COMEMORAÇÃO DE DISCURSOS HIPÓCRITAS

A bem dos “35 anos da Constituição Federal de 1988”, quando obedecida, vinha caminhando bem, mesmo tendo sofrido neste tempo cento e quarenta atualizações. Não fora os últimos acontecimentos, talvez essa história pudesse perdurar um pouco mais e com isso ser aperfeiçoada, e não rasgada como tem sido, exatamente partindo de onde se teria a responsabilidade de fazer garantida a sua eficácia. Quem poderia celebrar tal conquista que, segundo Ulisses Guimarães era “A Constituição Cidadã”, se exatamente os cidadãos é que tem sofrido com a sua não observância? Houveram conquistas importantes sim, todavia, quando dela não pode prevalecer os direitos do cidadão, ela passa a ser morta e sem valor. Todavia, nesta celebração de alguns, uma comemoração de discursos hipócritas, data máxima vênia - “conquistas e avanços sociais”, prosperidade, segundo Alckmin; os três poderes são guardiões da sociedade harmônicos entre si, segundo Barroso; “livre manifestação do pensamento”, segundo Renan Calheiros; “coração do país”, segundo Paim. Reunidos na Câmara dos Deputados, aos auspícios das duas casas. Cada um dos protagonistas fazia a sua pose respeitosa e peculiar olhando como se olhando ao vento, esboçando um ar de serenidade, como se os mais elevados em grau de inteligência e sabedoria. Merecedores do mais nobre adjetivo consagrado pelo povo: “caras-de-pau”, aplaudidos pelos ausentes, ou melhor, pelos invisíveis, afinal de contas, quem dos normais suportaria uma comemoração de discursos hipócritas? Infelizmente, tivemos de acompanhar, para que fosse dado a conhecer aos mais simples já enojados de tanta falsidade ante a “harmonia” dos poderes, harmônicos, sim, pelos ideais de uma república de bananas. Nós bem sabemos que: “Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigiam os sentinelas” Ao que se considera que, a nossa vigilância de valor nenhum para essa gente, só nos resta a nossa fé pelo que diz a Palavra: “Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hb.4) Logo, esta seria a melhor forma de dar uma resposta mediante tamanha hipocrisia. Caso ela volte a ser respeitada, certamente teremos motivo bastante para celebração, por enquanto só temos alguns pedaços. Foram jogados fora tudo quanto pertencia aos direitos do cidadão a bem da ordem pública e respeito ao cidadão - onde foram colocados os cidadãos quando dos seus direitos de ir e vir? Ao que chamamos de avanços sociais? Prosperidade, de quem? Só se estivermos falando dos artistas, dos ministros, do próprio presidente que esbanja dinheiro passeando pelo mundo com a sua bem amada e os amiguinhos de sempre. Para ilustrar, já saiu o resultado das contas públicas: um déficit de 104,6 bilhões, enquanto no mesmo período do governo passado foram 26,3 bilhões de superávit (prosperidade). Diz Calheiros: Livre manifestação do pensamento! Onde? O Paim disse da “Constituição do coração do país”; por fim, o eminente Barroso: “os três poderes guardiões da sociedade, harmônicos entre si”. Fechando os olhos, os ouvidos, lacrando a boca, travando as penas. Viva!