O GENOCÍDIO DO POVO YANOMAMI
Nenhuma das notícias correntes no Brasil nesses últimos dias chama tanta a atenção como a triste e covarde situação dos indígenas Yanomami de Roraima. Situação semelhante pode estar acontecendo com outros povos originários, no entanto, a visita do Presidente Lula a esta nação indígena desmascarou o que estava sendo imputado a eles: uma tentativa de extermínio programada. Sim, é prática de genocídio o que estão sofrendo. O Brasil tem um genocídio em curso. Alguém tem alguma dúvida disso?
São muitos os indícios que provam a ocorrência de GENOCÍDIO dos Yanomamis. Basta averiguar o conceito de genocídio para percebermos que é isto o que está acontecendo e não adianta negar o óbvio. Essa prática criminosa se realiza por diversas ações, mas também pela omissão das autoridades, quando mesmo sabendo do problema nada fazem para solucionar a danosa situação.
Quando fazem “ouvido de mercador” aos apelos desesperados de quem sofre com a fome, com a sede e com as inúmeras doenças adquiridas, dentre elas a desnutrição grave, que mata sem piedade, estão praticando abandono. Sem recursos, sem auxílios, sem socorro, sem nada, apenas com a morte os rondando o tempo inteiro, ceifando a vida de crianças, jovens, adultos e idosos. Que tipo de prática é essa, caro leitor?
O que dizer de situações que provocam desequilíbrios para gerar o caos? São obras de puro acaso ou premeditação pensada e articulada para de alguma forma se beneficiar? É, porque favorecer o desmatamento da floresta amazônica, principalmente das áreas de reservas, além de ser crime ambiental grave, facilita o surgimento de muitos outros problemas, a exemplo do favorecimento com a chegada de outros povos na mata, que deveria ser protegida, afinal, são territórios indígenas.
O que achar ou dizer da implantação de grandes serrarias e de garimpos ilegais para explorar as terras dos povos originários? O que achar ou dizer da liberação para esse tipo de exploração das áreas de reservas feita pelo próprio governo? O que podemos entender da ausência das ações de combate aos grileiros, garimpeiros e madeireiros que deveriam ser feitas pelo executivo, legislativo e judiciário, através do uso das Forças Armadas e demais Forças de Segurança? Porque essas questões prioritárias da Amazônia e dos indígenas estavam nas mãos dos militares, que nada fizeram para evitar o genocídio? Por que toda vez em que iria haver uma operação essas informações sigilosas vazavam para proteger os culpados? E da contaminação de águas e solos por mercúrio e a proliferação de doenças entre essas pessoas sem defesas orgânicas e sem assistência médica e social?
Por que a FUNAI e o IBAMA foram enfraquecidos e descaracterizados em suas funções primordiais? Por que tanta dificuldade com as vacinas contra a COVID-19, notadamente, para os indígenas? Por que as incursões e a luta contra o desmatamento foram diminuídas e o que dizer da quantidade mínima das multas aplicadas as madeireiras e garimpos ilegais nos últimos anos? Por que tantas e boas políticas públicas de assistência foram negligenciadas ou paralisadas? Lembrando que os concursos públicos ficaram escassos nessas circunstâncias, por que será? Pois bem, tudo indica que essas e outras perguntas precisam de respostas e elas apontam para uma conjuntura de premeditação criminosa contra os povos indígenas. Senão vejamos os indícios existentes...
O crescimento da população nas terras indígenas aumenta a pressão do ponto de vista da sustentabilidade. Por que permitir e financiar as invasões de terras e a derrubada da mata, apenas para buscar o lucro com os minerais nobres e madeiras raras em terras da União? Com o aumento da densidade demográfica em determinados territórios e com os altos níveis e desmatamento e contaminação das águas devido a exploração mineral, principalmente a procura de ouro, diminui a caça, a pesca, a quantidade de água potável e, com isso, se põe em risco não somente a qualidade de vida dos indígenas, mas aumenta consideravelmente o risco de vida dessa população indefesa.
Sabia que é considerado genocídio qualquer ação deliberada que submeta um povo ao sacrifício do abandono e com isso coloque em risco suas vidas, seu futuro e sua história e cultura? Sabia que subtrair os filhos sem o consentimento e dar para outros povos ou pessoas também pode ser considerado genocídio? Que negar condições de saúde e segurança alimentar e água potável, negar um viver digno, como também negar a proteção contra agentes externos faz parte da prática do genocídio?
Genocídio é crime contra a humanidade que objetiva, nesse caso dos povos indígenas, a realização de uma atrocidade, que promove a destruição de seres humanos, a destruição total ou parcial de pessoas inocentes, a aniquilação de um povo, por meio de diferentes estratégias com um modus operandi próprio, que funciona em favor do extermínio gradual. Atentar contra o bem-estar físico e mental de um povo é prática genocida. Onde estava nosso sistema judiciário com seu poderio que não percebeu essa incursão maldosa? E se percebeu, quais providências foram tomadas? Queremos saber e queremos JUSTIÇA!
Somente no final de janeiro de 2023, o Supremo Tribunal Federal, através do Ministro Luiz Roberto Barroso, após o desvelar da cruel realidade para todo o mundo, determinou a investigação contra membros do governo Bolsonaro por possível crime de genocídio indígena. Isso indica que não se pode mais negar o ocorrido, não se poderá retroceder nesse contexto, pois o mundo inteiro cobra a investigação e a punição dos responsáveis, sejam eles quem forem.
O referido Ministro do STF deu o prazo de trinta dias para que o atual governo faça um diagnóstico completo da situação e a entrega de plano de ação e cronograma de execução, referentes a sete terras indígenas, inclusive com a retirada de garimpos ilegais. Barroso alega que houve desobediência judicial, negligências e múltiplos ilícitos com a participação de altas autoridades federais. Quem serão os responsáveis? São sabemos ainda quem realmente são, porém foi dito que ouve omissões do governo federal e vazamentos de informações sigilosas por membros do governo, possibilitando a fuga dos responsáveis e a perda de provas dos atos criminosos.
Sabe-se que os indígenas já haviam denunciado as práticas criminosas já há algum tempo junto ao Ministério Público, ao Governo Federal e Estadual, mas também a tribunais internacionais, sem que isso se traduzisse em ações de combate e atendimento as necessidades informadas. Depois da visita do atual Presidente e sua comitiva, a realidade vivenciada foi descortinada para que todos pudessem ver e perceber a difícil situação. Entretanto, além de conhecer in loco o problema, Luiz Inácio determinou a imediata intervenção humanitária com tudo que o governo poderia fazer perante o estado de calamidade encontrado. Por essa razão as Forças Armadas se envolveram em operações de salvamento de muitos doentes que foram transferidos para hospitais e o pleno atendimento aos que estavam famintos e sem atendimento médico. As imagens são de cortar coração, são inacreditáveis, considerando que estamos em território brasileiro, que nunca teve essa lamentável experiência. Mas ainda assim o ex-presidente da república e o Governador de Roraima, Antônio Denarium, negam a desnutrição dos Yanomamis e a atriz Regina Duarte ironiza a situação das crianças, mesmo com mais de mil indígenas resgatados com desnutrição grave. É muita cara de pau dessa gente sem escrúpulos!
Todas as providências possíveis e necessárias foram realizadas na intervenção do novo governo, no entanto, as mortes continuam acontecendo porque é muito grave o estado de desnutrição de muitos indígenas em diferentes faixas etárias. As ações de planejamento e execução estão ocorrendo de forma integrada e compartilhada, onda cada pasta colabora em sua área de atuação. O Ministério da Saúde declarou a Emergência de Saúde Pública em 20 de janeiro e o Presidente Lula visitou no dia 21 e acionou a Força Nacional do SUS para atuação imediata contra a desnutrição severa, enquanto o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino determinou que a Polícia Federal investigue a suposta prática de crimes de genocídio, omissão de socorro e de crime ambiental contra o povo Yanomami de Roraima.
Nos trabalhos investigativos acerca do genocídio Yanomami, o Tribunal de Justiça de Roraima, detectou que algumas crianças estavam sendo levadas para atendimento hospitalar na Capital Boa Vista, onde de lá estavam sendo levadas para o programa de adoções, segundo denúncias do Conselho Indígena de Roraima, no que já foram identificados sete casos, sendo dois em processo de adoção e cinco estão acolhidas em instituições. As denúncias do Conselho Indígena são verdadeiras!
Segundo a Fiocruz, garimpeiros desviavam e vendiam remédios destinados aos Yanomamis, para o tratamento da malária. Eles praticavam a venda ilegal de medicamentos para outros garimpeiros, quando na verdade os medicamentos pertenciam aos indígenas, mas que de algum modo eram desviados. Os garimpeiros estupravam e matavam crianças da tribo e trocavam comida por virgens. Situação de pura barbárie, terra sem lei nem ordem. Tragédia Humanitária sem precedentes no Brasil.
Nesta segunda-feira (31), o Presidente Lula assinou decreto que permite a ativação da ZIDA – Zona de Identificação de Defesa, efetivado pela Força Aérea Brasileira, a partir da quarta-feira (1º), objetivando a realização do trabalho de proteção aérea sobre a terra dos Yanomamis no Estado de Roraima, onde todas as aeronaves serão controladas pelas Medidas de Proteção do Espaço Aéreo (MPEA), que visa o combate ao garimpos ilegais. Lula prometeu acabar com os garimpos ilegais e esse trabalho já iniciou.
A todos aqueles que participam direta ou indiretamente desse propósito criminoso e hediondo, dá-se o nome de GENOCIDA. São considerados genocidas todas as pessoas que acreditam, defendem, cooperam, planejam, organizam e executam essas práticas. São também criminosas as pessoas que sabendo da atitude criminosa, fazem vista grossa, ou seja, fazem de conta que é algo normal ou sem importância, porque elas se omitem, negam, tripudiam da triste situação. Esse tipo de atitude não é humanizante, não é solidária e é bem o contrário da lição pregada por Jesus Cristo a todos nós: “Ame ao próximo como a si mesmo”.
Errar todos nós erramos porque é de nossa natureza de criatura imperfeita e finita, entretanto, não reconhecer o erro por algum motivo é imperdoável, principalmente quando estamos falando do valor da vida de outras pessoas, de outros povos e culturas. Estes também são nosso próximos, mesmo que não os conheçamos, mesmo que distantes da nossa realidade. Estas pessoas são nossos irmãos e irmãs, cujo sangue correm também em nossas veias. Suas almas estão ligadas as nossas, sua cultura faz parte de nosso modo de viver. Esses e outros irmãos precisam de apoio, de ajuda, de solidariedade, de amor e harmonia. Os povos originários precisam viver bem e em paz. Eles não têm culpa de suas terras possuírem riquezas que aguçam e materializam a ganância, o ódio e a violência.
Quando seus olhos não enxergam esse fato, quando seu coração não sente essa dura realidade, quando não se compadece, quando sua paixão política não o faz ou a faz perceber a lamentável situação, é porque você já está envolto e absorvido(a) por essa fatalidade criminosa. É hora de acordar para o que realmente é fato. Não negue a obviedade de tudo isso e passe a buscar ser uma pessoa melhor, mais digna e mais preocupada com a qualidade da vida das pessoas. Isso é possível e, nesses casos, existe o perdão divino.
Não seja genocida nem coadune com esse pobre e terrível pensamento, que degenera a alma humana. Você é melhor que isso e com certeza poderá mudar de perspectiva, quando passar a acreditar que pode ser uma pessoa melhor, a começar por se livrar do ódio e da doida paixão política doentia, dessa necropolítica.