Aviso, qualquer semelhança é mera coincidência
O tirano, um homem fisicamente como todos os outros, tem o corpo físico expandido ao corpo político, “que dá lhe mil olhos e mil ouvidos para espionar, mil mãos para espoliar e esganar, mil pés para esmagar e pisotear”., pensamento da Filósofa e professora sênior da Universidade de São Paulo (USP), Marilena Chaui, esquerdista confesso, que também afirmou que é a própria sociedade quem alimenta e dá vida ao monstro da tirania. A quem ela fez essa referência? É foi mais além ao dizer o que La Boétie se referiu: não é preciso lutar contra ele, basta não lhe dar o que nos pede; se não lhe dermos nossos corpos e nossas almas, ele cairá”.
Aviso, qualquer semelhança é mera coincidência ao presidente atual. Um segundo ponto abordado pela pesquisadora abrange a mentira política, uma “crueldade”, com público cativo, pois “o mentiroso tem a grande vantagem de saber de antemão o que a plateia espera ouvir. Ele prepara sua história com muito cuidado para consumo público, de modo a torna-la crível, já que a realidade tem o desconcertante hábito de nos defrontar com o inesperado para o qual não estamos preparados”.
Chaui então aborda as reflexões de filósofo Theodor Adorno (1903-1969) sobre cinismo. “O cinismo não é apenas a deliberação de mentir, mas a de tornar irrelevante a distinção entre o verdadeiro e o falso”. E continua: “Ora a distinção entre o verdadeiro e o falso é a marca essencial do pensamento e por isso podemos dizer que a crueldade se manifesta como ódio ao pensamento”.
Para pensar, sirvo algumas frases de Raul Seixas, que conheci na minha juventude, que eu considero sensacionais?
Todos os partidos são variantes do absolutismo. Não fundaremos mais partidos; o Estado é o seu estado de espírito;
Do materialismo ao espiritualismo é uma simples questão de esperar esgotarem-se os limites do primeiro;
A coisa mais penosa do nosso tempo é que os tolos possuem convicção e os que possuem imaginação e raciocínio vivem cheios de dúvida e indecisão.
Nunca se vence uma guerra lutando sozinho. Ao presenciar um trio elétrico passando animadamente numa quinta-feira na Barra, Raul Seixas expressou a ideia de que uma guerra nunca pode ser vencida lutando solitariamente. Nesse momento, ele percebeu que as pessoas presentes, que dançavam e se divertiam, precisavam compreender que cada um é um ser político e tem o poder de fazer a diferença. Concordo com ele quando reflete sobre a postura passiva da sociedade, que, ao se calar e aguardar inerte, permite que os corruptos dominem nosso país.
Jorge Guimarães
Consultor em Gestão Pública
Coach em Gestão de Emoções