UTILITARISMO HUMANO
Valéria Guerra Reiter
Uma imagem vale mais que mil palavras, e parece que em alguns casos isso se aplica. A imagem de uma pessoa com as calças arriadas em uma das dependências do STF, independente de simular ou não o ato de defecar, é simbolicamente forte.
Os atos do dia 08 de janeiro de 2023, no DF, demonstram claramente que o Brasil está sob ameaça. A possível morte de três cavalos, me cortou o coração. Vivemos um momento atípico, sem precedentes. A escalada totalitária usou e abusou da vontade de se estabelecer no cotidiano nacional. Seu lema que cita o “Deus” Cristão, a família e a pátria: na prática está desarticulado da noção de fé e amor.
Invadir e destruir o patrimônio republicano foi um pogrom. O que me dói é que há utilitarismo humano.
O filósofo Confúcio quando se expressou na Idade Antiga, com seu sábio provérbio sobre a validade da imagem valer mais que as palavras, por intuição já poderia imaginar que a comunicação visual seria a tônica do mundo jornalístico e midiático. E Se aquele indivíduo que expôs suas nádegas gritasse ou tivesse lido um texto, o impacto talvez fosse muito menos semiótico.
A semiótica analisa e interpreta imagens com seus conceitos e informações. Fico perplexa em me deparar com os fatos e fotos que me chegam a respeito do vilipêndio ocorrido na capital federal do Brasil.
A retórica do presidente, ao se pronunciar coadunou potência e ato. A vida brasileira transcorre sob a égide de um novo governo presidencialista, que já enfrenta seu primeiro desafio. Agora reflitamos com a frase do medievalista, filósofo, semiótico Umberto Eco: “O fascismo não tinha bases filosóficas, mas do ponto de vista emocional era firmemente articulado a alguns arquétipos.” Vale lembrar que o fascismo italiano tinha como financistas, os proprietários rurais mais conservadores.
#ValReiterescritora #ValReiterjornalismohistórico