A REVOLUÇÃO DOS IDOSOS
A REVOLUÇÃO DOS IDOSOS
Conscientes do cumprimento do dever cívico, na sua quase totalidade, idosos mantinham o acampamento onde pedem socorro das FA. As conversas pareciam ser as mesmas de um momento histórico em que muitos com sentimento patriótico, trocaram suas casas, para um convívio em comunidade. À frente dos quarteis homens e mulheres agrupados num manifesto pedindo por socorro à Nação – liberdade, segurança jurídica, proteção contra a ditadura e o comunismo prestes a se instalar no país. Comentava com os que nos acompanhavam: o quadro mais parece de uma revolução de idosos em favor da nação. Aproximando de uma das centenas de barracas, uma boa senhora, com um sorriso disse: podem chegar! Pela boa recepção, fomos chegando mais perto, e perguntei: como vão as coisas por aqui? – Estamos firmes aqui, até que venha o socorro. Mas vejo que nesta hora do dia a grande maioria é de pessoas idosas. – É assim em todas as manhas, muitos vão dormir em casa, cuidar das tarefas, mas, até às quatorze horas todos voltam e, aí fica tudo normal. Muitas famílias chegam completas, trazendo até mesmo as crianças. É claro que muitos jovens também estão engajados na luta. Haviam mulheres, conversando animadamente enquanto cascavam alhos, e o que falavam era o mesmo do que se ouvia em cada canto. Entremeio a muitas faixas e escritas em cartolina, uma diversidade de apelos se fazia. Numa delas estava escrito: “entregue aqui a sua doação”. Logo, estávamos nós estendendo a mão com nossa contribuição. Desta forma o que se via, era um amontoado de gente trazendo mantimentos enquanto outros preparavam o fogão, arrumavam o ambiente. Tudo na mais perfeita ordem, era um verdadeiro quadro de família. Parecia uma revolução de dois turnos, sendo o maior número de idosos pela manhã, o que dava sinal de eles eram o sustentáculo para que o movimento se mantivesse firme e constante. Contudo, o time mais jovem parecia fazer o turno da noite e da madrugada. Havia também os que se revezavam, não deixando esvaziar o movimento. Certamente que, os mais experientes, embora sendo idosos, representavam a maior força em manter viva a chama histórica pela liberdade. Porque não, dizer de uma revolução de idosos? Quando descobriam os inimigos infiltrados, todos se juntavam para expulsá-los do local e contavam com a ajuda dos militares presentes. Estes que se infiltravam, procuravam mais pelos jovens do pelos idosos, pois que a tentativa era persuadir a que trabalhassem para divulgar notícias falsas, cujo objetivo era tentar esvaziar o movimento ou desloca-los para fora dos quarteis. Nesse aspecto, os idosos por serem mais experientes, se mantem firmes em seus propósitos, e quando desconfiam de alguém, logo se aproximam do estranho, fazendo verdadeira inquirição para saber sobre o que pretende. Deste modo, os idosos são verdadeiros atalaias da concentração, garantindo que espião não tenha a menor chance em promover engano. Idosos de todas as classes sociais e profissionais, durante o tempo que permanecem no local, compartilham experiências, fazem amizades, discutem política, apesentam soluções, cada um a sei jeito, e o tema não esgota – vão remendando os dias com uma disposição incrível, parecem não se cansar, são verdadeiros heróis nesta revolução em que são protagonistas. Ficará para sempre na história desse país, e com certeza hão de lembrar sempre que esta frente patriótica tenha sido a Revolução dos Idosos.