Governo Bolsonaro foi alertado sobre fome e cortou comida de yanomamis


Ofícios do Ministério da Saúde informaram a situação nutricional crítica dos indígenas

Reeleição de Bolsonaro teria dizimado o povo Yanomami, apontam documentos... 


 https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2023/02/12/reeleicao-de-bolsonaro-teria-dizimado-o-povo-yanomami-de-fome-e-doenca.htm?cmpid=copiaecola

 

Gaspari: Forças Armadas retomam em terra dos yanomamis uma de suas virtuosas atribuições
Divulgação/Ricardo Stuckert/Planalto
Jamil Chade: Lula usará Amazônia como instrumento geopolítico para reposicionar Brasil
George Frey

LEONARDO SAKAMOTO

 

Reeleição de Bolsonaro teria dizimado o povo Yanomami, apontam documentos

Urihi Yanomami

 

leonardo-sakamoto-2---150-1615917027745_150x150.jpg

Leonardo Sakamoto

Colunista do UOL

Uma coisa é a omissão por incompetência, outra a omissão como projeto. O governo Jair Bolsonaro negou sistematicamente comida aos Yanomami que estavam morrendo de fome, como mostram documentos revelados por Carlos Madeiro, no UOL, neste domingo (12). Isso reforça a implementação de um projeto para facilitar a exploração de sua terra indígena por garimpeiros.

Em outras palavras: caso o ex-presidente tivesse obtido êxito em sua tentativa de reeleição, os Yanomami estariam hoje a caminho da extinção. Se negar comida a um povo faminto enquanto permite que invasores levem doenças não se enquadra em genocídio, então a Justiça vive no mesmo bolsoverso que os seguidores de Jair.

Os documentos revelados por Madeiro foram enviados entre junho de 2021 e março de 2022 aos Ministérios da Justiça e da Cidadania, pedindo comida e alertando para a fome desse povo. Não tiveram resposta adequada.

Prova disso foram as 570 crianças de até cinco anos mortas nos últimos quatro anos, segundo levantamento do portal Sumaúma, e outras 100 neste ano, segundo o governo.

Enquanto colocava em prática seu projeto de "limpar" a Terra Indígena Yanomami a fim de garantir conforto para a sua base eleitoral, Bolsonaro negava a existência da fome.

"Alguém já viu alguém pedindo um pão na porta, no caixa da padaria? Você não vê, pô", afirmou à Jovem Pan em 26 de agosto do ano passado. Depois, em entrevista ao Ironberg Podcast, reforçou o argumento. "Fome no Brasil? Fome pra valer. Não existe da forma como é falado", disse, afirmando novamente que o Auxílio Brasil impede que as pessoas entrem nessa situação.

Ele tentava fazer crer que era mentira que a fome havia subido de 19 milhões, no final de 2020, para 33,1 milhões no início de 2022, segundo pesquisa do Vox Populi encomendada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Ele torturava os dados que não lhe sorriam, tal como fez com área desmatada na Amazônia ou as mortes por covid-19.

A fome como projeto tinha uma cara genocida junto aos Yanomami, mas estava presente em todo o país. Preocupado em garantir recursos para comprar a sua reeleição, Bolsonaro freou ou interrompeu programas que garantir segurança alimentar aos brasileiros.

E não faltaram indicadores. Em setembro de 2022, foram registrados 977 mil diagnósticos de desnutrição de crianças e adolescentes na atenção básica de saúde, segundo outra reportagem de Carlos Madeiro, no UOL. Em agosto, eram 136 mil. Em 2015, 27 mil.

Nesse projeto, o governo Bolsonaro conseguiu tirar o leite das crianças pobres de duas formas no ano passado: viu o produto acumular uma inflação pornográfica e ao invés de aumentar a sua doação para minimizar o estrago, fez exatamente o contrário. 

A entrega gratuita de leite às famílias em extrema pobreza no Nordeste e em Minas Gerais foi reduzida em 87%.

O projeto Bolsonaro para os indígenas não era algo pequeno, mas gigante, perpassando ministérios e instituições. Dessa forma, a quantidade de provas produzidas pela sua gestão contra ela mesma foi grande. Documentos como esses vão continuar aparecendo, abastecendo as investigações da Polícia Federal sobre genocídio

Estados Unidos derrubam objeto voador não identificado que sobrevoava o Canadá
Lula e a extradição de Bolsonaro
Biden vai ter que aturar o capitão perto dele?