MAUS POLÍTICOS E MAUS MILITARES FORAM MAUS ALUNOS
Em 22/11/2021, amedrontado com os sinais de um golpe na democracia, evidenciado no desfile militar do "07 de Setembro" daquele ano, em Brasília, achei oportuno publicar a carta de um Coronel da Reserva da Polícia Militar de São Paulo, de junho/2020, dirigida à Associação de Oficiais da PM, ao renunciar ao cargo de vice-presidente daquela entidade. Título que dei ao meu texto de então:
"Como militar, sinto-me envergonhado".
Lembrei-me do tempo de colégio. Alguns colegas provocavam barulho quando o assunto da aula não lhes interessava. Muitas vezes, brigavam com os professores, queimavam aulas, ganhavam a praia, ou o campo de futebol, ou o cinema, ou outras coisas mais com certeza prejudiciais à sua formação moral. Nem sempre passavam de ano. Os pais os mudavam de colégio ou, por outra, não se preocupavam com o crescimento escolar dos filhos, que cresceram sob os signos da leviandade ou da frivolidade.
- Se alguns desses maus alunos tiveram a chance de ingressar na carreira política, será que estão sendo bons políticos?
- Se ingressaram na carreira militar, será que estão sendo bons militares?
- Será que, filhos legítimos da irresponsabilidade, tornam-se cidadãos de bem?
- Não se autoincriminam. Onde puderem criticar e culpar o sistema educacional e os professores por sua pouca inteligência ou capacidade, claro, o fazem e o farão sempre em voz alta...
Segue, para sua análise e reflexão, o teor da carta que o Coronel Glauco Carvalho escreveu para os seus colegas e para toda a nação:
"...É a decisão mais coerente que eu poderia tomar.
Se apregoo e defendo a democracia, nada mais justo e lícito do que pedir minha saída, uma vez que o eleitorado da Associação de Oficiais é majoritariamente bolsonarista.
Bolsonaro é a antítese do que é um militar na acepção lata da palavra.
Convivi com um jovem deputado chamado Jair Messias Bolsonaro no início dos anos 90.
Como todo espertalhão, ele prega a ordem, mas descumpriu a ordem estabelecida em normas legais no final dos anos 80.
Como todo falastrão, ele defende o militarismo, mas foi um indisciplinado por excelência.
Como todo estelionatário, ele prega moralismos, mas é useiro e vezeiro em transgredir preceitos éticos públicos.
Como todo incauto, ele despreza e desdenha da doença e da dor alheias.
Como todo insensato, ele cria confusões e disputas em torno de problemas que na realidade não existem.
Como todo radical, ele agride verbalmente e ofende seus adversários.
Como todo imaturo, ele não pode ser contrariado.
Como todo estulto, quer valer-se das armas para depor os mecanismos pelos quais ele foi alçado ao poder.
Como todo arrivista, ele quer o poder pelo poder
(sob nossa análise, está muito claro o seu intento: desqualifica o Supremo e suborna o Parlamento).
O atraso em tomar medidas pelo presidente da República e as suas atitudes erráticas e contraditórias vão levar a uma dimensão da crise que o país não tem ideia.
Como militar, sinto-me envergonhado por tantas ações atabalhoadas, extravagantes, ridículas e mesquinhas de Jair Bolsonaro.
Ele depõe sua confiança em parte do estamento político contra o qual fez toda sua campanha (como Roberto Jefferson/PTB e Valdemar Costa Neto/PL - destacados protagonistas do velho "Mensalão").
Suas relações incestuosas com a família Queiroz são o retrato mais aparente da prática delituosa da família Bolsonaro.
...A oficialidade cometeu um grave erro, um erro histórico, devido a integrantes que, por um engodo, têm feito uma opção que julgo não ser a mais adequada.
Temos que analisar o quadro desprovido das lentes da ideologia, que esse governo tanto apregoa.
Não podemos agir como torcida organizada.
O fim do campeonato nem sempre pode nos ser benéfico"...
(Cel.Glauco Carvalho)-(https://horadopovo.com.br-09/07/2020).
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Vale relembrar Cícero (300 a.C.):
"Os iguais facilmente se juntam".