QUEREM RECRIAR A ZONA

QUEREM RECRIAR A ZONA

Carlos Roberto Martins de Souza

A saudosa “Zona”, quem é mais velho sabe bem o que era, principalmente os amantes da boemia. Toda cidade tinha pelo menos uma, hoje tem até “Museu do Sexo" em homenagem as meninas de vida fácil, que na verdade era muito difícil. A “rapariga" desconhecida, depois de uma noitada, em muitos corações ganhava até memorial, virava deusa. A zona era também palco de muitos personagens e de muitos “causos”, terra fértil onde brotava muita história boa para contar, numa porta colorida, com aquela famosa luz vermelha, uma placa chamava a atenção, “Aviso aos jovens abstêmios: a velhice é uma ressaca diária. E sem cura.” Lá, era o famoso bordel “Pá Vê”, frequentado por velhinhos com grana, mas sem energia. A conta lá em cima, mas a ferramenta... Bem, era uma alternativa. Um amigo meu, estudante de medicina disse certa vez: “A zona e o meu laboratório de pesquisas”. Na teoria dele, os exames eram mais profundos e esclarecedores, as meninas eram a inspiração para suas teses. Naquele tempo, cocaína era “rapé”, e ele era viciado no pó. Toda vez que o bendito lhe atravessava a narina, o acadêmico fechava os olhos e dava um tranco para trás. Dizia ele: “Ardia à beça, cara! Parecia que jogaram um Halls dentro do meu cérebro, eu viajava”. Mas a Zona também fez história, “Filho da Puta", uma expressão linguística famosa que mostra, ainda hoje, o desprezo pela prática tem conotações agressivas. Tratar alguém com esta pecha, mostra o quanto as mulheres boêmias são menosprezadas. Há alguns anos estava em Belo Horizonte, naquele dia acontecia “A Marcha das Vadias", mulheres da Zona Boêmia desfilavam, elas reivindicavam direitos. Hoje, com a decadência da “Zona", com a quase extinção dos bordéis, nos vemos diante de manifestações bizarras, protestos onde idiotas tentam, a todo custo, transformar o Brasil numa grande “Zona", num bordel nacional. Pegaram, como cabrita expiatória, a “Zona" onde a nobre “Urna” se recolhe para trabalhar, duvidaram dos dedos que a acariciam, espalharam pelos cantos que ela, Urna, traiu o presidente Broxo, que não é confiável e que estava fazendo programas com a “Esquerda”, com um tal “STF" e com o povinho. Resolveram promover, com o patrocínio da igreja evangélica, a “Marcha dos Vadios", juntaram caminhoneiros que são fregueses de décadas das “meninas", políticos que também tem as suas garotas de luxo, e um bando de idiotas agrupados entre pastores, fiéis, e desocupados, vestiram uniforme de guerra, fizeram uma grande cagada, tudo para trazerem de volta o ex-dono do “Bordel Retrocesso", o Cafetão Mister Pum Pum, Boçal Nero. Sobe o lema “Deus, Pátria e Família" colocado em letreiro luminoso no Palácio do Cafetão, e de lá, refastelado numa suíte presidencial de nome “Jardim dos Sonhos", o “Garanhão comandou a lambança. Ele é seu grupelho queriam uma noitada com a prostituta mais amada deles, a “Madame Ditadura”. Não contavam que ela estava menstruada, “VERMELHA", e não iria “pintar clima" para um programa sério. De bandeira vermelha na mão, ela achou melhor se recolher, pois percebeu que seria estuprada pelo tarados da direita, e seria uma estupidez colocar em risco a Dama Democracia apenas por capricho dos frequentadores do bordel. E ai o Cafetão não aguentou, foi para a suíte, vestiu sua fantasia de “Santinha do Pau Mole", e lá se escondeu, pois o vexame foi grande. Porra, caralho, cacete, foram ouvidos nas madrugadas. Era sinal de desespero. “Puta e Merda" não é o mesmo que “puta merda”, mas são comuns nos discursos presidenciais. No seu calvário, e já cumprindo os passos da sua “Via Vergonhosa", Mister Pum Pum vai sendo abandonado, e o último ato já tem data marcada, 05 de janeiro de 2023. Ele será sepultado para sempre como alguém que nem a história quer lembrar. Por afinidades com a putaria patrocinada por seu desgoverno, ele está construindo o “Monumento a Puta Desconhecida”, “puta é puta”, disse Boçal Nero a imprensa. “É para relembrar as perdas de raparigas durante a pandemia”. Perguntado sobre a relação de intimidade dele com uma piranha velha, porém famosa, ele, que sempre a tratou como séria e honrada, ficou furioso.

Boçal: - Ditadura foi uma garota de quem eu gostei muito na adolescência, flertei com ela. Queríamos nos casar.

Repórter: - O que aconteceu com ela?

Bica: - Virou puta.

Reportei: - Que Merda!

Merda ele faz todo dia, mas agora, vendo seu futuro nebuloso, com chances de ver suas cagadas expostas com a retirada dos tais “sigilos", bateu o desespero, restou apelar para os clientes do puteiro, que doidos por uma festinha extra, toparam pular a cerca da democracia pisando na Constituição, para, do lado sujo, deitarem em “Berços Execráveis" construídos pela ignorância e com o aval dos militares. Há uma doentia “necessidade do mal” no governo e ela ocupou esse espaço. A moral e os bons costumes deixaram-se ficar reféns do feitiço de um Cafetão durante quatro longos anos. Seu nome tornou-se sinônimo de precipício, só de pronunciá-lo já se escorregava. A “Noivinha do Aristides” resolveu desabrochar, e quer fazer isto em grande estilo, sonha em ver o nosso Brasil transformado num puteiro, numa boemia celeste, num “Bordel Gospel", e na parceria com a igreja evangélica, ele vai arriscar todas as suas fichas, ou seria bichas? Vai espernear, rosnar, vomitar e até ter diarreias, mas como só fazem cagadas, vai sobrar merda, eles vão precisar de tanques de Creolina limpar as lambanças, se é que é possível. Tenho minhas duvidas, pois muitos já se acostumaram com a catinga. Ela massageia o ego. A “Caravana da Democracia” passa, e os cães da ditadura latem...

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 13/11/2022
Reeditado em 13/11/2022
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