COMO NOSSOS PAIS

 

O nome Palestina, como hoje é chamada a terra onde o conflito entre Israel e a facção
terrorista Hamas está sendo travada, nem sempre se chamou assim. O nome Palestina
foi dado pelos gregos à região conhecida como Filisteia, uma estreita faixa litorânea do
Mar Mediterrâneo, próxima à Judeia, quando Alexandre, o Grande, conquistou a região.
Os judeus a chamavam de Canaã. Na época da conquista, o povo palestino, que então
constituía a maior parte da população, era conhecido como filisteus, daí o nome
Filisteia, de onde derivou o nome Palestina.
A crermos nas crônicas bíblicas, os filisteus sempre foram inimigos de Israel. Em certo
período da História, eles dominavam toda a região e os israelitas pagavam pesados
tributos aos seus reis. Um dos simbolismos mais significativos da Bíblia diz respeito
exatamente a esse conflito entre israelenses e palestinos. É a história de Sansão e Dalila.
Sansão era um israelita, líder da tribo de Dan, uma das doze tribos de Israel. Segundo a
crônica bíblica, Sansão era consagrado ao Deus de Israel, como tal eram consideradas as
crianças que desde o berço tinham suas vidas oferecidas à Jeová. Em contra partida,
Jeová deu a Sansão uma força sobre humana, que o tornava capaz de matar um leão
com as próprias mãos e vencer mil soldados palestinos sozinho, usando como arma
apenas um crânio de burro.
Sansão é um simbolismo que retrata o milenar conflito entre judeus e palestinos. Sua
força estava nos cabelos. Isso significa que a força de Israel está na cabeça, ou seja, é a
inteligência. Dalila, a mulher palestina por quem ele se apaixona, corta seus cabelos e
ele perde sua força. Significa que os palestinos se valem da traição e do embuste para
lutar contra Israel. Mas como os cabelos são uma coisa que, mesmos cortados sempre
voltam a crescer, Sansão, mesmo depois de cego e mutilado, recupera sua força e
destrói o templo do deus palestino, matando milhares deles. É como o próprio povo de
Israel. Por mais que seja “cortado” ele se recupera e volta a crescer. Esse episódio é
muito significativo, pois como se sabe, toda a tradição dos povos antigos estava
centrada na religião. Destruir os templos inimigos significava destruir sua própria
constituição. Era a primeira coisa que os romanos, por exemplo, faziam quando
conquistavam um povo inimigo. Sansão, ao destruir o templo de Dagon, o deus
palestino, em Gaza, estava destruindo o próprio espírito da civilização palestina, a qual,
depois disso nunca mais recuperou a sua força. Em consequência, os filisteus, segundo
as crônicas bíblicas, foram sucessivamente derrotados pelos israelenses comandados por
Saul e depois Davi.
Assim, para entender o conflito que hoje assola a Palestina, é preciso remontar às suas
origens bíblicas. E ao fazê-lo não podemos deixar de concordar com a emblemática
canção de Belchior que diz que seja o que for que fizermos, continuaremos a viver
sempre como nossos pais.