DESATANDO “NÓS” E DESARMANDO BOMBAS

Havemos de convir que a atual situação brasileira não é das melhores, diante de tudo o que está acontecendo não é verdade? Entretanto, com todos os desafios existentes é preciso que se mantenha a fé no princípio da razoabilidade para mantermos a esperança no enfrentamento dos problemas e na busca de soluções.

Passado um mês depois da vitória de Lula no segundo turno, o sentimento existente depois da alegria ou da tristeza, dependendo para quem ganhou ou perdeu, é que estamos num terceiro turno estendido, marcado pela preocupação dos vencedores e pelo ódio nutrido pelos vencidos, que em seus descontentamentos, resistem em aceitar o resultado negativo e, assim, pelejam com a realização de movimentos antidemocráticos que teimam em continuar a todo custo, como se fosse uma boa causa. Só que não!

Ao passo que se avança com os estudos dos dados existentes do atual governo, a formatação do diagnóstico situacional feita pela Equipe de Transição, vai ganhando forma e direcionando iniciativas, para o enfrentamento dos inúmeros problemas existentes em todas as áreas governamentais. Afinal, o Brasil vivencia uma fase terrível com o abandono estabelecido e com a falta de responsabilidade política-administrativa e financeira. Tudo se encontra em grandes dificuldades e sem a menor preocupação em resolver ou pelo menos minimizar os problemas, de modo que esse contexto parece ser premeditado para realmente inviabilizar o futuro governo, ou melhor, tudo está amarrado com muitos “nós”, para não dar certo, como bombas armadas para explodir. Mas o futuro Presidente disse que é especialista em desarmar bombas, portanto, sigamos nessa luta.

Na tentava de desembaraçar o contexto da realidade e facilitar os trâmites das conversações, Luiz Inácio vai até Brasília para desamarrar tais “nós”, porque ele é um homem forjado para esse tipo de missão impossível. A começar pela mudança de clima no País, digo clima, no sentido político e social, pois a reação comportamental, depois de alguns dias difíceis, parece melhorar e ser mais respeitoso e esperançoso na busca das soluções possíveis.

A grande e ilusória promessa direitista em realizar o golpe de Estado se dissipa a cada dia e, aos poucos, as articulações políticas feitas no processo de transição vão fluindo melhor e possibilitando maior conhecimento sobre as problemáticas, mas também ganhando força política, para fortalecer a caminhada político-partidária na luta de consolidação da PEC, que Lula diz ser de Bolsonaro, porque foi ele quem causou os desajustes e a própria mentira do orçamento para 2023 que deixa o Brasil em situação de ingovernabilidade.

Lula começa a atuar nos bastidores, como também fora dele, fazendo o que mesmo? Desatando os “nós” das amarrações. Sim, são com estas atitudes que o futuro Presidente vai conseguindo envolver a todos para pensar melhor, ou seja, refletir sobre as mais adequadas soluções; quando Lula afirmou que é preciso haver equilíbrio entre o financeiro e social, ele tenta uma quebra do paradigma do mercado e convida a todos para colaborar na busca de melhores resultados, que sejam sustentáveis. É a volta da racionalidade e do poder do diálogo producente.

Um fato elementar, que pode não ser interpretado com a devida relevância, é o resgate das cores nacionais pelo povo, porque isso começa a acontecer, juntamente com a torcida pela Seleção Brasileira. Isso faz parte do processo de desenvolvimento do senso de pertencimento que está retornando, porque é um símbolo de nosso caráter e da própria cidadania. O ódio vai cedendo espaço para o amor e a solidariedade. O senso crítico ensaia seu retorno também!

Do outro lado, a insanidade moral ainda acomete muitos dos antidemocráticos, que cegamente acompanha o cortejo fúnebre do desgoverno que insiste em alimentar as práticas criminosas, como forma mágica de se manter no poder, ledo engano... Os sentimentos e movimentos que mais se assemelham a seitas religiosas, que lutam pelo viés político-partidário começam a ser mais atenuados, como também as perseguições às pessoas nas ruas e estradas da Nação. O ainda Presidente Bolsonaro, continua inoperante, sem compromisso oficial e, nos eventos de formatura que participou nos quarteis, ele entrou mudo e saiu calado. Silêncio e submissão de um líder fraco e covarde. Em outra reunião política, os bolsonaristas estiveram mais brigando do que fazendo outra coisa... Teve desembargador aposentado (Sebastião Coelho) pedindo a prisão de Alexandre de Morais, com aplausos dos acéfalos presentes que não perdem por esperar, pois futuramente se promete apurar os crimes de corresponsabilidades dos tais patriotas de plantão.

Como o governo Bolsonaro e sua trupe não atua, tudo vai se deteriorando, sem recursos, sem vontade e sem atitudes. O Brasil está destroçado. Enquanto isso, Lula trabalha para garantir a governabilidade, buscando entendimento para negociar com as bases e alinhavando acordos para aprovar a PEC da transição, capaz de viabilizar o final desse governo e início de sua gestão, porque como disse Lula numa entrevista, é preciso trabalhar igualmente por todos os Estados, fato que infelizmente não aconteceu na atual gestão.

Todos os Ministérios existentes no segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, vai se manter e terá o acréscimo de mais um, que será o Ministério dos Povos Originários, ou mesmo uma Secretaria com status de Ministério. O futuro presidente ainda chegou a comentar sobre as indicações de seu staff, assegurando que só apresentará quando tomar posse. Entretanto, ao longo da semana e em jantar com Senadores, Lula adiantou que o Senador Flavio Dino (PSB – MA) irá para a Justiça e José Mucio Monteiro, para a Defesa, indicações muito bem aceitas no meio político.

“Quero fazer o Brasil voltar a normalidade e a ter paz”, disse lula recentemente. Que esse propósito seja realmente alcançado, porque estamos, enquanto Nação, necessitando demais que essa frase se transforme em realidade o mais rapidamente possível. Nosso País está mergulhado numa crise política, ética, moral, econômica e socioambiental das mais profundas. Essa semana, especialistas estão apontando para o risco de danos irreversíveis na Amazônia, no que estão chamando de possibilidade de “não retorno”, no sentido da autorrecuperarão desse ecossistema; também a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, revela a assustadora informação de que 29,4% da população brasileira, que corresponde a 62,5 milhões de pessoas, estão em situação de pobreza e destes, 17,9 milhões encontram-se em extrema pobreza. É um pesadelo o que estamos passando e ainda falta quase um mês para terminar esse período sob o domínio bolsonarista da irresponsabilidade e falta de transparência.

As políticas públicas que existiam foram todas massivamente aniquiladas, complicando ao extremo a qualidade de vidas das pessoas de baixa renda e, na verdade, prejudicando a todos e todas. De forma que se faz necessário a realização de um remonte e inovação das políticas públicas para gerar melhores condições de um viver digno. Fica difícil compreender, pelo uso da lógica racional, como é que o governo Bolsonaro tenha, nos últimos quatro anos, devolvido do BNDES a soma de 560 bilhões de reais ao tesouro, ao invés de investir nas pequenas e médias empresas para dinamizar a economia e gerar emprego, trabalho e renda... E no final do desgoverno, todos estão acompanhando a limpa de recursos que estão realizando, objetivando complicar ainda mais a situação econômica, que no momento se apresenta como insustentável, que o diga as Universidades e Institutos Federias e toda a área da saúde, por exemplo. Se tem dúvidas até de que o salário dos aposentados sejam pagos com normalidade nesse final de ano... “Eles querem zerar tudo nesse País, mas nós vamos governar”, afirmou Lula, indignado com a situação que é vista de soslaio pela Faria Lima.

Apesar do Apagão de dados promovidos por Bolsonaro, o povo brasileiro parece estar assustado com o que estão vendo acontecer, exceto os nazifascistas doentios, que ainda alimentam a esperança de algo acontecer nesse final de mandato, para favorecer a manutenção do mito no poder. Coisa de gente sem noção mesmo! Temos um Presidente que não governa e trama contra a Constituição. Como ficarão seus direitos políticos?

A situação política do Brasil tende a melhor se organizar a partir das inferências feitas pela Equipe de Transição e pelas articulações realizadas por Lula, que é um grande estadista, homem de diálogo e que não tem medo de trabalhar. Existe prenuncio de construção de uma boa base política no Congresso e no Senado, não somente para negociar a PEC, mas para possibilitar a gestão futura e a reconstrução do Pacto Federativo e desenvolvimento brasileiro de forma responsável e sustentável.

Lula precisa cumprir suas promessas de campanha, inclusive agindo contra o famigerado orçamento secreto, mesmo que tenha que se indispor com o mercado ou com quem quer que seja, porque esse importante jogo de nossas vidas está para começar. Aliás, a Diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva está marcada pelo STF para o próximo dia 12 de dezembro. Portanto, já existe uma grande mobilização social para participar dessa solenidade, que certamente será histórica.

As expectativas para a posse do novo governo no início de janeiro são grandes, espera-se que várias comitivas internacionais participem do evento. Nesse sentido, a delegação americana reservou duzentos apartamentos num hotel de Brasília, demostrando que estão muito interessados e entusiasmados com a posse de Lula. Será para garantir que nada de errado aconteça? Deve ser, porém veremos melhor no desenrolar de tudo isso, mas é certo que não podemos deixar de expandir os acordos internacionais com os históricos parceiros e com as novas parceiras, pois todas são bem vindas para que possamos superar as dificuldades existentes. Lula e sua equipe sabem muito bem o que fazer para ser agregador e fazer a diferença acontecer.

Esse é o Brasil real, potência que não pode ser silenciada nem paralisada no nefasto e covarde jogo de entreguismo para as forças imperialistas, como vinha acontecendo nos últimos anos. Nosso País estará de volta ao seu justo lugar entre as principais Nações. Seremos novamente uma boa e confiável referência para o mundo!