NÓS E A VERDADE ou “conjunturas da verdade no tecnocapitalismo”

Este ensaio é a primeira publicação de uma série que visa discursar sobre hipertição, ciberespaço, tecnocapitalismo, comunismo ácido, surrealismo socialista e, principalmente, poesia ciborgue.

1. Tecnocapitalismo: a era do “pós”.

Lyotard sublinha que a falência das metanarrativas é a condição da pós-modernidade, isto é: as grandes verdades narrativas que davam as coordenadas do entendimento humano sobre si e sobre o mundo se desmancharam “no ar”, como diria Marx. O cristianismo, o iluminismo e o marxismo, bem como Deus, o amor e o futuro tornaram-se narrativas insuficientes para dar conta de tudo. A totalização do conhecimento em um “núcleo sólido” tornou-se insustentável e explodiu de forma descentrada em uma multiplicidade de narrativas.

Aí é que surge a “pós-verdade” como a condição de verdade pós-moderna, esse conceito sublinha justamente a ineficiência de uma metafísica da verdade diante do cenário político e econômico tecnocapitalista. No atual cenário, as metanarrativas não deixaram de existir, mas encontraram um ponto de ignição no qual aceleraram e se multiplicaram, passando a funcionar através de um feedback positivo, que estimula a sua multiplicação. Se antes existia uma única verdade para todos, agora existe uma verdade para cada homem, se antes Deus era uno, agora é múltiplo. O absoluto tornou-se frágil, maleável e modificável.

A que devemos essa condição? Sem dúvidas ao capitalismo. Sabemos que o capitalismo não se trata apenas de um sistema socioeconômico, mas sobretudo de um sistema de crenças. Pensar a subjetividade capitalista como subjetividade de acúmulo é ser reducionista, o capitalismo tem a ver com acúmulo e enriquecimento tanto quanto uma cadeira tem a ver com um abacaxi. A organização econômica capitalista é um regime de manutenção do poder, seus artifícios e seu funcionamento têm o objetivo de manter o status quo: por mais que o capitalismo se reterritorialize nunca se livrará da luta de classes. Diante desse estatuto, uma das maneiras mais notáveis de reterritorialização do capitalismo é o recente arranjo chamado de capitalismo digital, globalizado ou tecnocapitalismo, assinalado pela aceleração do capital através da circulação de dados e neurotização dos fluxos desejantes e informacionais. Montando-se como uma informática da dominação onde as máquinas de produção midiáticas e simulacionais se confundem com as máquinas de produção desejantes, tornando-se híbridas e produzindo híbridos.

2. Pós-verdade e paraverdades.

A descrença na categoria universal de verdade modifica o status da produção de conhecimento, pois a veracidade é, em linhas gerais, o pano de fundo de toda teoria científica. É da ciência tradicional e positivista o desejo de totalização do mundo em fenômenos observáveis e verificáveis, a suspensão da necessidade de que os dados correspondam aos fatos põe em xeque toda a forma que conhecemos de produção científica. Na pós-verdade, a veracidade de um dado tomado como verdade torna-se menos importante do que o seu efeito social. De fato, a abundância informacional é tamanha que agora conseguimos selecionar quais informações são verdadeiras e quais não são, nesse paradigma a verdade não é somente o que convém, mas o que produz (subjetividade, semiose e política).

O mais curioso nisso é pensar que o par antinômico da verdade - a falsidade - tornou-se tão insustentável quanto ela, pois substituir a metanarrativa da verdade que diz “existe uma Verdade única que pode ser alcançada e traduzida” pela metanarrativa que diz “existem falsiabilidades que podem ser alcançadas e traduzidas” é incoerente. A descrença na verdade é também uma descrença na mentira, onde dificulta-se a tentativa de alcançar tanto aquilo o que é verdadeiro como aquilo o que não é, essa desconfiança universal se justapõe no que neste ensaio será chamado de “paraverdades”. As paraverdades não são simplesmente verdades ou mentiras, mas ideias tomadas como verdadeiras dentro do lodaçal que fica entre as categorias universais de verdade e mentira. A paraverdade é tomada como verdade em relação ao desejo do indivíduo, tratando-se de uma verdade desejante. Ela se diferencia do desejo, da esperança ou da superstição pela sua dimensão política. É uma afirmação entendida como fato não por ter passado por um sistema criterioso de avaliação, mas pelo simples fato de que não convém que não seja. A suspensão das categorias de verdade e mentira não implica que agora não sabemos de absolutamente nada e que tudo tornou-se uma grande confusão, implica dizer que a verdade fugiu do campo da Lógica e passou a pertencer quase que unicamente ao campo do Desejo, tendo a lógica somente como um artifício para sua sustentação.

Se o desejo produz realidade e o real é o que consideramos como verdadeiro então o capitalismo, a mídia e o mercado são os produtores oficiais da realidade na pós-modernidade. Isso se aproxima ao que Baudrillard chamou de “hiperrealismo”: realidade enxergada sob as lentes da ideologia midiática de mercado. Como abordado no meu livro “Diários Esquizoanalíticos”, o capitalismo produz subjetividades como produz pasta de dentes: em massa, o mesmo acontece com a verdade, que é produzida e reproduzida em massa, o que cria um ecossistema simulacional onde as subjetividades se comportam como mônadas: fechadas em suas próprias verdade-realidades. Agora não temos mais acesso à realidade, mas apenas a dados da realidade e dentro desses dados, filtramos quais nos convém.

A unilateralidade da alienação nesse cenário, torna-se um conceito antiquado, pois afirmar que existe a alienação é afirmar que existe algo fora dela. Não existe mais um “fora” da alienação, ela é a condição comum de toda subjetividade pós-moderna.

3. A política das paraverdades

O que sustento aqui é que essa ecologia da facticidade tornou-se um terreno fértil para as políticas neo-reacionárias da extrema-direita, que têm aproveitado de maneira bastante eficiente a condição da pós-verdade através de uma profusão de técnicas e mecanismos de psicologia das massas, entre elas as “fake news” que geraram os atos terroristas das invasões ao capitólio nos Estados Unidos e ao Congresso Nacional no Brasil. De fato temos observado uma inversão geral dos papéis da esquerda e da direita, se por um lado a direita têm se consolidado cada vez mais como uma direita revolucionária, a esquerda tem ocupado o papel de lutar a favor das instituições políticas clássicas que há séculos estava lutando contra.

A direita sabe não somente produzir paraverdades como balizá-las e canalizá-las, a produção de verdades tornou-se sua principal tecnologia política. A esquerda nesse sentido assume um papel conservador, ao que parece, ela almeja sustentar a metanarrativa da verdade universal colocando-se num certo lugar de “paladina da verdade”, sua defensora, sua heroína. Para muitos esquerdistas, o papel da esquerda é o de esclarecimento, de mostrar onde as pessoas estão errando, de salvar o proletariado de direita de sua alienação¹. No geral, essa ideia é bastante colonizadora². A esquerda perdeu seu papel revolucionário e tem se perdido em sua luta política. Não é nem nunca foi papel da esquerda defender as instituições tradicionais ou de salvaguardar os bons valores. Enquanto a direita luta com armas do século XXI, a esquerda ainda está em 1917.

De fato o tecnocapitalismo assinala a era do “pós” porque assim que conseguimos entender alguma coisa sobre ele, o entendimento se torna imediatamente “póstumo” e ultrapassado. Sua velocidade de aceleração tornou-se dificílima de ser acompanhada, é isso o que assinala a perspectiva aceleracionista e é diante dessa afirmação que o l/acc (aceleracionismo de esquerda) têm algo a nos dizer sobre subjetividade política (ou sobre a política das subjetividades). As paraverdades não devem ser tomadas como inerentemente ruins ou más, o nosso papel como esquerda não é o de julgar, elas não são unicamente um fenômeno de extrema-direita ou uma tecnologia política, mas tratam-se de um fenômeno global (ocidental) de subjetivação. As paraverdades são um modo de habitar a condição da pós-verdade, é seu modo de operação. A esquerda deve saber, também, utilizar e balizar a paraverdade, entendendo o seu efeito social e político. Devemos também saber guerrilhar no campo das paraverdades.

Isso não implica dizer que a esquerda vai “meter o louco” e abandonar o materialismo histórico dialético, a organização política, a ação direta e os meios tradicionais de luta; implica dizer que faz-se necessário uma atualização autocrítica do papel da esquerda no cenário atual. Precisamos pensar em novas (novíssimas) formas de resistência, luta e atuação, se falamos em tecnocapitalismo, é preciso falar também em tecno-socialismo.

4. O lugar das esquerdas.

É preciso acordar a esquerda de seu sono dogmático (ou dogmaquínico) e fazê-la pensar: qual o meu papel diante desse novo paradigma? Temos diante de nossas mãos a resposta marxista clássica, que permanece inalterada: o problema principal da estratégia socialista está em como criar as condições sociais objetivas e subjetivas para uma mobilização que leve a revolução das massas. Se estivermos mirando na revolução então estaremos empunhando as armas da maneira correta. No entanto, ao que parece, a esquerda ainda não encontrou o seu ponto de catapultamento e se encontra inerte diante da aceleração do capital, o status atual do capitalismo informacional ou da sociedade pandêmico-digital confunde as esquerdas que parecem não mais saber empunhar as armas da crítica, com isso ela se sectariza e se divide de maneira autônoma, o que é um efeito direto da aceleração do capital, que pode ser considerado uma resposta à crescente hegemonia do comunismo no cenário pós-guerra do século passado.

Precisamos pensar: quais as armas do capitalismo na produção subjetiva e quais são os nossos escudos? Quais as armas do socialismo na produção subjetiva e quais são os escudos capitalistas? De fato a burguesia sempre teve a primazia ideológica, visto que é a detentora dos meios de reprodução midiáticos, sua grande estratégia na segunda metade do século XX foi um investimento massivo nas tecnologias midiáticas, o que levou a uma industrialização da produção de opiniões. No paradigma atual, mais do que nunca, a esquerda não compreende as forças de subjetivação capitalistas: estamos perdendo a guerra ideológica.

5. Crítica da Faculdade do Acúmulo.

Para muitos de nós, o capitalismo e a subjetividade capitalista têm a ver com incentivar a faculdade de acúmulo, isso é: pensamos que o que o capitalismo faz é criar sujeitos empenhados em acúmular, competir e trabalhar, em serem seus “próprios patrões” e internalizarem o trabalho e o imperativo da produtividade laboral, que é o que Byung-Chul Han defende em seu “Sociedade do Cansaço”.

É preciso fazer uma Crítica da Faculdade do Acúmulo e perceber que o estímulo à capacidade de acumular capital é apenas a dimensão mais superficial da subjetividade capitalista. Ela existe não para criar sujeitos acumuladores (afinal, o capitalismo não se importa em enriquecer as pessoas) mas para criar sujeitos despreocupados com a revolta e com a revolução. A faculdade do acúmulo é um mecanismo de contra-revolta do capitalismo; Para alimentá-la é preciso antes desestimular duas outras faculdades fundamentais: a faculdade de comunidade e a faculdade de sonhar.

O capitalismo captura a nossa faculdade de comunidade (o nosso “zoon politikon”) ao passo em que impede uma subjetividade capaz de formar comunidades autênticas. A crise da solidão se tornou evidente nas décadas mais recentes do capitalismo, as pessoas se sentem solitárias e sozinhas, no geral são incentivadas a viver assim. O indivíduo não existe, ele precisa ser criado, pois o sujeito é uma subjetividade coletiva. O que o capitalismo faz é uma atomização da dimensão coletiva da subjetividade, estimulando a experiência individual da vida: “você deve batalhar”, “você deve crescer”, “você deve conseguir”; “não compartilhe seus sonhos”, “não demonstre fraqueza”, “não expresse muito as suas emoções”. Isso se dá através dos imperativos do neoliberalismo: se os meus pares são pessoas com as quais devo competir para obter sucesso, então não devo confiar em ninguém, se não confio em ninguém não consigo criar comunidades autênticas, se não participo de uma comunidade, não tenho força para me revoltar. A necessidade do sucesso é adjacente à ideologia neoliberal, quer queiramos quer não, vivemos em função disso, sem nem perceber que a sede individualizante pelo sucesso impede a vivência do coletivo, castra as nossas relações sociais e atomiza nossos laços. Uma revolução só é possível através do coletivo ou em comunidade, desestimular a faculdade de comunidade é desestimular a revolução: torna-se um mecanismo autêntico de contra-revolta.

A desestimulação da faculdade de sonhar parece ser menos evidente, e realmente é. Por faculdade de sonhar não estou querendo falar de qualquer sonhar ou do sonhar psicanalítico, o que o capitalismo captura, especificamente, é a capacidade de sonhar com o futuro. O pensamento geral é de pessimismo, é difícil ser otimista dentro do capitalismo, ele nos encanta com sua promessa de sucesso, progresso e riqueza, promessas que nunca chegam.

O progresso do capitalismo é ilusório, ele não consegue oferecer nenhuma mudança significativa dentro de seu sistema e aliena o que chamamos de “novidade”. Está tudo nas propagandas: “o novo modelo de Iphone”, “nova promoção do Mac”... A mesmice é espetacularizada para criar essa atmosfera de novidade: Elon Musk enviando um carro pro espaço… o que há de novo em enviar coisas pro espaço? São esses os sonhos que o capitalismo nos promete, esse é seu progresso: mais do mesmo, espetacularização da decalcomania. Ademais, não conseguimos sonhar com melhores condições de vida ou acesso aos nossos direitos humanos básicos, não conseguimos sonhar com a diminuição ou extirpação da desigualdade social, não conseguimos sonhar com um futuro onde a industrialização não dizimou o planeta ou onde a sociedade encontra-se profundamente alienada e adoecida, não conseguimos sonhar com um mundo que não está dominado por uma crescente onda de insurgências fascistas. No geral: não conseguimos sonhar fora do capitalismo, não conseguimos ver um horizonte onde superamos suas contradições fundamentais. Srnicek e Williams afirmam: o capitalismo não nos promete o futuro porque ele não pode oferecê-lo³. A esperança só é possível fora e sobretudo para além do capitalismo.

O capitalismo não só nos encanta com falsas-novidades como fetichiza a nostalgia do passado, nossa impossibilidade de sonhar com o futuro é tamanha, que só conseguimos olhar para frente através de uma glamourização do passado. Em suma, sonhamos com retrotopias. A retrotopia da direita brasileira está em uma romantização da ditadura militar, que querem desesperadamente que volte a acontecer, enquanto a retrotopia da esquerda está no primeiro governo Lula, onde sonhamos desesperadamente que essa façanha volte a se repetir em seu terceiro mandato. Não conseguimos sonhar para além do circuito capitalista, nosso desejo não consegue escapar às suas formas de captura: subjetivamente não existe mais um “fora” do capitalismo (assim como não existe mais um “fora” da alienação).

Essa impossibilidade de sonhar para além do capitalismo é o que Mark Fisher chamou de “realismo capitalista”, a descrença em um futuro possível é a principal metanarrativa capturada por essa ideologia. Por isso Fisher afirma: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo.

Segundo Fisher, duas ciências conseguiram denunciar com maior clareza as contradições do capitalismo: a psicologia e a ecologia. A psicologia porque já não é mais possível negar os efeitos danosos da ideologia neoliberal sobre a subjetividade pós-moderna, haja em vista a epidemia dos transtornos do humor como ansiedade e depressão, as doenças do século XXI. A normalidade é o adoecimento pelo cansaço e excesso de esforço e trabalho; A ecologia porque tornou-se inegável as mudanças climáticas decorrentes da ação do capitalismo sobre o planeta terra⁴, no Brasil isso tem ficado ainda mais evidente com o aumento das chuvas em certas regiões do país e as frequentes ondas de calor, sem falar, é claro, do desmatamento desenfreado e escancarado. A catástrofe ecológica iminente é uma convocação anticapitalista.

Para sair de seu sono dogmaquínico a esquerda precisa fazer essa crítica da faculdade do acúmulo. O papel da esquerda hoje é claro: suscitar o coletivo e alimentar o futuro. Os liberais nos acusam de utopismo, eles dizem “o comunismo é utópico e nunca será plenamente realizado”, mas eles não sabem que o comunismo precisa ser utópico. A nossa função enquanto comunistas, enquanto uma esquerda radical é criar e alimentar utopias, isso é: mostrar que é possível sonhar com um futuro fora do capitalismo, com um futuro melhor que o capitalismo. Precisamos reaprender a sonhar, precisamos inflamar o desejo. Se vivemos em tempos de realismo capitalista, é a nossa função suscitar o desejo revolucionário através de um surrealismo socialista (5).

NOTAS

¹ Alguns camaradas talvez se incomodem com esse parágrafo em específico. O marxismo tem por uma de suas bases o materialismo histórico dialético que, a grosso modo, é um método que se preocupa uma análise concreta dos dados concretos da realidade social, entendendo sua dimensão multifacetada e dispensando os idealismos burgueses. É por causa de seu método rigoroso de análise que consideramos o marxismo uma ciência. Por isso o esclarecimento faz parte da estratégia marxista, o trabalho de base é um trabalho de esclarecimento das massas, esse é o modo de suscitar a consciência de classe e criar a condição subjetiva da revolução. A grandeza desse método permanece inalterada, mas não leva em conta a paraverdade, que deve ser considerada na equação.

² Muitos consideram o proletariado de direita “burro” e “idiota”, num esforço para culpar e julgar o seu lugar dentro da pós-verdade; outros inocentizam o proletariado, colocando-o no lugar de “vítima” que ingenuinamente caiu nas terríveis garras da ideologia conservadora reacionária, em todo caso a pessoa da afirmativa se coloca como esclarecida, entendedora e expert, o que é um lugar perigoso. O lugar do suposto-saber pode sim ser um lugar colonizador.

³ Os autores afirmam que somente em um regime pós-capitalista (lê-se socialista) é que é possível sonhar plenamente com o avanço tecnocientífico, é só nesse estado que a colonização de outros planetas e a transferência da mente para a máquina será possível. Srnicek e Williams caem dentro da armadilha que criticam: colonização e imortalidade são os mais puros sonhos do imperialismo capitalista.

⁴ Têm-se chamado de “antropoceno” essa nova era geológica onde o humano tornou-se uma força climática capaz de interferir nos ecossistemas da terra, eu discordo desse termo. O homem existe há dezenas de milhares de anos e nunca demonstrou ser uma ameaça à homeostase do planeta, essa façanha tem seu início no século XVIII com a industrialização e o surgimento do motor a vapor. Uma diversidade de comunidades humanas conseguem conviver em perfeita harmonia com a terra, sem deixar nenhum rastro sobre ela. O problema da terra não é o ser-humano, é o capitalismo; o homem não é uma praga, o capitalismo é.

5 O termo “surrealismo socialista” foi introduzido aqui com a função figurativa de exercer uma antinomia direta ao termo “realismo capitalista”, mas provavelmente não é o termo mais adequado para a ideia, pois pouco ou nada tem haver com o que comumente é entendido como surrealismo. Outros termos mais aproximados ao que se busca exprimir com a proposta do texto seriam: “tecno-socialismo”, “comunismo ácido” ou “comunismo solarpunk”.