Lula e o Gonçalves Dias que não é um poeta.

O Gonçalves Dias, que não tem o dom poético do autor de I-Juca Pirama, seu homônimo, o Gonçalves Dias, braço direito do tal "L", este, aquele que representa, nas palavras de um santo agostiniano, a própria democracia, o Gonçalves Dias, leal companheiro e fiel escudeiro do atual mandatário da nação, converteu-se, da noite para o dia, num piscar de olhos, num passe de mágica, de amigo leal do Salvador da Pátria, no seu mais iníquo traidor. Aos olhos de todos, converteu-se o Gonçalves Dias num bolsonarista. Quem diria?! É o Gonçalves Dias um bolsonarista. E desde quando?! Ora, desde sempre; todavia, ele, tão ladino, tão maquiavélico, de todos ocultava a sua essência bolsonarista, inata - pensei em dizer que ele é bolsonarista desde o berço, mas corrigindo-me a tempo, digo: ele é, entendem os que agora lhe enodoam a até há pouco ilibada reputação, bolsonarista desde sua concepção.

Desde que correram mundo aquelas imagens do caos que se instalou, em Brasília, no dia 8 de janeiro deste alvissareiro ano de 2.023, pessoas que sempre carregam, prudentes que são, pulgas atrás das orelhas, perguntaram-se, coçando a cabeça, intrigadas, como foi possível um grupo de pessoas desarmadas invadirem os prédios dos três poderes da república, prédios que, em tese, são, ou deviam ser, os mais bem protegidos da nação, tão bem protegidos quanto os das Forças Armadas, repetindo, aqui, a já histórica invasão, no dia 6 de janeiro de 2.020, do Capitólio, e após meses autoridades e imprensa a anteciparem um movimento golpista - assim diziam, e dizem -, que redundaria numa ação violenta que conserva inúmeras identidades com o que se deu nos Estados Unidos. Ora, se já se antevia, no Brasil, um Capitólio (e na Praça dos Três Poderes), um 6 de janeiro (que se deu - se daria, sabiam? - no dia 8 de janeiro), por que Brasília, naquele fatídico dia, estava tão desguarnecida de seguranças?!

E assistimos à guerra de narrativas.

E a CPMI, como fica?! O que ela investigará?! Contou-me um passarinho que o governo brasileiro, que até outro dia não a queria - e com que fim a objeção?! -, agora a quer - e com que propósito?! -, desde que tenha consigo, dela, a presidência e a relatoria (exigências das quais não abre mão), e já escalou, para capitaneá-la, dois dos três lídimos heróis brasileiros que há não muito tempo dedicaram-se, de corpo e alma, com energia inesgotável, mirando o bem do povo brasileiro, que tanto amam, e é tal amor inegável, mesmo que digam o contrário as más línguas, a investigar, numa CPI (ou CPMI, sei lá - ignoro as nomenclaturas, tantas são), as malfazejas e criminosas ações do senhor Jair durante o que se convencionou chamar de epidemia. E que fim levou tal trabalho? Fossem os tribunais internacionais compromissados com a Verdade, a Justiça e a Liberdade, acatariam o mérito do laborioso trabalho dos três heróis... super-heróis brasileiros, e condenariam o senhor Jair à perpétua, e numa enxovia situada em Havana.

Não sei que fim será o da CPMI, caso ela venha, porventura, para desventura dos que tenham por ela a caveira exposta e a desgraça eterna, a ser instalada. Será ela natimorta?! Estará nela o início do fim do governo do tal "L"?! Ou o dos seus opositores?! Não tenho bola de cristal. Não projetarei num futuro próximo as imagens que a minha vontade me inspiram. Aguardarei pelos andar da carruagem. Observarei, pacientemente, os eventos que se sucederão, sem me atrever a antecipar o desfecho de tal capítulo da história do Brasil.

Irá o Brasil, de uma vez por todas, ao abismo?! Não faço a mínima idéia. E não gastarei a minha beleza com tal questão, que está além do meu entendimento e do meu poder visionário, que é inexistente. Peço apenas que o caso se resolva o mais rapidamente possível, e que a verdade venha à tona, e que não se apresente ao proscênio da política nacional nenhum personagem que tenha recebido de seus genitores o nome Castro Alves, nem um que tenha sido batizado com o nome Casimiro de Abreu, tampouco um que, não sendo cristão, ganhou o nome civil Junqueira Freire, e menos ainda um que na pia de batismo nomearam-lo Olavo Bilac. O nosso querido poeta dos índios já tem o seu grandioso nome indelevelmente associado a ações políticas reprováveis, que não são de sua autoria. Que igual destino não tenham os outros quatro heróis da poesia brasileira.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 23/04/2023
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