Polícia investiga células nazistas responsáveis por ataques no RS
Grupos e integrantes foram apontados em dossiê elaborado por ex-policial. Adeptos incluem até mesmo uma banda de rock que faz apologia durante os shows, e que combinam ações e reuniões pela "deep web" e redes sociais regulamentadas
Tainá Andrade
postado em 20/10/2022
(crédito: Reprodução/Redes sociais)
A Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) do Rio Grande do Sul, que apura as ofensas racistas dirigidas ao cantor Seu Jorge, no último dia 14, apura uma rede de grupos nazistas que atuam no estado e estariam se articulando para ações violentas. A busca e identificação dos integrantes tem como ponto de partido um dossiê elaborado pelo recém-eleito deputado estadual e ex-policial civil Leonel Radde (PT-RS). Os policiais vêm monitorando fóruns, perfis fechados e grupos na internet há várias semanas.
Segundo a delegada Andrea Mattos, que conduz o caso, pelo menos cinco páginas de Facebook, um fórum na "deep web" — páginas digitais que não possuem protocolos de rede tradicionais e, por isso, não são facilmente encontradas por buscadores —, grupos no Telegram e no Discord — aplicativo de voz direcionado ao público gamer — estão sendo acompanhados de perto.
"Cerca de 15 pessoas estão sendo monitoradas. Essas discussões são travadas em ambientes digitais. Muita gente que faz parte desses grupos são pessoas que têm uma vida aparentemente normal, não levantam grandes suspeitas, têm empregos, frequentam diversos locais públicos. Nosso dever é fazer um acompanhamento para agir no momento certo", explicou a delegada.
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Uma banda de rock gaúcha, cujo nome a delegada mantém em sigilo para não atrapalhar as investigações e que faz parte do dossiê, está na mira dos investigadores há mais de um ano. Nas apresentações, o grupo faz apologia do nazismo.
"Tem pessoas que fazem parte da banda de rock e nos shows acabam propagando (o nazismo). Em uma das vezes que tentamos dar um flagrante, o show foi cancelado antes de acontecer", observou, dando a entender que os integrantes da banda tinham sido avisados.
Os primeiros indiciamentos e prisões, porém, já aconteceram — entre setembro e outubro foram quatro pessoas indiciadas e duas presas. "São outras denúncias, mas estão interligadas com o que apuramos", explicou