TEMPOS PERIGOSOS

 

Estamos vivendo tempos perigosos. Lembra aqueles vividos pela Inglaterra na primeira metade do século XVII com a guerra civil travada entre o Rei e o Parlamento, motivada principalmente por questões religiosas. A uma semana da eleição para escolher quem comandará nosso país pelos próximos quatro anos, não sabemos qual a opção que o  povo escolherá. A campanha, até agora, diferente de tudo que já assistimos nessa matéria, tem sido muito virulenta em termos de noticias falsas, ataques pessoais e incitações à violência. Nada indica que, terminada as apurações, um clima mais salubre venha a ser instalado no país para que o vencedor possa governar em paz.

A impressão que se tem, olhando tudo com olhos imparciais, é a de que estamos entre o fogo e a frigideira. De um lado uma facção luta pela vitória de um candidato acusado de corrupção e saque aos cofres públicos; de outro o grupo que se compromete a tudo fazer para que um autocrata com sinais de psicopatia continue a governar o país com a fúria de um Cromwel.

Certo que não temos um rei para decapitar ou um papa a quem dirigir todas as nossas invectivas. Mas numa situação como essa não faltam alvos a quem lançar nossas setas de ódio. O episódio do alucinado ex-deputado Roberto Jefferson não é um caso isolado. O clima para tais comportamentos aberrantes têm sido plantado desde que o Ministro Fachin anulou o processo contra o Lula e permitiu que ele voltasse à cena política. Um processo, aliás, que já havia sido julgado em todas as instâncias sem ter sido encontrado nele nenhum vicio que o maculasse. De um lado e de outro os atores se esforçam para tornar o terreno cada vez mais perigoso e é isso o que mais preocupa.

Num quadro tão insalubre como esse, que segurança terá o ganhador da eleição para governar? Como se comportarão os raivosos petistas se Bolsonaro vencer? Se for Lula, os virulentos bolsonaristas permitirão que ele assuma e governe em paz, ou tentarão fazer o mesmo que os enfurecidos trumpistas fizeram para impedir a posse de Joe Biden? 

A campanha dos dois presidenciáveis tem sido um verdadeiro festival de horrores. Nenhum programa propositivo foi apresentado por qualquer um deles para que a população - pelo menos aquela parte dos eleitores que está preocupada com o futuro do país e não apenas com a vitória do seu candidato- consiga fazer um juízo sério do que está sendo proposto e possa votar com verdadeira convicção. O que cada um dos candidatos quer é descontruir a imagem do outro. Nesse verdadeiro hospício que se tornou a nossa política, estamos precisando de alguém que promova uma “Revolução Gloriosa”, ou seja, algo semelhante ao que foi feito na Inglaterra para acabar com a Guerra entre o Rei e o Parlamento. Mas nessa balbúrdia toda quem seria nosso príncipe Guilherme? Parece que todo mundo enlouqueceu...