A Ministra francês no Marrocos para preparar a visita do Macron
A Sra Catherine Colonna, ministra francesa dos Negócios Estrangeiros realizou, ontem, quinta-feira à capital do Marrocos, Rabat, uma visita na qual está preparando uma agenda, consequência da próxima visita do presidente francês, Macron, a Marrocos, diante das “diferenças agudas”, que vão marcar o rumo das relações entre os dois países, sobretudo dos últimos dois anos.
A chanceler francesa mantém conversações bilaterais com seu homólogo marroquino, Nasser Bourita, nesta sexta-feira, 16 de dezembro. envolvendo a crise de vistos e a visita do presidente Macron, além de outros pontos agendados para o topo desta reunião.
A crise entre França e Marrocos ficou clara após o vazio diplomático, Hélène Le Gall tem deixado a embaixada francesa em Rabat, e a nomeação de Marrocos, Mohamed Benchaaboun, embaixador marroquino em Paris, como diretor-geral do Fundo de Investimentos Mohammed VI.
Tal visita vem também horas depois do telefonema que o Rei Mohammed VI fez ao Presidente francês Emmanuel Macron, parabenizando-o pela qualificação da sua seleção, conhecida como "galos" para a final da copa do mundo “Qatar 2022”.
Espera-se que a pauta de discussão inclua a questão do Saara e a posição francesa, uma vez que a maioria dos discursos reais tinham insistido anteriormente sobre a “marrocanidade do Saara”, como critério para definir as relações de Marrocos com o mundo, assim, Rabat espera que Paris reconheça expressamente a soberania do Marrocos sobre as províncias do sul.
Mais de um ano e meio depois, a “restrição de vistos" vigora como punição coletiva para muitos marroquinos, aqueles que viajam regularmente à França para visita familiar, ou para viagens de negócios ou turismo, tais se veem vítimas colaterais de uma medida não relacionada .
Em 2019, antes da eclosão da pandemia de “Covid-19”, Marrocos, partilhando estreitos laços históricos, culturais e económicos com a França, foi o terceiro país a emitir vistos: 346.000 pedidos, dos quais 420.000 foram concedidos.
Considerando que a importância desta visita reside na possibilidade de estabelecer um encontro entre o Presidente francês Emmanuel Macron e o Rei Mohammed VI, cujo diálogo será político e estratégico para superar as diferenças entre os dois países.
No primeiro plano de discussão, estão as acusações contro Marrocos, relativas a utilização do programa "Pegasus" para espionar funcionários franceses, bem como o passo para reduzir o número de vistos concedidos pelas autoridades francesas a marroquinos, ficando o ponto de discórdia que continua a ser a posição sobre a questão do Saara marroquino.
Pois a diplomacia francesa se contenta a falar da seriedade da proposta de autonomia. No entanto, o Marrocos quer a frança saia da zona cinzenta, sobretudo quando os Estados Unidos reconheceram o saara marroquino, considerando que os acontecimentos recentes reforçam a necessidade da frança sair com uma posição clara sobre o Saara, o que vai determinar a dimensão das próximas parcerias entre os dois países.
Tal a visita da ministra francês dos Negócios Estrangeiros a Marrocos surge no contexto da tensão diplomática entre os dois países, a razão disso foi o regresso da França ao suas posições obscuras em muitas questões vitais para o Marrocos, principalmente sobre a questão nacional.
O Marrocos tem tocado o sino, alertando a diplomacia francesa, uma vez que Paris tentou jogar com o boicote argelino-marroquino. Podendo levar a um desequilíbrio na região.
Tudo isto tem criado uma situação anormal na relação entre os dois países, exigindo um diálogo claro sobre questões vitais que preocupam os dois países, uma vez que o Marrocos tem feito do dossiê do Saara o binóculo com que olha o mundo. O que a França deve entender e compreender!
Lahcen EL MOUTAQI
Professor universitário-Marrocos