OS ENTULHOS DA IGNORÂNCIA
OS ENTULHOS DA IGNORÂNCIA
Carlos Roberto Martins de Souza
O mundo contempla, pelas telas, os escombros da guerra, em todos os cantos as bombas ecoam o poder de destruição usado na busca de se vingar a vingança perpetrada por um grupo terrorista. A fumaça das explosões que se elevam aos céus, retratam a crueldade dos ataques, na negritude as nuvens que se dispersam, levam consigo a esperança de que um dia veremos a paz governando sobre os povos. Os homens de paletó e gravata não vão para os fronts de batalha, não vão nunca pegar em armas, jamais dormirão ao relento nos acampamentos. Eles são os promotores da guerra, que sempre dizem ter como objetivo, a paz. Que ninguém faça ares de surpresa, pois o que está acontecendo, há muito se pronunciava, pois o terrorismo não se elimina a si mesmo, ele apenas se recolhe nos porões da brutalidade, para em momento que lhe é oportuno, colocar em prática as suas atividades. O extremismo não tem caráter, não possui pudor, não cultiva a paz, e nem possui qualquer senso de humanidade. É muito difícil falar em brio moral quando se trata de terroristas, é impossível pensar em honestidade, quando os atores que patrocinam o terror agem com toda a desonestidade possível. Os escombros da guerra são o resultado da máquina do ódio que é manipulada por gente que alimenta a alma com o ódio, e no caso do conflito em Israel, não há dúvidas da perversidade de homens desprovidos de qualquer sentimento de humanidade. Causa espécie ouvir as lamentações das vítimas inocentes da guerra, é repugnante ter diante de nós imagens que levam os nossos olhos a verterem lágrimas de dor e de espanto. A escalada sem fim da violência do conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza despertou um monstro que parecia adormecido, o TERRORISMO RELIGIOSO. O fanatismo é o motor da violência no mundo, seja ele religioso, ou político. A politica moderna, em lugar algum, tem qualquer vestígio de racionalidade, os interesses pessoais e de grupos prevalecem, e o preço é pago pelo povo, que muitas vezes aceita passivamente ser manipulado. O desejo de vingança, muitas vezes fantasiados de “paz e amor", provocam atos sanguinários como os que vemos hoje. A humanidade avança sobre os entulhos da ignorância que ela produziu nos últimos tempos. A Faixa de Gaza será, ao final deste pavoroso conflito, a prova fiel da brutalidade do ser humano. O mundo assiste, com perplexidade, as cenas chocantes de uma batalha ignorante, cruel e sangrenta, onde quem está no meio dos confrontos são pessoas escravizadas pela religião e pelo extremismo terrorista. As nações do mundo subestimaram a capacidade dos terroristas de disseminar ignorâncias nas periferias pobres na busca de apoio para alcançar seus objetivos. E é isto que acontece em Gaza, homens cruéis e sanguinários iludem as pessoas humildes e indefesas, subvertem a verdade, matam, escravizam, tudo para impor os seus desejos criminosos. Há escombros morais por toda a parte, e os escombros matérias desta guerra não deixam duvidas disto, da mesma forma que centenas de prédios se tornaram em montanhas de lixo, os refugos da falta de ética se espalham, colocando a humanidade em risco iminente de uma catástrofe sem precedentes. A cada novo bombardeio israelense a uma cidade de Gaza, a cada nova imagem chocante de crianças mortas no conflito e jovens feridos, mais e mais gente se volta mundo afora, não apenas contra Israel, mas contra os judeus, pois jogam a culpa por tudo sobre o Estado de Israel. O perigo gigantesco é que isto faça renascer o nocivo preconceito antissemita. O mundo não consegue perceber que a estratégia terrorista é promover confrontos, aos terroristas não interessa a paz, pois ela colocaria tais grupos no ostracismo. É perversa a relação entre terroristas e a população, pois, usando de todo o tipo de intimidação, as organizações terroristas obrigam pessoas humildes a colaborar com o grupo. Para eles a paz não se faz com os amigos, mas com os inimigos, e com guerra, e para eles, privar as pessoas de seu acesso à comida e à água, impedir seu acesso a serviços de saúde e arbitrariamente destruir sua habitação constituem uma tática produtiva de avanço no campo de batalha. Violações claras dos direitos a alimentação, água, saneamento, habitação, saúde e de estar livre de tratamento desumano, protegidos pelos tratados internacionais não faz sentido, o que faz sentido é impor a violência e o ódio. É evidente que a defesa da democracia exige a reposição da ordem, que o crime seja tratado como crime e os criminosos punidos como tal. Uma sociedade que olha o seu próprio vazio é o retrato mais puro da ignorância, pois esta atitude determina o comportamento coletivo e seus sentimentos. O choro doloroso dos que sofrem nas filas de hospitais, nos abrigos, nas ruas, ou nas perdas irreparáveis de vidas para a violência cada vez mais presente, fica inaudível, ante a ilusão hipnótica de um carisma popular que embriaga e entorpece a massa ignorante, da qual se nutre um populismo nunca antes visto. Ver pessoas indefesas sendo usadas como escudos prova a crueldade, e desnuda a capacidade diabólica de terroristas, e ao mundo resta encarar que, se não expirarem os terroristas, em breve esta desgraça mortal dominará todas as nações. Os ataques de Israel objetiva sangrar, humilhar e abater o Hamas, e a Faixa de Gaza se transformou num campo de morte, e as formas são as mais variadas e cruéis. Fome, sede, medo, fogo, mutilações, execuções, são algumas das táticas implementadas na batalha pela “verdade" política. É chocante ver que ninguém está preocupado com o valor monetário dos entulhos produzidos pela guerra, são edificações que levaram anos para serem construídas, mas que agora levarão anos para serem removidas. Nem mencionou os escombros físicos, aqueles causados nos cidadãos, pois estes não tem preço. Feliz ignorância de uma pressuposta paz que sempre habitará no coração dos governantes sedentos pelo poder. Vivemos sob os escombros de uma sociedade decadente, que insana, marcha rumo a sua própria destruição, na escuridão da ignorância, ela asfixia qualquer possibilidade de se alcançar a paz, pela paz, e através da paz. Quem está no comando das ações são pessoas arrogantes, prepotentes e desumanas, o discurso não possui sobriedade, e é desprovido de verdade. É bom atentarmos, pois uma nova ordem internacional pode estar nascendo nas regiões da guerra e parece que o parto não será pacífico. Vai ser doloroso, e não terá festa, muito menos comemorações. A guerra na Faixa de Gaza legou a nós a dor extrema das despedidas sem abraço e sem consolo mostradas em tempo real nas pelas redes de televisão do mundo. Ao luto chocante, frio e dolorido das famílias destroçadas, somam-se a exaustão dos profissionais da linha de frente, a depressão e o pânico de muitos, a falência de tantos mais. Muitos estão sendo mortos tentando evitar a morte do semelhante. Nos fontes continuam a espera angustiante por leitos de UTI, corredores lotados de vitimas sem toda a assistência que merecem, crianças, adultos e idosos, pessoas mutiladas respirando por aparelhos, gente passando fome e sem auxílio, muitos desesperados sem oportunidades reais saírem vivos desta tragédia. A esperança é que ao final de tudo isto, tenha restado uma luz de racionalidade na loucura que parece ter tomado conta das facções terroristas para não permitir transformar a Faixa de Gaza num cemitério, e o mundo num deserto radioativo. O problema é que os entulhos da guerra será o pedagogo da humanidade. Lembrando que os cadáveres são bons para os políticos.