O BRASIL DERROTADO POR SI MESMO!
O Brasil está combalido! Milhões não conseguem entender como há tantos progressistas e como a bandeira vermelha que nunca mais tremularia no país está por aí, hasteada, apesar de todo o escândalo moral do Mensalão e do Petrolão. Outros tantos milhões, praticamente o mesmo número, nem imaginava que a metade do país é conservadora e que, por suas ideias, são capazes de perdoar os erros e extravagâncias do seu líder.
Vão continuar na toca, com o mesmo discurso oco que repetiram à exaustão durante a campanha? Ou vão procurar entender e obter respostas inteligentes, já que não se buscou um debate digno e responsável durante as campanhas?
Terminadas as eleições de 2022, eleito Lula com 60.345.825 (50,90%) de votos, “derrotado” Bolsonaro com 58.206.322 (49,10%) dos votos.
Enfim, o Brasil está perfeitamente dividido entre progressistas e conservadores.
Para reflexão, gostaria de fazer algumas perguntas para lulo-petistas e para bolsonaristas.
Não se pode considerar um derrotado o projeto que recebeu 49,10% dos votos. Como explicam os lulo-petistas que, apesar do governo tumultuado do Bolsonaro, que aprofundou a divisão iniciada pelo PT, com o papel do presidente durante a pandemia, com as asneiras ditas e repetidas diariamente no cercadinho, com a granada do Bob Jeff e a pistola da tresloucada Zambelli, como, explicam, o Bolsonaro ter ainda 49,10% dos eleitores?
É que conheço alguns que, ainda que vitoriosa a chapa 13, estão decepcionadíssimos com o resultado e não conseguem entender esses cinquenta e oito milhões de votos do Bolsonaro.
Então, deixem de comemorar essa vitória pífia e procurem saber qual a razão pela qual todo um segmento religioso, todos os Estados das regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste, com exceção do empate de Minas Gerais, abominam a proposta lulo-petista, de esquerda.
Agregue-se a isso, a evidente parcialidade da grande imprensa, a atuação do Ministro Alexandre de Morais, a fé infantil dos progressistas de que detêm a verdade, a inteligência e o sentimento da época, com suas bandeiras morais de movimentos como o feminismo e todas as suas implicações.
Progressistas lulo-petistas, boquiabertos, não conseguem entender como surgiu no país a horda dos homens e mulheres com "valores medievais".
Sem entender esses “adversários” os lulo-petistas não terão como viver o “amor” proclamado, não espancarão o ódio atribuído aos bolsonaristas.
Não me venham como respostas simplistas: “é o preconceito; é o atraso cultural dos que desejam voltar à Idade das Trevas, é o fanatismo religioso, etc”.
Conheço muitos eleitores do Bolsonaro que nem são atrasados, nem desejam voltar à Idade das Trevas e não são fanáticos religiosos.
Tudo isso pode estar presente, mas não explica e nem é tão relevante assim para se saber o porquê dos 58 milhões de votos.
Aos bolsonaristas as perguntas são outras: qual a razão para a chuva de votos do PT no Nordeste brasileiro? Nem me digam que o PT “comprava” os votos com cestas básicas. O Bolsonaro derramou tufos de dinheiro em auxílios. Contratem sociólogos e antropólogos e estudem o caso. Por que o discurso conservador-bolsonarista não cola ali?
A linguagem da esquerda está mais próxima dos afligidos pela fome e o esquecimento? Então me digam os evangélicos: por que optam por uma corrente (a conservadora) que está mais preocupada com valores morais e crescimento econômico que nem de longe comovem os pobres? Cristo não estaria comprometido com as necessidades dos órfãos, viúvas, desempregados? Cristo não daria razão ao Padre Júlio Lancelloti ou ao teólogo Walter Rauschenbusch (católicos e protestantes)?
Digam os protestantes presbiterianos: será que Rubem Alves não teria uma certa razão?
Respondam ainda: os jejuns, os cultos, as orações, as passeatas lideradas pelo Malafaia, não foram considerados por Deus?
Há muitas outras perguntas, mas há um conselho: abram os olhos e os ouvidos para os outros. Aquele 50% que discordou de você na eleição.
Se você é Lulinha “pace et amore” prove agora. Abra sua atenção para os 58 milhões de conservadores. Fume o “cachimbo da paz” que não soltará fumaça se não houver compreensão e respeito pelos valores conservadores.
O discurso dos ativistas de esquerda que procuram esmagar os valores morais dos conservadores tem que ser reavaliado, a não ser que não se queira governar para os brasileiros, excluindo os 58 milhões conservadores.
É importante também saber que, apesar de Lula e Bolsonaro serem lideranças catalizadoras, os valores dos quase 120 milhões de eleitores devem ser considerados, sob pena de prorrogarmos a divisão e torná-la intransponível.
E nem imaginem os lulo-petistas que é possível dar uma banana para o outro lado e sair governando como se metade do país não existisse. Aliás, exatamente o que fizeram os bolsonaristas que, diariamente, mandavam os que têm pensamentos mais à esquerda para a Venezuela e coisa que o valha. Ao que parece, 50,90% do eleitorado brasileiro gostaria mesmo ou nem ligaria para isso, ser uma Venezuela. E agora? Os lulo-petistas vão dizer aos bolsonaristas que partam do país para onde?
Finalmente, faço uma pergunta para ambos, lulo-petistas e bolsonaristas: Até quando se pretende manter a política do nós e eles, nordeste e sul, pretos e brancos, pobres e ricos, honestos e desonestos, inteligentes e burros? Até quando essa dinâmica da retroalimentação dos defeitos, podres e escândalos um do outro vai ser mote de campanha? Até quando vamos esperar para discutir o Brasil, os projetos sobre educação, saúde, segurança, meio-ambiente, etc.?
Sonho com o dia em que uma eleição presidencial no nosso país não se pareça com os clássicos de futebol, Fla-Flu da vida: O famoso Con-Pro: Clube de Regatas Conservador e o Progressista Futebol Clube, com suas torcidas organizadas, engalanadas com bandeiras, adesivos, bottons e buzinas, a serviço de técnicos e jogadores que ganham tufos de dinheiro tornando-se ídolos de torcedores que, a rigor, têm o único direito de pagar ingresso, brigar na saída do jogo e perder amizades.
Meu sentimento sobre 2022? O Brasil foi derrotado, não importando quem fosse o vencedor. Fomos derrotados por nós mesmos. Fomos derrotados por aquilo pelo que tanto lutamos: votar para presidente.