A PROLIXIDADE DE UM VOTO NO TSE
A PROLIXIDADE DE UM VOTO NO TSE
A falta de objetividade esgota a paciência de quem deseja entender o interlocutor em qualquer situação em que um fala e outros ouvem, isso, quando suportam a falta de objetividade. Ou, quando não, pode se transformar propositadamente, numa maneira, não de convencimento, ou, como se diz: “levar no papo”. Tudo isso é o que se viu na apresentação do voto do Relator no caso do ex-presidente. Uma tentativa de fazer pedra virar pão com as suas 400 (quatrocentas) páginas de um imbróglio jurídico, o que, provavelmente numa primeira instancia, fosse por parte de um advogado, o MM. Juiz já teria dispensado os argumentos, visto que a inteligência não suportaria tamanho descaso. Logo, se traduz em termos do que se vive atualmente no país, se constitui razão para deixar o povo leigo estupefato por tanta argumentação inútil. Como um caso de apenas uma denúncia, que além de ser infundada, suscitasse 400 páginas de argumento? Confesso que tentei acompanhar, até pelas razões de direito, ou quem sabe até por curiosidade, resisti até às duas horas, mas não deu para prosseguir, ninguém seria tão insuficiente de inteligência para que tentasse dar ouvidos por tanto tempo à prolixidade de um voto no TSE como nesse episódio, data máxima vênia. Foram criadas tantas expectativas, tantos pré-julgamentos do caso, a ponto de ser considerado antecipadamente uma sentença a desfavor do ex-presidente. Seria uma grande surpresa caso viesse a ser o contrário, esse é o jeitinho da justiça nesses tempos tenebrosos no Brasil – primeiro vem a propaganda numa forma de amenizar o sofrimento do povo, uma vez que sempre acredita que é possível mudar as coisas, ledo engano! Já não se produz expectativa de que as coisas mudem tão rápido, só de CPis vai durar tempo suficiente para vencer o primeiro ano de desgoverno, e depois na segunda rodada, virá o segundo ano, e por aí à fora, empurrando com a barriga, cassando os canais independentes, promovendo prisões, já virou rotina. É muito triste, mas esse tem sido o comportamento dos que nos desgovernam e dos que nos promovem as injustiças ao arrepio da Constituição. Tivesse alguém do primeiro escalão alguma compaixão, talvez dissesse: CHEGA! Quem sabe se esse alguém ainda existe? É sempre recomendável não desistir nunca, até se diz que a esperança é a última que morre. Penso que o brasileiro já está ficando sem ar nos pulmões, sem sangue nas veias, ou quem sabe, já no soro, a ponto de desfalecer todas as esperanças e entregar o ouro de vez para os que nos submetem ao descaso. Quando mesmo com muito interesse em aprender dos mais nobres magistrados, dos seus saberes, bastou apenas da prolixidade de um voto no TSE para se tornar insuportável. Dá vontade de desistir de ser advogado, uma das profissões mais nobres, pois que são os advogados que mais trabalham para fazer reconhecido o direito do cidadão. Ninguém na justiça trabalha mais que o advogado com a finalidade de fazer prevalecer o direito, e mesmo quando não se tem definição em lei, é ele, o advogado, aquele que produz as chamadas jurisprudências – o que vale dizer: a resposta do saber jurídico. Quando o processo chega à mesa do Magistrado, todo o trabalho está pronto para que se promova justiça, a não ser quando o defensor cochile sobre a mesa. Todavia, a bem da verdade, quando se tem os Cartórios superlotados de processos, nem em cem anos será possível esvaziar, fazer justiça, enfim.