Populismo barato

Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento dos brasileiros alcançou o maior nível histórico já registrado, atingindo a marca de 77,9% da população, enquanto que os inadimplentes, compostos por pessoas entre 26 e 40 anos chegam aos 29,1%. É com esse cenário de incertezas na economia que o governo vem alardeando a redução nos tributos dos veículos novos, com o pretenso intuito de “alavancar a economia”. A justificativa espantosamente pueril da área econômica não convence nem os alunos da pré-escola, uma vez que na prática, abdicar dos impostos seria uma maneira de privilegiar mais uma vez o setor automotivo. Essa iniciativa não faz sentido algum, porque a maioria das pessoas empregadas mal consegue honrar os compromissos como aluguel, escola, alimentação e outras despesas fixas. Fica evidente, portanto que o maior favorecido será a classe média, naturalmente mais estruturada para fazer frente às taxas extorsivas de juros praticadas pelo mercado atualmente.

Acontece que o pagador de impostos conhece muito bem essa conversa fiada do tipo “cerca-lourenço”. São iniciativas requentadas, aventuras fracassadas de governos anteriores que não vingaram. Não passam de engodos passageiros, com a finalidade de mascarar a atual situação econômica do País. A lastimável realidade bate às portas desse desgoverno, completamente incapaz de engrenar a segunda marcha na tentativa de diminuir o desemprego e melhorar os índices econômicos. O titular da pasta da Fazenda se mostra hesitante, parecendo entender de economia como de pilotar um jato 737. Com o agravante de que o governo sofre com a pouca representatividade no Congresso Nacional, que só atende a determinados pedidos vindos do Palácio do Planalto se os respectivos pires forem devidamente abastecidos com recursos das bilionárias emendas parlamentares. Quem dera o mandatário-viajor-mor dessa nação tivesse a mesma percepção daquele que, ao ver seu País devastado por injusta agressão bélica, mostrou hombridade inquebrantável ao trocar “carona aérea” por armamentos para a legítima defesa de sua pátria. Sentimento completamente diverso do “descondenado”, ao externar deselegância e soberba ignorando a necessidade de um simples, mas significativo cumprimento.

É necessário, portanto, que esse governo faça logo o dever de casa, cortando despesas desnecessárias e enxugando a máquina administrativa. Extinguindo ministérios e secretarias que nada agregam de positivo e cujas finalidades se resumem em manter os intermináveis cabides de empregos. Há que se pensar em medidas efetivas para o crescimento da economia de forma consistente, lastreadas em programas direcionados à geração de empregos e renda em curtos e médios prazos, não em medidas midiáticas paliativas e temporárias. Mas o “Filho do Brasil” não parece nada preocupado com seus compatriotas, apenas almeja sua vingança pessoal. Os estilhaços de sua sanha desenfreada inevitavelmente atingirão o povo, cumpridor de suas obrigações como cidadãos brasileiros. A picanha e a cervejinha, obviamente, ficarão no passado como mais uma das muitas mentiras contadas ao simplório eleitor. O carro zero quilômetro está na moda agora. Daqui a pouco virá outro e mais outro embuste inconsequente. Tudo populismo barato. Deve ser um dos muitos efeitos colaterais danosos de nossa tenra e quebradiça democracia. Como diria o saudoso impagável Professor Raimundo, “E o salário, ó”...