Lula, a escravidão e a miscigenação.

Estou, aqui, à escrivaninha, no aconchego do meu lar, humilde lar, nesta linda manhã de Abril de 2.023, ano da redenção dos brasileiros, agora sob governo do, por antonomásia, Salvador da Pátria, a digitar, num esmartefone, que de esperteza não tem neca de pitibiriba, estas singelas palavras, enquanto compartilho, telepaticamente, meus mais íntimos sentimentos e pensamentos com a pulga homiziada atrás da minha orelha direita.

Não há muitos dias, o Pai dos Brasileiros, é esta outra alcunha que identifica o homem sem pecados, aquele que melhor representa e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro, disse o que lhe veio à mente, e o que lhe veio à mente não contou com a compreensão dos seus fiéis seguidores, e o que o sábio ancião, descendente espiritual e intelectual e moral dos sete sábios da Grécia disse, em resumo, foi: a escravidão deu ao Brasil algo de bom: a miscigenação.

Mal havia fechado a boca, ouviu-se o silêncio de constrangidos, e embasbacados, admiradores seus, todos a se indagarem o que tais palavras, sábias, e enigmáticas, a conservarem mistérios insondáveis, significam, se traduzidas para o vernáculo do comum dos homens de carne e osso, rasteiro, chão. Dentre os exegetas das obras sacras da ideologia científica que ensina a cosmovisão idealista materialista, poucos se dispuseram a tecer comentários sobre as palavras do maior de todos os brasileiros vivos e mortos e dos que ainda estão para nascer, e não houve um que, no seu tom de voz, nas suas palavras, no seu semblante, não transpareceram o desencanto com a surpreendente observação que ele fizera, a qual vai contra a sã doutrina esquerdista, que ensina que é a miscigenação epifenômeno criminoso de um outro crime, o estupro, da raça negra, pela branca, durante a escravidão. Justa, a saia. Diante de tal cenário - inegavelmente prejudicial, tanto à alma imaculada do demiurgo telúrico, quanto aos sábios intérpretes dos livros sacros -, que poderia vir a provocar um cisma no Partido sagrado, dele resultando uma guerra ideológica, que se arrastaria, sanguinolenta, pelos séculos, sem fim, determinaram os estóicos dentre os seus, impassíveis intelectuais, pôr panos quentes em cima da questão, mudarem de assunto, dando o dito pelo não-dito. E assim foi feito. E não se constrangem com o caso os fiéis molusquianos, que gozam da santa paz, e dela gozarão até o fim dos tempos.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 19/04/2023
Reeditado em 19/04/2023
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