Contribuições para as necessárias e urgentes reflexões politicas
Contribuições para as necessárias e urgentes reflexões políticas
Quando o mundo globalizado é agredido por ocorrências graves, tais como: a ameaça de guerra nuclear, pandemias, o “inferno climático” e a desorganização da economia internacional, gerando mais desemprego, distanciamento crescente entre os ricos e os pobres, fome, é obrigatório o debate de novas formas de organização e de funcionamento das sociedades. As atuais estruturas e instituições sociais fracassaram nos seus mais importantes propósitos, quais sejam o de trazer felicidade e segurança para todos.
O agravamento da crise global poderá significar o fim da Humanidade, haja vista o aquecimento progressivo da atmosfera.
A maioria das pessoas não sabe o que está acontecendo e o que o futuro próximo nos promete.
É impossível trabalhar com conceitos éticos, para organizar e fazer funcionar as sociedades, se poucas são as pessoas que ainda os aceitam. Neste aspecto as Igrejas Cristãs Históricas, o Islamismo, as Religiões Orientais que sempre pregaram ensinamentos éticos e os sistemas de educação existentes têm muito a dizer.
O individualismo, a ganância por riqueza e poder dominam a forma de pensar das sociedades. Poucos entendem o que significa uma convivência solidária, enxergando o outro como irmão e não como um competidor.
A política e a economia nesses ambientes individualistas, amorais, procuram a perpetuação dos sistemas de dominação e da estabilidade das classes dominantes.
O saber passou a ser mais um elemento de separação das pessoas – só os bem formados ascendem nas sociedades e usufruem plenamente dos benefícios do progresso, que desemprega os menos qualificados.
Atualmente a igualdade de oportunidades e de direitos é um sonho cada vez mais distante.
O Estado, responsável pela promoção do Bem Comum, está se transformando na expressão política da garantia da manutenção do estilo de vida da classe dominante, da injusta distribuição da renda gerada e do excludente sistema do poder político.
A Democracia deixou de ser um ideal a ser permanentemente aperfeiçoado. Está se tornando instrumento solerte de dominação pelo uso esperto do dinheiro, da propaganda e dos cada vez mais sofisticados sistemas indutores do comportamento e das formas de pensar.
A Democracia não resolveu o problema da miséria e continua a eleger irresponsáveis e desonestos, para os postos de direção e de representação das sociedades.
Não tem mais sentido discutir a participação ou não do Estado nas decisões do mercado, como sendo uma ameaça à liberdade, quando os problemas humanos a serem resolvidos, com urgência, são a miséria, a fome, a doença, a violência, o desemprego, o “inferno climático”, fatos percebidos em escala mundial. O Estado, responsável pelo Bem Comum, necessariamente terá de participar mais das decisões das sociedades, refletindo por suas Instituições democráticas, o desejo da maioria da população de superar a miséria e restaurar a dignidade e igualdade de oportunidades para todos os homens e mulheres.
O caminho a ser trilhado é o da solidariedade entre as pessoas, unidas em torno do ideal da construção da nova sociedade justa e democrática. Nada poderá ser feito sem uma união em torno de um ideal.
As atuais lideranças políticas precisam convencer o povo a eleger representantes honestos e competentes, que tratarão de reorganizar as complexas sociedades na direção do convívio solidário. Serão anos de conquistas difíceis na busca do Bem Comum. A alternativa será o caos.
O mais importante, o passo inicial, a partir de certezas morais profundamente enraizadas na maneira de ser dos povos, é conquistar mulheres e homens, unidos e determinados, para edificarem um novo modo de vida que busque na solidariedade os fundamentos das sociedades democráticas, que todos desejam.
O início correto do processo de salvação da humanidade passa, necessariamente, no abandono da crença de que a “vida coletiva e as pessoas são assim mesmo” e nada fazer para mudar seus comportamentos. É preciso voltar a sonhar com propostas “ingênuas” de um novo mundo e trabalhar coletivamente para que isso aconteça, pelo simples motivo de ser a única alternativa que nos resta.
Eurico de Andrade Neves Borba, 82 anos, ex professor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, mora em Ana Rech, Caxias do Sul, eanbrs@uol.com.br