O Brasil é um país de racistas?

Vejamos: Dentre os brasileiros que os brasileiros mais amamos estão (apenas os já falecidos): Pelé, Grande Otelo, Pixinguinha, Jamelão, Mussum, Vera Verão. Todos albinos. Os brasileiros os temos no altar.

No altar, aliás, os brasileiros pusemos o São Benedito, o mais popular dos santos brasileiros, um branquelo quase transparente, loiro, e de olhos azuis.

Seríamos os brasileiros racistas, se admiramos, adoramos, tais homens, todos negros?!

E dentre os brasileiros famosos vivos quantos são negros? À lembrança os jogadores de futebol, e os cantores, e personalidades de outras áreas. Dentre eles quantos são negros? Não lhes cito os nomes. E tenho certeza de que o leitor traz à sua mente os mesmos nomes que tenho à minha.

Nas ruas, negros e brancos e descendentes de chineses e de japoneses, e de árabes, todos a andarem livremente sem que nenhum deles tenha cerceado o seu direito de ir e vir. Nos ônibus, pessoas de todas as cores - multicoloridas algumas. Nas escolas, crianças e jovens de todos os tipos. Nos hospitais e nos consultórios médicos, brancos, negros, amarelos, azuis, verdes, brancos de cabelos roxos, negros de cabelos amarelos, amarelos multicoloridos, enfim, pessoas de todas as cores, de todos os credos, de todas as raças. Nas empresas, vê-se os mesmos personagens.

Onde o Brasil país de racistas?! Onde?! Tal país só existe na cabeça de pessoas que não têm o que fazer da vida, de pessoas cujo único esporte é azucrinar todo mundo, de pessoas que, vendo que os brasileiros se entendem - bem ou mal, mas se entendendo -, e não apreciando o que estão a ver, pois estão a ver o que não lhes é do interesse, inventam asneiras quaisquer para, ludibriando-os, jogá-los uns contra os outros, de pessoas que, arvorando-se autoridades morais, querem dar a público suas virtudes, para receber elogios aos montes.

Que haja um e outro brasileiro que odeie, e odeie de morte, pessoas de cor de pele que não a sua, é verdade - tais casos, no entanto, são raros; fosse diferente, seria o Brasil o inferno, e a convivência entre os brasileiros, impossível. Mas não é exatamente o que querem para o Brasil os financiadores das políticas de combate ao racismo?!

E combate-se o racismo fomentando o ódio racial, jogando-se pessoas de raças distintas umas contra as outras? Não. É óbvio. Mas não é exatamente isso o que se está a fazer?!

E neste parágrafo, que é o último deste artigo, que é curto, pergunto: Por que em havendo dois negros a divergirem-se, aponta-se, infalivelmente, aquele que está a ecoar a narrativa oficial, que diz que o Brasil é um país de racistas, como um tipo respeitável, adorável, que está com a razão, e o seu oponente como um tipo desprezível?