"O rei está nu" e o negacionismo de verdades

Na estória "A nova roupa do rei (ou do imperador)", o monarca é presenteado com uma "roupa" nova. Só que o alfaiate astuto não confeccionou nenhuma roupa, pois não passa de um blefe genial para enganar a todos do reino, inclusive o rei. A sua jogada se consiste em alertar às pessoas que apenas os mais inteligentes que podem ver a nova roupa. Uma maneira muito esperta de prevenir a (quase) todos de nunca admitir em público que não podem vê-la, porque não existe. A partir daí a tão comum estupidez humana corre solta e (quase) todos passam a se convencer que, de fato, a nova roupa do rei é belíssima, tem certa cor e textura, só que jamais admitem que não estão vendo a dita cuja que os acusaria de não serem "mais inteligentes".

Então, num certo dia, o rei, convencido de que ganhou uma nova roupa, decide mostrá-la aos seus súditos. Só que ele e o alfaiate astuto não esperavam que uma criança pobre e inocente estivesse no salão para presenciar a cena bizarra do monarca desfilando com roupas de baixo, como se fossem vestimentas mágicas que apenas os mais inteligentes podem ver.

Eles também não esperavam que esta criança fosse do tipo aforada, que diz aquilo que lhe vem à cabeça, sem filtrar. O menino não apenas presenciou esta situação patética como também ousou apontar o seu dedo indicador pequenino, do alto de sua infância sincera, em direção ao rei e gritar, espantado:

"O rei está nu!!"

Muitos que estavam lá duvidavam da existencia daquela roupa mágica, outros é provável que já soubessem que se tratava de uma armação, mas (também) decidiram se manter calados, enquanto que, não duvido que muitos outros realmente estivessem acreditando que fosse verdade.

A nova IDEOLOGIA do rei??

A ilusão da mentira

Pessoas, em todo mundo, visitam anualmente exposições de "arte" moderna. Pois muitas delas se convencem de que certo "trabalho" é arte e de alta qualidade, especialmente quando são informadas de que a "obra" é de um "mestre" do ofício, um "gênio" midiaticamente celebrado.

Se a arte é a expressão máxima da beleza em todas as suas facetas, então, deve ser sempre principiada pela QUALIDADE. Não existe a restrita necessidade de se produzir telas de pinturas realistas ou para qualquer outra dimensão artística, desde que estejam providas de qualidade. E é justamente neste ponto que a dita "arte moderna" parece estar completamente equivocada. Minto, porque ao menos na astúcia de enganar milhões de pessoas, existe alguma qualidade, mas com que intuito??

Pois ideologias de esquerda também convencem muitas pessoas de que TUDO o que dizem ou defendem não está apenas correto, mas também que "apenas os mais inteligentes" podem ver ou entender...

A ilusão da realidade compartilhada em contraste à verdade da realidade percebida ou de consciência estética e sincera, se torna ainda mais saliente quando acompanhamos os devaneios numerosos da esquerda (mas TAMBÉM os da direita) sobre aquilo que determinam como "verdade".

Não são apenas ideologias de esquerda que defendem negacionismos de verdade, pois as ideologias de direita, como as religiões monoteístas, também negam verdades que consideram ideologicamente inconvenientes para elas. Só que esse conto de fadas em particular cai como uma luva para explicar negacionismos de esquerda, porque se utilizam de uma retórica sofisticada e convencem os mais crédulos justamente pelo argumento de que apenas os mais cultos podem "ver" ou entendê-los: de que toda obra de "arte moderna" é arte; de que as pessoas são todas iguais, que suas diferenças, de inteligência e comportamento, são produtos apenas da cultura ou do meio; de que as raças humanas não existem, dentre outros postulados negacionistas de verdades...

Então, temos o garotinho representando a gente "do povo", sem papas na língua, objetivo, direto, literal e, na maioria das vezes, seco ou bruto. E temos as multidões de adultos pretensiosamente sofisticados e que, por incredulidade ou conformismo, passam a acreditar em qualquer coisa que é considerado "inteligente" por suas autoridades ideológico-intelectuais.

Mais um Thiago
Enviado por Mais um Thiago em 19/01/2023
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