DEFININDO BOZO NUMA PALAVRA
DEFININDO BOZO NUMA PALAVRA
Carlos Roberto Martins de Souza
Me propus definir Bozolino numa só palavra, uma que pudesse conter tudo que representa esta obra estragada da criação. Foi difícil, a sua maneira de comportar foge dos padrões de uma pessoa do bem, passa ao largo de qualquer vestígio de civilidade. Foi trabalhoso, desafiador, jamais havia visto um ser ocupando a cadeira de presidente que tivesse um comportamento tão baixo, tão deplorável. Pensei em desistir, cheguei a pensar que “Bolsonaro" era uma palavra nova no vocabulário, uma espécie de fora dos padrões ortográficos. Da sua eleição em 2018 até hoje, sua conduta, seu vocabulário, suas atitude, suas crenças, suas decisões, tudo foge de qualquer regra de alguém com sanidade mental dentro do mínimo de normalidade. Pensei chamá-lo de golpista, pois ele conseguiu enganar muita gente, principalmente os tais evangélicos. Ele foi cirúrgico, ao se batizar no Jordão, ele ludibriou multidões, confundiu a cabeça de milhares, mas o golpe iria mais longe, então golpista ficou de lado. Me deparei com “comedor", os seus vários casamentos o colocam na cena do crime como um fabricante de famílias desajustadas. De comportamento duvidoso no trato com o bem maior, a família, pensei classificá-la como maquina de rotatividade sexual, pois é chegado no rodízio de carne no seu espeto imbrochável. Desisti, ele vai além. Encontrei “desprezível", mas vi que ele ultrapassa a barreira, suas formas mesquinhas e deploráveis de tratar os problemas envolvendo a vida humana são inomináveis. Não sentir empatia diante da desgraça alheia foi pouco, ele se divertia com a morte e enquanto milhares morriam, ele fazia cara de “tô nem ai", enquanto a pandemia fazia suas vítimas ele mostrou o lado desumano da sua vulgar figura decorativa. Pulei alguns vocábulos, tropecei em “vigarista", aquele que, através de um ato de má-fé, tenta ou consegue lesar ou ludibriar outrem, com o intuito de obter para si uma vantagem, uma relação perfeita com o cidadão Broxonaro. Trapacear é uma arte exercitada na sua plenitude e profundidade por ele, especialista em “contos do vigário”, deturpou a mente de muita gente. Ainda assim, esta palavra não o definia. Tomei um café e fui buscar no vernáculo outra palavra, encontrei “pária”, pois sua anormalidade comportamental o coloca como alguém sem classificação numa sociedade civilizada. É notório que ele comete graves infrações contra preceitos sociais e religiosos, além de seu comportamento marginal no exercício de cargos públicos. Percebi que esta palavra deixava a desejar, o cara ia além. Sinto uma dificuldade em prosseguir, pois jamais me deparei com alguém com tantas impropriedades morais e comportamentais. Fui para continuar a minha árdua tarefa, me deparei com “libertino", achei que seria perfeita, pois Boçal é um devasso, um debochado, a desgraça alheia o diverte a ponto de dar gargalhadas e imitar alguém em estado terminal numa UTI. Mas o vocábulo não contempla toas as faltas de qualidades deste sujeito. Não me rendi, eu me propus até o final, tropecei em “escarnecedor", pensei ter cumprido o meu papel, ele soa aos ouvidos como a consumação de tudo, ela traz na sua definição menosprezo, zombaria, insensibilidade. Não, não era tudo, era preciso algo mais para enquadrar o camarada. Virei a página e encontrei “mesquinho", e parecia ser o que procurava, pois quando olho para a figura do elemento, sinto do, nojo, o citado é ordinário. Sua imagem me faz sentir náuseas, meu estômago vira de cabeça para baixo. Abandonei o termo a bom termo, não encaixou. Ouvi aloprado, características do comportamento de um indivíduo desajuizado, adoidado e muito inquieto. Fui quase convencido, Bozo é aquele maluco que fugiu do hospício e passou a se achar o dono do manicômio, em liberdade, começou a infernizar a vida da sociedade. Descartei, ela não está a altura dos delitos praticados pelo maluco. Alguém me sugeriu “inútil”, mas não aceitei, pois soaria como elegante para quem não tem um termo compatível com sua vida de malandro. Ao pegar o dicionário, escorregou “toupeira", mas seria uma agressão ao pobre animal, ele não tem culpa se o Capetão é avesso a tudo que é honesto e correto. Não me dei por vencido, passando pelas últimas folhas, encontrei casualmente com “vulgar", alguém que não tem nenhum conteúdo útil para apresentar, faltava algo, deixei de lado. Fiz uma última investida, me deparei com “cafajeste”, foi a que mais se aproximou, não caiu como uma luva, mas como bom patife, alguém capaz de mandar às favas todos os escrúpulos para alcançar seus objetivos. Para que mandou o Brasil para o buraco, para quem desdenhou da pandemia, para que mentiu contumasmente, para que incitou o povo a duvidar das eleições, para quem incentivou manifestações criminosas, que usou Deus como auxiliar de serviços, cafajeste caiu como uma luva, embora não seja uma palavra completa para o evento. Com seu inesgotável talento vocabular chulo para produzir absurdos, espancar a verdade histórica e aturdir a consciência do país, Boçal Nero faz jus aos adjetivos citados para definir esse bizarro momento da história brasileira.