Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro; militar está preso

 

O PC FARIAS DO BOLSONARO

 

Paulo César Farias foi o tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello nas eleições presidenciais de 1989. Durante o breve governo do “ saco roxo” alagoano ele mandou e desmandou, nomeando ministros e funcionários do alto escalão do governo. Três meses após a posse de Collor como presidente, começaram a surgir denúncias de corrupção no seu governo. No centro delas sempre aparecia a figura de PC Farias como principal protagonista. Foi por conta das suas atuações que Collor sofreu o impeachment  em 1992.

A gota dágua desse processo ocorreu em razão de uma denúncia formulada pelo próprio irmão de Fernando Collor, que acusou PC de ser testa de ferro em diversos esquemas de corrupção. A CPI aberta no Congresso Nacional investigou o esquema e comprovou que o esquema PC arrecadou o equivalente a US$ 8 milhões,  equivalente a R$ 30 milhões em 2015, em dois anos e meio do governo Collor (1990-1992). Além disso, o esquema, segundo os depoimentos coletados, teria contado com o envolvimento direto do presidente e solapado mais de US$ 1 bilhão dos cofres públicos. Collor foi apeado do poder por conta disso, embora o STF, mais tarde, o tenha inocentado de participação nesse esquema.

PC Farias foi encontrado morto, junto com sua amante, em 1996. As investigações feitas, em princípio, indicaram que ele teria sido assassinado pela sua amante, a qual suicidou-se em seguida.  O caso foi considerado oficialmente como um crime passional, mas ficou a suspeita de que o casal foi, na verdade, assassinado.

E lugar comum que presidentes tenham seus ajudantes de ordens e outros assessores encarregados de resolver problemas não muito republicanos para seus patrões. PC Farias foi o homem que tirava as castanhas do fogo para Collor de Mello. Queimou as mãos e acabou levando para a fogueira o seu chefe. Isso também aconteceu com Getúlio Vargas, cujo chefe de segurança, Grégório Fortunato, ao promover um atentado contra Carlos Lacerda acabou gerando a crise política que levou Getúlio ao suicídio.

O caso se repete agora com o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujo ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid parece estar envolvido em várias ações suspeitas, desde participação na tentativa de golpe de estado, a duvidosas operações com joias e outros bens pertencentes ao erário público.  

As coisas estão ficando feias para o lado do amigo do Bolsonaro. E por extensão, sem dúvida, poderá envolver o ex-presidente. Tudo pode ser apenas uma campanha de difamação urdida contra Bolsonaro. Isso sempre ocorre em processos de polarização como o que o país está vivendo hoje. Bolsonaro se beneficiou quando o Lula foi condenado e preso. Os petistas juram de pés juntos que Lula era inocente e tudo não passou de perseguição política.

No meio político isso é normal. Afinal de contas, só as cobras não costumam morrer com o veneno que destilam.