acumulou em tão pouco tempo, e nos incomodamos com a desfaçatez das personagens no caso envolvidas, com o silêncio cúmplice da mídia, e de políticos, e de homens da área jurídica), os brasileiros, prossigo, soubemos, há semanas, do trágico fim de Jessica Canedo, e há poucos dias soubemos de outra história trágica, a do assassinato, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, de um sargento da Polícia Militar mineira, Roger Dias da Cunha, de 29 anos, por uma vítima da sociedade (e que me perdõe o leitor o sarcasmo em hora tão imprópria), com dois tiros na cabeça, e nos estarrecemos e nos indignamos com a nota pública da Amagis, Associação de Magistrados Mineiros, que viu por bem publicá-la (antes nada tivesse publicado), em cujo corpo traz um trecho que é de pôr todos os homens de bem enraivecidos, espantados, a se perguntarem o que há na cabeça dos homens que em nosso país representam a lei: "Afinal, o ocorrido reflete a sociedade em que atualmente vivemos, cada vez mais violenta, armada e intolerante, recheada de ataques inexplicáveis por trás das redes sociais, não enfrentando os verdadeiros motivos da violência urbana, fruto da desigualdade social, falta de oportunidades de trabalho lícito aos egressos do sistema prisional, além da falta de perspectiva de futuro para inúmeras pessoas." É de assustar, não é?! E quanto ao assassinato e ao assassino?! E o que dizer para a família do sargento Roger Dias da Cunha?! Alguma condolência, algum sentimento?! E a tal da saidinha de Natal?! E é o assassino um dos beneficiados por tal política humanitária! É de lastimar!
Se o leitor quiser se informar a respeito de caso tão escabroso, e indignar-se, que leia três publicações no Facebook, uma, do dia 7 de Janeiro, de Carlos Jordy, e duas do dia 8, uma de Silas Feitosa e uma de Maurício Muhlmann Erthal, e a reportagem, publicada, dia 7 de Janeiro, no site Pleno News, "Ação que baleou PM na cabeça em BH é 'fruto da desigualdade social', diz Associação de Magistrados." (de autoria de Marcos Melo), que traz, de brinde, na íntegra, a nota da associação supracitada.
Que Deus guarde a alma de Jessica Canedo e a de Roger Dias da Cunha.
À família de Jessica Canedo e à família de Roger Dias da Cunha, condolências.