Ano Novo e a continuidade da maneira de ser

Ano novo e a continuidade da maneira de ser

Publicado no Blog Diário do Poder, Brasília/DF, de 15/01/2023

Quando o mundo é sacudido por graves fatos sociais, tais como: a ameaça de guerra nuclear, desconhecidas pandemias e a desorganização das economias nacionais e internacional, gerando mais desemprego e fome, é obrigatório a proposição de novas formas de organização e funcionamento das sociedades, visando a vida digna da população do planeta.

As atuais instituições sociais fracassaram nos seus mais importantes propósitos, quais sejam o de trazer felicidade e segurança para todos.

A maioria das pessoas não sabe o que está acontecendo e o que o futuro próximo nos promete.

A reflexão moral, que permeou as sociedades e condicionou o desenvolvimento da Civilização Ocidental, quase não existe mais.

É impossível trabalhar com conceitos éticos, para organizar e fazer funcionar as sociedades, se poucas são as pessoas que ainda os aceitam.

Neste aspecto as Igrejas Cristãs Históricas, o Islamismo, as Religiões Orientais que sempre pregaram os ensinamentos éticos e os sistemas de educação existentes têm muito a dizer.

O individualismo e a ganância por riqueza e poder dominam a forma de pensar das sociedades. Poucos entendem o que significa uma convivência solidária, enxergando o outro como irmão e não como um competidor.

A política e a economia, nesses ambientes progressivamente individualistas, amorais, procuram fortalecer os mecanismos de perpetuação dos sistemas de dominação, possibilitando a estabilidade, a segurança das classes dominantes e a dominação opressiva da maioria das pessoas. O fosso que se abre entre pessoas e regiões ricas e as multidões e continentes pobres é inaceitável e poderão nos conduzir trágicos confrontos sociais.

O extraordinário progresso tecnológico desemprega. O saber passa a ser não só uma distinção intelectual, mas, também, um elemento de separação das pessoas: só os bem formados encontrarão emprego.

A Democracia pouco a pouco deixa de ser um ideal, um bem social a ser preservado e promovido. Vai se tornando instrumento solerte de dominação política e cultural, pelo uso esperto do dinheiro, da propaganda e dos cada vez mais sofisticados sistemas indutores de comportamento e de formas de pensar, que desconhecem os princípios morais que sustentam os ideais da Liberdade e da Justiça.

Atualmente a igualdade de oportunidades e de direitos das pessoas é um sonho cada vez mais distante.

O Estado, devido as dimensões dos graves problemas a serem enfrentados, necessariamente terá de participar do resgate da miséria, do meio ambiente e do estabelecimento dos sistemas educacionais e de saúde, que permitirão no futuro a igualdade de oportunidades para todos. O mercado é insuficiente para gerar igualdade e o atendimento dos bens e serviços básicos para o atendimento das necessidades básica das populações.

As atuais lideranças políticas tem o dever de esclarecer o povo a eleger representantes honestos e competentes, que tratarão de reorganizar as complexas sociedades na direção do convívio solidário. Serão anos de conquistas difíceis na busca do Bem Comum. A alternativa será o caos.

O início correto do processo de salvação da humanidade passa, necessariamente, no abandono da crença de que a “vida coletiva e as pessoas são assim mesmo” e nada fazer para mudar seus comportamentos. É preciso voltar a sonhar com propostas “ingênuas” de um novo mundo e trabalhar unidos para que isso aconteça, pelo simples motivo de ser a única alternativa que nos resta.

Eurico de Andrade Neves Borba, 82 anos, ex professor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, mora em Ana Rech, Caxias do Sul, eanbrs@uol.com.br