FANATISMO POLÍTICO-A PIOR DAS PAIXÕES

Desde as eras mais remotas da história da humanidade, o ser humano procurou se organizar em sociedade, numa forma instintiva de ajuda mútua na luta pela sobrevivência.

À medida que os vilarejos iam se formando, naturalmente começavam a surgir aqueles que detinham mais iniciativas, mais empatia, mais organização e maior liderança sobre os demais.

Com o passar dos tempos e o aumento da população, vários líderes foram surgindo e começaram as ambições e disputas pelo poder, que passava a ser exercido geralmente seguindo a lei do mais forte, sem qualquer critério de escolha, seja por competência ou merecimento.

Tratando-se do nosso querido e amadíssimo Brasil, percebe-se que do coronelismo às disputas democráticas pelo poder, há um enorme interstício de muitas e muitas gerações, passando pela colonização, monarquia e república, com períodos de imperialismo, ditadura, democracia, rupturas democráticas, redemocratização, etc.

Em todos esses regimes as disputas políticas foram naturalmente acaloradas, com a divisão inevitável da população entre situação e oposição, mas com um certo grau de civilidade, sem que se tenha notícias, de situações extremistas que disseminassem o ódio e a intolerância capazes de dividir amigos, parentes, famílias e até o País inteiro, numa dicotomia exacerbada de medição de forças entre pessoas que parecem doutrinadas pela irracionalidade e uma cegueira própria de um fanatismo sem limites.

Esse fenômeno não assolava a sociedade brasileira até pouco tempo atrás, mas nos últimos anos temos testemunhado o acirramento das disputas eleitorais, em que líderes são transformados em “ídolos” e tentam, a todo custo, perpetuar sua hegemonia política por meio do fanatismo daqueles que, inadivertidamente, se rendem à doutrinação ideológica, tornando-se incapazes de interagir civilizadamente ou agir de forma respeitosa com seus adversários, sendo dominados pela crença de detentores da verdade absoluta.

Essa é uma realidade que não pode se perpetuar e cabe aos poderes constituídos formar um pacto nacional numa verdadeira cruzada pela pacificação do nosso País, onde todas as lideranças dos mais diversos setores da sociedade, disponham-se a abrir mão de suas próprias vaidades, de suas próprias convicções ideológicas e da ânsia do poder pelo poder, para construir um diálogo maduro, consistente e propositivo, visando resgatar o respeito à pessoa humana como portadora inequívoca dos direitos fundamentais assegurados em nossa Carta Magna, independente de sua condição social e de suas preferências individuais.

Não é exagero afirmar que a falta de atitude em prol da pacificação pode nos levar a cenas só vistas antes em filmes de terror ou nos conflitos envolvendo algumas nações do Oriente Médio e adjacências, onde o fanatismo político e religioso leva ao extremismo, com ataques terroristas e destruição em massa de pessoas inocentes. A tal da polarização de que tanto se fala e parece ser alimentada e incentivada a cada discurso do “nós contra eles”, pode está ajudando a formar - tomara que não - os nossos potenciais homens-bomba ou coisas do tipo.

É preciso alertar que qualquer esforço será em vão se aqueles que são alçados à condição de “ídolos” continuarem alimentando essa vaidade e fazendo oposição irresponsável uns aos outros. Cada crítica destrutiva, cada calúnia e cada difamação que for proferida de uns contra os outros, é mais uma faísca lançada em direção ao barril de pólvora pronto para explodir.

Enfim, essa é uma missão própria daqueles que pensam grande, que têm visão de futuro, que cultivam o espírito público e o verdadeiro patriotismo, comportando-se e agindo como autênticos estadistas. É preciso discernimento, amadurecimento político, boa fé e muita autocrítica.

AFBRITO
Enviado por AFBRITO em 10/01/2024
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