O BERRO DO BOI

Carlos Roberto Martins de Souza

Quem nunca viu um rebanho num pasto? Se for gado para corte ou de raça, parece até uma pintura natural. Um gado bem tratado, enche os olhos e mostra o cuidado do dono. Até um rebanho, para ser lucrativo, precisa atenção e zelo estético. Gado cheio de bicho, mal alimentado, abandonado, não dá lucro. A criatividade da politica brasileira elegeu, em 2018, apoiadores de Boçal Nero como “gado", “bois" e rebanho. Não erraram. Era um gado ávido por mugir seu próprio mau gosto, pelo visto, tinham um “berro" atravessado na garganta e precisavam desentalar, pois há décadas não sabiam o que era exercer o poder na sua plenitude. A boiada era e é excêntrica, não há padrão de estética, uns de Havaianas com calça social, outros de paletó, gravata e camisa da seleção. Tem os radicais, aqueles que usam uma bandeira já fedorenta enrolada no corpo, um boné ou chapéu com uma inhaca que atrai todo tipo de moscas. E os calçados? Chulé não falta, sem falar das cores bizarras. As “meninas”, velhas ou novas, elas tem um look particular, algumas com aqueles batons “pega homem", outras com a cabeleira mal cuidada, pintada de verde amarelo, sem falar nas unhas, uma estética prá lá de bizarras. O que dizer dos símbolos usados para identificar o gado? Os desenho mais parecem placas de “zona de meretrício” de beira de estrada. Tinha milhares de “cabeças”, mas o gado não pensava e não pensa, queriam apenas aparecer. Apareceram... nas páginas policiais. A miséria exposta no estereótipo serve como diagnóstico da miséria cultural e intelectual dos seguidores do Bozolino, mesmo sendo um grupo formado em boa parte por esquentadores de bancos em escolas e igrejas. Defendo que para votar, deveria haver um questionário a ser respondido, é evidente que precisamos cobrar resultado mental e racional de quem estuda, pois assim, poderíamos diminuir o surgimento de movimentos duvidosos ou criminosos. O problema é que o nosso projeto educacional é politico é tão desastroso que não é um projeto, é um rascunho onde qualquer um pode meter o dedo e fazer o que quer ou pensa. Professores sérios, cientistas honestos, sociólogos de renome estão chocados com o que estão vendo, vivendo e testemunhando. Fatos, fotos e vídeos não mentem. A estética do “gado" mostra que o rebanho é apenas rebanho, animais usados como massa de manobras. Mas, qual é o fator psiquiátrico, qual a falha cognitiva? Qual é a lacuna neurológica? Qual é a desconexão mental entre tanta gente? Qual o trauma emocional que faz com que o sujeito continue mugindo como boi contaminado pela raiva? Perguntas que precisam de respostas urgentes. Desde os anos 80, tenho alertado para a influência do nível de educação escolar na política no Brasil, sempre afirmei que, por não educar politicamente e corretamente, poderíamos ter problemas sérios no futuro. E o futuro chegou da forma mais dura e cruel possível, nosso Brasil, nação pacífica e respeitada, foi envergonhada, humilhada e ridicularizada. Saber ler ou escrever não significa que o cidadão saiba votar, ou escolher, de forma correta os seus representantes. O movimento bolsonarista é a prova viva e cabal de que a educação no Brasil é de baixíssima qualidade, salvo um ou outro estabelecimento, a maioria e composta por instituições onde as pessoas estão comprometidas com o dinheiro, seja como dono do negócio ou funcionário. Ensinar é apenas uma mera formalidade. Parece que há acordos entre professores, eles fazem de conta que ensinam, e os alunos fazem de conta que aprendem. Você entra numa sala de aula e logo você nota a falta de interesse das partes, é aluno coçando o saco, pensando na namorada, olhando para o “nada" como se lá estivesse algo importante. Colaborei, voluntariamente, por oito anos numa das melhores escolas da cidade, tentei alertar, mostrar que ensinar não é apenas colocar conhecimento literário na cabeça dos alunos, é algo muito além, mais sério e rentável intelectualmente, mas não consegui. Depois de avaliar, decidi tocar a vida... O “berro" inconfundível e persistente da manada bolsonarista retratada em suas redes sociais, nas igrejas, nas ruas e no vocabulário mesquinho e chulo, ressoa como um alerta para as futuras gerações, o comportamento sem qualquer relação com o “humano" expõe a realidade de uma sociedade movida pela emotividade e não pela racionalidade. Quando ouço um bolsinarista defender seus princípios terroristas com argumentos desprovidos de qualquer razoabilidade, vejo que algo precisa ser feito, e urgente. Percebe-se que o animal bolsonaristas, geralmente teve a chance de aprender, pois esnobam poder aquisitivo.. O rebanho pós-graduado de bolsonaristas teve a chance que muitos brasileiros não tiveram. Só que eles faltaram as aulas, ou, são mesmo idiotas e sem capacidade mental de assimilar alguma coisa útil, que é o que defendo. Como, em pleno século XXI, podemos conviver com gente tão canalha, tão animalesca, tão incapaz de perceber que elegeu um terrorista como representante? Como? A escola, como escola, falhou. Não tenho dúvidas. Chamar essa gente de idiota é agredir a gramática, é elogio. Podemos dizer que são idiotas, que é o limite do vernáculo, mas vale lembrar que idiotas têm solução, e a história prova isto, basta ver que alguns que enfrentam problemas com a justiça, acabam dando uma guinada na vida. Algumas atitudes salutares, convivência com pessoas integras, boas leituras podem ajudar. Mas os canalhas são imutáveis, incuráveis. O comportamento perverso, irracional, odiosos, vingativo, desonesto e imoral de Boçal Nero mostra que o gado de seu rebanho carece de estética cultural, moral e espiritual, num simples olhar, nota-se que o gado está tomado de bicheiras, carrapato, bernes, e o pior, a raiva provoca uma baba continua que contamina quem tiver contato e não estiver imunizado. Quando surgiram os “acampamentos", logo pensei que eram unidades terapêuticas voltadas para tratar a estética da burrice, parecia uma reunião de “BOLSONARISTAS ANÔNIMOS". A nação brasileira teve um Deus sequestrado, tentaram fazer dele a vitrine da ignorância, um bode expiatório para expurgar os adversários. A intenção maligna de transformar o país num grande “Gueto Gospel” não prosperou, a fé dos evangélicos falhou, faltou honestidade na relação com o Divino. Os caçadores de bruxas, agora são as bruxas, ou gado, que por não terem um bom boiadeiro, agora precisa tomar cuidado, pois muitos já foram conduzidos a currais para serem registrados, pesados, vacinados e NUMERADOS. Colocaram o Brasil à venda, o preço era a ruptura do regime democrático, o problema que falharam na propaganda, que dizem ser a “alma do negócio”, e ai, a casa caiu, ninguém de sã consciência quis comprar um produto de estética duvidosa. E ai, no “berro", tentaram, inutilmente impor, pela força, a vontade do Capetão, e se ferraram. O besta "gado" aflito bolsonarista adora sofrer e fazer sofrer, é considerado esquisito, sadomasoquista e, sem demora, vai morrer abraçado com o "mito" no fim da peleja da cidadania contra a mitologia. O velório já começou, o sepultamento do boiadeiro e sua boiada será lento, é para que outros possam refletir no destino melancólico, triste e vexatório de quem quer desfilar na vida, mas não cuida de sua estética cultural. Muuuuuuuuuu!