Voto no Brasil

Analistas têm afirmado que cinco nações do mundo estão credenciadas para serem lideranças, pela grandeza de seu território, tamanho da população, valor do PIB, abundância de recursos naturais e solos cultiváveis. São eles EUA, China, Rússia, Índia e Brasil. Outros analistas alertam que faltam ao Brasil outros atributos, imprescindíveis para que a previsão de liderança se concretize: educação sólida e estabilidade democrática. Diz-se que a crise na educação do país não é uma crise, é um projeto. E que a deseducação serve justamente para solapar a democracia; seguimos uma sucessão de golpes que depõem governos eleitos e nacionalistas, e entronizam governos fantoches das nações que já mandam no mundo, sob a vênia de uma população indiferente, incapaz de discernir.

Enquanto uma jovem e conturbada democracia, ainda estamos aprendendo a votar. O voto é ferrenhamente disputado, muitas vezes por vias enganosas. Os candidatos são apresentados ao eleitor como um produto comercial, do qual exaltam-se supostas qualidades e escondem-se defeitos. Amiúde os candidatos dedicam-se quase que exclusivamente a desqualificar os adversários, com acusações que não precisam ser verdadeiras, só precisam ser arrasadoras. A verdade cedeu lugar à mentira, é preciso que seja restaurada.

Diante disso, como deveria ser o voto para o Brasil fazer jus à previsão de tornar-se uma grande nação? Talvez o primeiro passo seja mesmo acabar com a miséria e melhorar a educação. Se o país é rico, a riqueza deve ser melhor distribuída. Somos um dos campeões da desigualdade econômica e social do mundo, isso precisa mudar. E o ensino tem que formar profissionais competentes e responsáveis, bons educadores, pesquisadores, cientistas, pensadores e artistas. É preciso formar cidadãos que saibam fazer e pensar, e não só fazer. É pensando que evoluímos, que prosperamos.

O bom voto seria pela soberania. Na década de 1960 Celso Furtado já preconizava um desenvolvimento econômico voltado para atender primeiro a grande população do país. Um mercado interno forte pode estabilizar a economia, livrando-a das crises e especulações internacionais. Ao mesmo tempo, agregar valor ao que produzimos para exportação: exportar produtos valorizados, e não matérias primas brutas e baratas.

O bom voto seria pela liberdade, pela civilidade, pela justiça e pela tolerância com o diverso. Liberdade de expressão, de ideologia, de religião, de opção sexual. Civilidade e justiça significam o reconhecimento que a liberdade do indivíduo termina onde começa a do outro. Isto quer dizer respeito com o diverso, respeito com valores universais como a verdade, a liberdade, a solidariedade, a urbanidade, a amorosidade.

O bom voto seria pela paz. A violência, a beligerância, é o recurso dos que não toleram a diferença. Só se deve ser intolerante com a intolerância. A paz ajudaria a promover a inclusão social, afastaria a insegurança.

Enfim, que o voto no Brasil seja na esperança de um futuro de luz, paz e alegria.