A questão do fatiamento dos ministérios

 

A QUESTÃO DO FATIAMENTO DOS MINISTÉRIOS

Miguel Carqueija

 

De longa data sou contra esta prática, desde que a percebi na Nova República.

Os nossos presidentes costumam usar a política do toma-lá-dá-cá, que muito estimula a incompetência e a corrupção. Uma das práticas nocivas é a de fatiar o ministeriado pelos partidos políticos que integram a coligação do momento. Isso em última análise quer dizer que os ministérios não pertencem ao povo, mas aos partidos políticos.

Ora, quem, como eu, sempre foi contra esta prática, entende que nem é preciso gostar de Jair Bolsonaro para concordar com ele, quando rompeu com essa “tradição” bisonha e fez uso de critérios técnicos para escolher seus ministros. E foi desse jeito, por não entregar o gabinete aos partidos, que Bolsonaro pôde obter ministros de alto nível como Tarcísio Freitas, Teresa Cristina, Damares Alves, Ônix Lorenzoni, Marcos Pontes e Paulo Guedes.

Agora, com o novo governo, já se sabe que as pastas sobem para 37, para início de conversa. No governo de Dilma chegaram a ser 39, reduzidas para 29 com Temer. Bolsonaro pretendia “no máximo 15”, como ele próprio declarou na campanha de 2018; mas acabou fechando com 23. Acho muito, mas mesmo assim foi um progresso. Excesso de ministérios é cabide de emprego. Acontece que na coligação de Lula existem nada menos de 12 partidos. Isso dá em média 3 pastas por partido, e mais uma de quebra para um deles.

No meu entendimento o critério político-partidário para a escolha dos titulares de pastas ministeriais é um erro bastante prejudicial ao nosso país. O critério certo é o técnico. Então, pelo jeito, vamos retornar ao atraso e desprezar o progresso? Vamos andar para trás feito caranguejo?

 

Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2022.

 

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