"O hacker, o presidente e sua patota: Uma saga de genialidade questionável"
Nesta quinta-feira (17/08), Walter Delgatti Neto, "O Hacker de Araraquara", causou impacto com suas declarações bombásticas durante depoimento na “CPI dos atos golpistas” ao afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro, em um acesso de suposta sabedoria, ligou para ele e pediu que assumisse a autoria de um grampo ilegal no telefone de ninguém menos que o Ministro do STF, Alexandre de Moraes. Tudo isso, claro, em troca de um indulto, porque quando se trata de crimes, negociações são a marca registrada do desgoverno anterior. Além disso, Delgatti relata ser o responsável apócrifo pelo relatório elaborado também a pedido de Bolsonaro, em que os militares apresentaram alegando insegurança das urnas eletrônicas - Ou seja, além de hacker, ghostwriter de relatórios.
E quem mais senão a então deputada Carla Zambelli para fazer as desonras apresentando o inominável ao hacker? Parece que ela estava tão desesperada por ajuda que recorreu ao "Mestre dos Hackers", na época já proibido de acessar a internet, para "gerenciar" suas redes sociais. Quem precisa de consultores profissionais quando se tem um hacker à disposição por uma quantia simbólica de 40 mil reais?
E a coisa piora. Delgatti, levado por Bolsonaro a acreditar ser o "Herói da Justiça Fragilizada" em sua luta contra o “bicho papão do comunismo”, não satisfeito em apenas invadir os sistemas judiciais, decidiu adicionar uma cereja no bolo inserindo um mandado de prisão falso para o ministro Alexandre de Moraes, porque, afinal, o que é um crime a mais? E para fechar com chave de ouro, Bolsonaro, visionário estrategista, prometeu prender juízes caso estes quisessem prender Delgatti. Quem sabia que o governo estava oferecendo serviços de proteção de criminosos?
Para aqueles que ainda acreditam que Bolsonaro é um líder iluminado e que seus seguidores têm a moral mais sólida que um bloco de concreto, essa saga de absurdos e desculpas esfarrapadas deve ser uma verdadeira festa. Porque, afinal, a única coisa mais impressionante do que as ações de Bolsonaro, Zambelli e toda a corja, é a disposição de alguns em continuar defendendo o indefensável.