À MARGEM DA INSPIRAÇÃO
Estou vivo, ágil e com coragem para o enfrentamento dos sofrenaços da tecnologia cibernética, seus longos achaques eletrônicos, desafios acachapantes na realidade dos dias a atazanar o humilde ofício de escriba: encarar o mundo real com pouco mais de dois salários mínimos e imaginá-lo socialmente justo num futuro ainda distante, quando o país vencer o desemprego.
Nos salões da memória recente o governo a rédeas soltas pelo desleixo na fiscalização de seus próprios atos, incompetências desde o balcão de recepção do contribuinte necessitado e a corrupção desenfreada nos escalões governamentais federal e estadual.
Cabala-se o voto das manadas esfomeadas. Arma-se a população de classe média e os ricos. Os litigantes preparam o terreno para o confronto social sem precedentes.
Dói em mim a perspectiva de futuro incerto: bastardos procurando tutela para o sectarismo entranhado nos vencidos.
Faço da Poesia minha clava e aríete para sensibilizar o humano, que só ele pode ser capaz de atuar a favor da liberdade de expressão, vale dizer, o exercício da palavra e atos condignos.
Com efetiva seguridade social, até a humilde e doce poética pode auxiliar nos pleitos mudancistas em benefício dos desassistidos.
Creio que mudando o pensamento do ser nos domínios do emocional e sabendo aportar no cais da racionalidade, poderemos ampliar o plácido território da Felicidade.
Como veterano aprendiz das vertentes agudas e confluências rudes do Mistério, pressinto ser apenas mais um visionário anunciador de suas fontes: o amor de amar estatuído na tradução estética em ritmo e harmonia.
Sofro em todos os poentes as várias mortes nunca pré-anunciadas e deambulo por itinerários singulares, porém genuínos de amor ao semelhante, eis que o desejável é a vida com um mínimo de dignidade e respeito às diferenças de pensamento, palavra, ações e renúncias.
Que o mundo nos permita gerar, usar, gozar e dispor da plena vontade de ser feliz e fruir os seus efeitos, procurando distribuir tratamento condigno e magnânimo com os excluídos sociais.
E que sejamos justiceiros para com os ímpios e canalhas.
MONCKS, Joaquim. O CAOS MORDE A PALAVRA. Obra inédita em livro solo, 2022.
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