FORMIDÁVEIS CONTRADIÇÕES

 

FORMIDÁVEIS CONTRADIÇÕES

 

Uma crítica que se faz ao Bolsonaro é a de que ele inoculou ódio, radicalização e intolerância à cena política brasileira. Essa assertiva pode ser contradita com o contraponto de que esse comportamento é próprio dos militantes do PT. Quem o fizer também estará com a razão, pois os petistas sempre incentivaram um clima de guerra com a divisa do “nós contra eles”. Não há diferença entre esse mote e o dos bolsonaristas com o “nós somos o bem e eles o mal”

O que deve ser destacados nesse assunto é o fato de que o Lula perdeu três eleições (uma para o Collor e duas para o Fernando Henrique), e nunca se viu movimentos como o que estão sendo feitos agora. Nesse sentido os bolsonaristas se mostram péssimos perdedores.

Polarização sempre houve. Principalmente depois da chegada dos petistas à cena política brasileira. O PT é um partido ideológico (talvez o único do país) que hospeda muito radicalismo.  Já o PL, partido ao qual Bolsonaro está filiado, é tudo menos um partido ideológico. Não representa o bolsonarismo. Lula é um líder carismático, populista e com características messiânicas. Bolsonaro também é e nesse sentido eles são iguais. Ambos fazem uma pregação que incutem nas massas um sentido de crença.

Bolsonaro cometeu um grande erro em sua campanha. Passou o tempo todo tentando desconstruir a história do Lula com acusações de ladrão, comunista, mentiroso, etc. ao invés de procurar construir sua própria história com a ancoragem dos seus feitos no espírito do eleitor.

Que o Lula foi processado, condenado e preso todo mundo sabe. E isso, para as pessoas que acreditam e gostam dele não conta. Como disse um motorista nordestino com quem conversei na minha última viagem pelo Nordeste, “o Lula pode ser um ladrão, mas ninguém fez mais por nós do que ele”. Quer dizer: seus simpatizantes podem até admitir que ele seja ladrão, mas nem por isso deixam de apoiá-lo. Essa característica da política brasileira – “o rouba, mas faz” - é um tema que mereceria um profundo estudo psicológico, porque não só envolve uma questão ética, sociológica e moral, mas também uma característica de comportamento que está profundamente enraizada na política brasileira. Maluf, Ademar de Barros, os Garotinhos e outros notórios políticos brasileiros que o digam. E a nossa emblemática "Lei de Gerson" também.

Politicamente, o bolsonarismo é o outro lado do petismo. Seus simpatizantes estão se mostrando tão contraditórios quanto os seus adversários. Apresentam-se como democratas, mas violentam a democracia atacando as instituições, contestando o resultado das eleições e, o que é pior, indo para a frente dos quarteis para pedir intervenção militar. Maior contradição do que essa não dá para imaginar.

Talvez, quando a temperatura baixar e a razão voltar a controlar as emoções, as duas facções raivosas consigam ver as enormes contradições que estão presentes em seus comportamentos irresponsáveis e predatórios. Porque só assim o país voltará a dormir e crescer em paz, para superar de vez a sua infantilidade política.